dezembro 30, 2010

Inventário 2010 - o Lado Luminoso

Reli o que escrevi ontem. “ Anda lá IdoMind Maria, devem ter acontecido coisas boas, afinal foram muitos dias, muita gente a entrar e a sair, muitos sítios por onde andaste. Não paraste. Lembra-te lá da parte que te fez rir. Que te pôs a sonhar. Do que, nem que tenha sido por segundos, restaurou a tua fé na bondade dos homens e num futuro radioso para todos. Tu consegues. ”
De facto, e depois de exorcizar os defuntos, observo de pé o campo de batalha e a luta teve as suas tréguas.

Pegadas que ficam deste ano
É lamechas, eu sei, mas em 2010 senti a força da Amizade. O que é ser Amigo e ter Amigos. Saber que se estendermos a mão haverá alguém para a segurar pode ser o bastante para conseguirmos continuar. Mesmo que nunca estendamos a mão. Menção especial ao rei-pescador que me mostrou que na nossa casa cabem tantos quantos o nosso coração pode albergar. Obrigado.

Frases que deixam eco:
  1. “Somos bastante mais felizes com dinheiro do que com Amor” – frase de um caranguejo. Ao que o mundo chegou!
  2.  "Há borlas que nos saem muito caras” – frase de um homem experiente.
  3. “O inferno é aqui. Eu podia estar a experimenta-lo vivendo a morte do meu filho como a coisa mais horrível que me aconteceu. Escolho aceitar que foi a escolha dele, que fez sentido no caminho dele.” – frase de quem sabe ao que veio.
  4. “Há dias em que tudo o que me apetece é ser uma pessoa desaparecida”- frase de uma contabilista… casada.
  5. “Em tudo o que disseres procura sem simples e clara. Certifica-te que te entenderam. Uma comunicação transparente é a porta para uma existência mais pacífica.” – esta é minha, também tenho os meus momentos.
  6.  "Um homem sem expectativas é um homem livre.” – frase proferida após a venda judicial, para pagamento às finanças, de TODOS os bens da empresa e pessoais (inclusivamente da casa onde morava a família 
  7. E por fim, na noite de Natal “ A base disto tudo é uma boa alimentação.” – autoria do grande Sr. Borges…
Tive revelações arrebatadoras
  1. Nada do que precisamos nos falta.
  2. Ainda assim, não custa pedir.
  3. É importante pensar bem. Imaginar o amanhã. 
  4. E depois fazer alguma coisa, os sonhos constroem-se de acções
  5. A palavra é a nossa espada. O seu manejo exige responsabilidade.
  6. Tudo volta. Viver melhor só depende de vivermos conscientes do que enviamos.
  7. Sem Amor não Somos, vamos sendo...
Fiz coisas más das quais não me arrependo:

  1. Recusei ajuda num projecto em que não acreditava. Nem tudo o que é causa social é uma causa totalmente desinteressada.
  2.  Promovi o despedimento de algumas pessoas. E fiz muito bem.
  3.  Deixei de ir à Missa (e depois despedi as pessoas...)
  4. Perguntaram-me “ acha que sou má-pessoa?” e eu respondi a verdade. Mas disse que nada na vida é definitivo.
  5. Tive inveja da minha vizinha de 300kg e do seu infatigável namorado de 60kg. Mas estava fragilizada nesse dia. “ Ai, ai que é tão bom” às 3 da manhã faria qualquer um cometer este pecado mortal!
  6. Menti para que fosse feita justiça. E lá vão dois pecados mortais…
  7. Last but not the least, fiz amor com alguém com quem moralmente não devia. Esta foi mesmo muito má. Aquilo do estar fragilizado não pega pois não? E eu que pensava que só acontecia aos outros…

(Urgente: em 2011 voltar á Missa!)

Estou bem contente por ter decidido escrever isto. Ainda me ri sozinha a lembrar-me destes momentos. O Best of da IdoMind…
E no fundo é isso que conta – sairmos melhor até do pior.
E só por isso 2010 acaba com saldo positivo.
A todos, um bom balanço…
IdoMind
about moving on

dezembro 29, 2010

Foi um conjunto esquisito de 365 dias


Com alguma surpresa, e nem sempre de forma muito encantadora, descobri que sou bastante mais forte do que a minha fraca figura faz adivinhar. Senti, a arder na pele, o significado da palavra humanidade. Percebi-me Mulher. Com todas as implicações. E complicações. Os dias passavam e quem eu achava que era, padeceu, erro a erro, às mãos de quem me fui fazendo. Esperneei até ao fim. Estava tão acostumada a mim…
Só tornei tudo mais difícil. Perdas, perdas e mais perdas. Assim que pensava “ bom, não pode ficar pior…” rapidamente me mostravam que estava enganada. Pode sempre ficar pior.
Não sou bonita. Particularmente interessante ou detentora de um corpinho-calendário. Mas sou inteligente. Não esperta. Inteligente. Todos os anos entre as melhores alunas da turma. Porque aprendo à primeira. Porque me adapto. Porque correspondo. Nunca importou muito questionar, o importante era cumprir.
Tentei usar o mesmo padrão, mas 2010 não me deixou.
Tive de aprender uma coisa nova - a fazer perguntas. E desta vez não foi à primeira, nem à segunda, nem à terceira. Finalmente lá alcancei que as perguntas são como as respostas, há as certas e as erradas. Eu não estava a fazer as perguntas certas.
Quando começou a doer, entendi que tinha chegado lá. Eram aquelas. Como picadas de abelha a ferrar-me a alma.
Foi preciso deixar de fazer sentido pedir para que tudo ficasse igual. Foi preciso que a solidão deixasse de ser tão doce companhia. Foram precisas noites frias e apenas uma almofada. Problemas muito mais altos que eu. Com bocas enormes prontas a mastigar-me. Foi preciso desesperar como os mudos desesperam. Foi precisa a Espera.

Até que fiz A pergunta: o que é que quero.

Quando não sabemos o que queremos a Vida faz-nos experimentar um pouco de tudo. Não é por maldade ou que tenha um qualquer sentido de humor distorcido. Trata-se de respeito. Temos de ser nós a dizer-lhe como nos sabe melhor andar por cá. O que nos põe a brilhar. Até lá provamos o amargo que fica depois da digestão do que o nosso estômago não tolera bem. Conhecemos o medo. Aquele a sério, que vem sem a esperança. Fazemos asneiras. Tantas Meu Deus. E às vezes até temos vergonha de nós…
O ano que se despede levou-me ao meu Abismo. Ainda bem. Virar a cabeça para o lado e fingir que não está lá, já não resulta. Este é o tempo da Verdade. Se foi fácil olhar nos olhos da minha? Não. Tive de me ver morrer.
Quem virá depois disto ainda não sei. Seja quem for será mais Verdadeira…


IdoMind
about going to Hell to see how beautiful Heaven is

novembro 18, 2010

Para ser notado, sê do contra

Será que há pessoas perfeitas? Deve de haver. Só assim consigo entender a voracidade de algumas críticas ao comportamento alheio. Só pessoas perfeitas já perderam o tempo suficiente consigo para perder tempo com os outros. Já tiraram as lascas dos olhos e por isso vêm os enormes galhos que pendem das outras vistas. As pessoas perfeitas vêm melhor, pensam melhor e andam bem mais depressa. Devem andar, porque sempre estão à frente de toda a gente.

As pessoas perfeitas podem, com a legitimidade de quem sabe o que vai no coração do lado, julgar o que é bom e o que é mau. Determinar o que é fútil e o que é importante. Prescrever formas de estar e de agir. Exigir que concordemos com elas. Afinal são perfeitas…
Por enquanto ainda ando meio ocupada a entender-me. Continuo a seguir as raízes da minha árvore, a ver onde me levam. De onde venho. Quando a razão falha em explicar algumas dores talvez não haja nenhuma razão, apenas um esquecimento. São muito longas algumas histórias e às vezes, a meio, não nos lembramos de como começou. Da personagem irritante que nos consegue tirar do sério. Nos piores dias! Ou da outra cujas palavras magoam muito mais que todas as outras. E deixam eco. Da que sabe fazer-nos rir. Dos heróis que persistem ao nosso lado. Ombro a ombro, capítulo a capítulo…

Eu não sou uma pessoa perfeita. Ainda oiço mais do que falo. As perguntas excedem em muito as respostas. Sou aluna. Atenta, mas aluna. Ainda não sei tudo sobre todas as coisas e confio em quem sabe um pouco sobre algumas. Ainda só dou opiniões quando me são pedidas. Ainda admito poder enganar-me. Não ser a portadora da verdade. Ainda permito a liberdade de pensamento. A liberdade de sentimento. A liberdade de cada um Ser. Sem julgar que Eu Sou melhor.
Porque sou imperfeita…
IdoMind
about respect

novembro 16, 2010

IdoMind Maria, IdoMind Maria....


Gosto de mim exausta. De braços caídos e coração despejado dos medos que me confinam ao tamanho mais pequeno que tenho. Gosto de mim quando nada importa. Nada incomoda. Nada preocupa. Quando o futuro é este instante em que, sem saber, estou a entregar. Conseguisse eu ter a força para deixar de ser forte quando basta ser humilde para aceitar que parte da Vida é feita de espera. E de esperança.

A Spontaneous Revolution de Elle Moss



Gosto de mim vazia. Do que foi e do que é. Limpa das marcas que desenharam os limites do meu mapa. E passo as linhas invisíveis deixadas pelas duras lições aprendidas de gatas, cansada demais para me impedir de dar novos passos numa direcção que não conheço. Talvez vá sendo tempo de deixar de ser salmão e permitir-me ir na corrente. O Caminho pode ser árduo mas não é injusto. O meu é paciente. Tem de aguardar que eu me esgote para poder pegar -me ao colo e levar-me à boleia. Gosto de mim conduzida pelo meu Caminho. Sem fugir. Nem fingir.
Quando sou capaz de dizer “vem”. Abrir a porta descalça e receber com um sorriso as mãos que trazem a chave da etapa que se segue. Gosto de mim vencida a acolher as bênçãos disfarçadas de escolhas difíceis. Percebendo que apenas o arrependimento não tem remédio. E então se de vez em quando eu não for exemplar? Se só pensar em mim? Se não quiser saber da conta-corrente agrafada a cada gesto? E então se de vez em quando me apetecer ser mulher? De luas, apetites e fragilidades. De dúvidas…

Custa morrer. Enterrar aquele bocado de nós onde ancorámos todo o resto. É como se tivéssemos esquecido a nossa língua ou acordássemos numa rua que não a nossa. Sem a padaria do outro lado da estrada, o multibanco na esquina ou o estacionamento ao pé da farmácia onde temos sempre lugar. Fica tudo um pouco esquisito. Fora do sítio. E precisamos de tempo para nos habituarmos ao que mudou. A nós, que também já não somos os mesmos. 
Eu não sou a mesma. Ainda bem. Cheguei aqui para compreender que vou chegar mais além. Para lá da certeza que me conheço porque sou obra inacabada.
Gosto tanto de mim a gostar de andar por cá..


IdoMind
about not knowing  what the hell I´m doing and still be cool about it

novembro 11, 2010

Se soubesses

Muda a forma como me olhas. Experimenta ver-me como nunca me viste. Adivinha-me. Talvez eu seja diferente do que julgas. Talvez não tenhas nada a temer. Nada de que te defender. Nada a invejar.
Não sabes como me deito. Nem como me levanto. 
Que angústias, mágoas e pedradas me acertaram no coração. Os buracos que abriram. Não sabes em que penso quando estou sozinha. Que rezo quando tenho medo de não conseguir. Sim, também tenho medo de não conseguir. E sim, também não gosto todos os dias de mim. Nem de ninguém, porque nada faz muito sentido num mundo onde se calcam almas para outras ficarem mais altas. 
Ainda que quisesses, nesses dias, não me encontrarias na escuridão em que  encolho. O meu escuro é muito escuro. Não sabes as voltas que tenho de me dar para sair de lá. Para me despregar do chão, compreendendo que prostrada tudo me parece maior do que é.

Não queiras ser eu. Nem como eu. Terias de ter perdido tanto... Sangrado um bocado. Duvidado de Deus. Do Bem. Do Amor. Terias de ter vergonha de ti por teres desistido. Por não teres tentado. Por seres cobarde. Terias de ter carregado muitas culpas. Chorado muitas noites, pedindo, no intervalo da dor, um novo começo. Não te desejo nada disso.

Também tu és o resumo da estrada que te trouxe até aqui. Foi assim tão fácil que lhe dês tão pouco valor? Foi assim tão leve que prefiras pisar a do lado? Ou foi tão dura que queiras trocá-la por outra qualquer? 
Não presumas que algum caminho é melhor que o teu. Mais suave de fazer. Não chames sobre ti a sombra, por veres o sol brilhar mais intensamente em alguns jardins enquanto noutros apenas chove. Isso é só o que parece. Tudo sob este céu tem a sua porção de luz e de trevas. Eu também… 

Não te consumas com as minhas escolhas. Medita nas tuas. E deseja-me sorte. Alegria. Amigos que são Irmãos. Saúde para continuar. Motivos para agradecer. Deseja-me o tal príncipe. De sorriso branco e a galope direitinho aos meus braços. Imagina-me muito muito feliz a comemorar a Vida. Sabes porquê? Por ti. 
Porque o amor cria o amor e a generosidade gera generosidade. Porque o que deres, receberás. 
Está é a Lei. Esta é a dádiva. Desejo que a saibas usar e seja abundante a tua ceifa.
IdoMind
About who don´t

novembro 04, 2010

Cortar ou Colar?

É verdade, estou com dúvidas. Daquele género que não costumo ter. Procuro usar de transparência e honestidade em todos os relacionamentos que estabeleço, pessoais e profissionais. Digo apenas o que penso. Faço apenas o que tenho vontade ou sei que devo fazer porque fico melhor se o fizer, mesmo que a vontade não seja muita. De uma maneira geral quem me conhece sabe e conta com a minha frontalidade. Nem sempre sou muito simpática mas tento ser construtiva. Em nada que digo pretendo magoar ou atingir voluntariamente as susceptibilidade de quem quer que seja, mas não me coíbo de manifestar o meu desacordo,  a minha reprovação e às vezes, com quem gosto muito, a minha tristeza.

Empenhada em levar a vida da forma mais leve que puder, distribuo a minha boa disposição, a minha amizade e o meu amor por onde passo. Com quem estou. Porém se tiver de dar um berro, não é por acreditar nos astros, que o berro fica por dar. Dou mesmo. Se tiver de dizer que não, digo sem ficar muito preocupada com a forma como o meu não vai ser ouvido. Se alguém fez um bonito serviço, sou a primeira a constatar: “bonito serviço hã?”. Uma vez que não sou por natureza impulsiva, os meus actos, assim como as minhas palavras são fruto de maturada ponderação e reflectem realmente o que sinto e o que penso. Nessa medida considero-me imparcial e objectiva. Falho muitas vezes, não tenho duvidas. Conto então com a frontalidade dos outros para me aperfeiçoar. Isto não é conversa da treta ou um conjunto de frases catitas para encher um post. É mesmo assim que é.

Porque não sou perfeita lido muito bem com as imperfeições alheias. Se as pessoas são importantes para mim aprendo a aceitá-las com esses “ defeitos” falando deles com naturalidade,  se em conversa surgir, que essa forma de estar e ser talvez não seja a melhor para a própria pessoa . Se não são importantes para mim simplesmente reduzo o meu contacto ao mínimo com tais pessoas e vivo bem com isso, reconhecendo que não tenho pinta de Madre Teresa e não tenho de gostar de toda a gente. Não perco grande tempo a pensar nas pessoas que não me dizem nada. Ou que deixaram de dizer.

Faz agora um ano que uma amiga, mesmo amiga, se portou menos bem comigo. Na altura falei com ela. Com muita dor, com muita consciência. Em momento algum lhe apontei o dedo ou a acusei do que quer que fosse. Disse-lhe tão só que bastaria ter dito a verdade. E bastaria. Ela sabia. A confiança foi-se. Amizade sem confiança não é amizade. Pelo menos para mim. E nestas circunstâncias não vale a pena. Ficámos assim. Passámos a cumprimentarmo-nos apenas com a educação que se espera das pessoas adultas e pronto.

Estive afastada por alguns meses e o sofrimento causado pela perda de alguém que me era tão querido assumiu contornos de uma memória distante que recordamos com lamento mas sem qualquer peso no coração. Demoro a abandonar as coisas, mas quando deixo é mesmo de vez e não volto a chapinhar no assunto.

Foi então que uma coisa estranha e, para mim, inédita, começou a acontecer. Ela passou a irritar-me. A voz dela, o risinho parvo que eu nem ouvia, agora parecem amplificados por um megafone invisível. Vejo-a e sinto alguma repulsa. Preferia não a ver.
Ora, nunca tive este tipo de sentimentos por ninguém. Nunca. Como disse, processo e resolvo. O assunto morre juntamente com a pessoa e eu sigo. Está a incomodar-me sentir isto por ela. É inevitável que nos cruzemos. Ela conhece-me bem e já percebeu que agradeço que nem sequer me diga olá. Sou muito expressiva… Mas isto está a ser a pedra no sapato que me impede de andar confortável.
Será que não está resolvido? Terei eu ainda alguma coisa a ver nisto? Não acredito no perdão portanto sei que não se trata de a desculpar ou não. Um ano depois até tenho a agradecer-lhe.
Sei é que não gosto nada destes sentimentos. Sei que em condições normais não estaria a sentir nada. Sei que não me apetece andar a arranjar carma. O que eu não sei é o que fazer…
IdoMind
about being a nice person 

outubro 26, 2010

Pesos

Estou aqui há um bom bocado. Já escrevi cinco ou seis linhas por cinco ou seis vezes. Apaguei tudo. As palavras não chegam. Já senti isto antes. Querer dizer o que descobri não ter linguagem. É uma coisa qualquer que se passa dentro de nós sem que a consigamos explicar. Sentimos só. Está lá, a trabalhar no silêncio. A roer as estruturas da pessoa que fomos aprendendo a chamar eu.


Vem devagar, disfarçada de insatisfação. Rouba-nos aos poucos todos os esconderijos onde, refugiados da Voz que chama por nós, vamos fingindo uma paz que há muito nos declarou guerra. Vamos-nos convencendo que é por bondade, piedade e até amor que nos aprisionamos a decisões sem sentido. Sem sabor. Desprovidas de outro sentimento senão mágoa pelo sacrifico que ninguém parece reconhecer  e rasgos de raiva nos dias em que o peso nas asas dói mais um bocadinho.


E sabemos que aquele não é já o nosso lugar. Todos sabemos quando os lugares deixam de ser nossos. Ou para nós. Basta perceber que estamos piores… em tantas coisas. A impaciência pronta a disparar a mais uma pergunta estúpida. Quando estamos piores todas as perguntas nos parecem estúpidas. O cansaço sufoca a tolerância. Também ficamos mais cansados mais depressa.  De tudo. O querer desligar o telefone que nem sequer tínhamos vontade de atender. Responder à pressa e por favor porque na verdade não há nada a dizer e muito pouco que se queira ouvir. Estamos piores quando sabemos de olhos fechados as respostas que devem ser dadas. E o diálogo se converte na soma pobre de dois monólogos.
Nos lugares a que já não pertencemos passamos a agir como visitas. Estamos ali mas pertencemos lá.

Somos pássaros, a ver da gaiola, o sol a por-se mais uma vez. A noite vem e as grades apertam. Resta-nos imaginar… Que voamos. Que provamos. Que cantamos. Que vamos. Não importa onde. O destino é um detalhe. O que conta é cruzar os céus e descobrir uma migalha escondida em cada nuvem. E imaginamo-nos a planar no imenso azul, perdidos num tempo e num espaço da outra vida que não vivemos. Estamos piores quando imaginamos muito e voamos pouco.
Quando a nossa liberdade é hipotecada pela segurança de ser igual a todos os outros.

E o medo de abrir a porta e partir é baptizado de responsabilidade. Afinal construíram-se coisas, criaram-se laços, assumiram-se compromissos. Dependências.
Que seria do mundo se quebrássemos os laços sempre que estes se tornam nós? Apertados e complexos. Que nos magoam os pulsos e estrangulam o coração. Pode ser que volte a ser como antes…Que as fendas que estalaram sejam reparáveis. Esqueciveis. Pode ser que volte a ser bonito. Inocente. Verdadeiro.
O dia passa e o sol, de novo, se põe. Pode ser que amanhã seja diferente.

IdoMind
about getting myself together real soon

setembro 30, 2010

Liberdade





- Liberdade, que estais no céu... 
Rezava o padre-nosso que sabia, 
A pedir-te, humildemente, 
O pio de cada dia. 
Mas a tua bondade omnipotente 
Nem me ouvia. 
— Liberdade, que estais na terra... 
E a minha voz crescia 
De emoção. 
Mas um silêncio triste sepultava 
A fé que ressumava 
Da oração. 
Até que um dia, corajosamente, 
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado, 
Saborear, enfim, 
O pão da minha fome. 
— Liberdade, que estais em mim, 
Santificado seja o vosso nome.    


Miguel Torga, in 'Diário XII'
Porque é a única que alguma vez poderemos alcançar...

IdoMind
about fresh starts

setembro 29, 2010

Sou muito nova para isto

“Deve ser assim que as pessoas morrem afogadas perto da margem – de cansaço. De tanto esbracejar para se manterem à tona. São anos a esbracejar. A espernear. A Abraçar. A falar. Já não aguento mais. Acredita se lhe disser que nem força tenho para me zangar? De repente já não há zanga. Não há nada.”
E continuou. Percebi que estava a falar para ela própria e quando falamos alto para nos ouvir-nos não devemos ser interrompidos. Não a interrompi.

“Sabe, aproveitei para tirar a manhã e vim a pé. Passei por ali, junto à praia do Algodio. Gosto da Ericeira quando o tempo arrefece e todos vão embora. Era isso que no fundo eu gostava, que fossem todos embora. Nem que fosse só por uns tempos. Talvez o tempo que fosse preciso para eu sentir qualquer coisa. Saudades ou alívio. Qualquer coisa que me fizesse perceber como é que estou bem. Em paz. Ocorreu-me que a minha vida seria melhor sem dependências. Sem vínculos. Olho para mim e vejo fios por todos os lados. Todos os movimentos estão condicionados pelos fios que teci e que deixei que me enredassem. Sinto-me enredada. E sinto-me mal por me sentir assim. Afinal é a minha teia”

Sorri. Ambas percebemos que ser mulher é nunca parar de sentir. E ambas percebemos que quando deixa de haver festa no nosso coração, a cabeça vem pôr a casa em ordem. Ou pelo menos tentar.

“Hoje em dia tornou-se comum pensar em nós primeiro. Eu ainda sou do tempo em que o sentido de responsabilidade calava os pequenos desejos que vêm e vão em determinadas alturas da nossa vida. Que o bem-estar do outros era importante. Eu ainda sou do tempo dos compromissos…”
A cabeça estava a fazer um bom trabalho. Ao lembrar-se de todos os motivos honrosos que a levavam a manter-se enredada, a infelicidade tornava-se mais tolerável.
Olhou para mim. De repente tinha sete anos e estava a pedir a um adulto que lhe ensinasse o que é bom e o que é mau. Quase a ouvi a dizer “ por favor diga que isto vai passar, que é normal ter dúvidas, que a vida é feita de altos e baixos ou qualquer outra daquelas frases feitas, que acalme este motim no meu peito. Diga-me que uma boa pessoa abdica de si pelos outros”.

“ Somos todos do tempo do medo.” - foi a resposta que consegui dar-lhe porque é a resposta em que acredito.
“ Por temermos tanto a perda acabamos por nos perder. E muitas vezes afastamos-nos tanto, tanto, tanto de nós que nunca mais conseguimos voltar.
Não tenho nenhuma fórmula secreta infalível para fazer sempre as escolhas certas e o que posso partilhar consigo é que todas as suas decisões sejam reflexo da sua mais profunda verdade. Seja honesta consigo e nada poderá ser perdido. Nem nada deverá ser temido…
E se tiver de esperar que as nuvens se afastem para ver melhor o horizonte, espere. E se tiver de pedir a todos que vão embora para se sentir, para se perceber, peça. Por si e por eles.
Onde há amor há compreensão. Sempre…”

E foi assim que começou o meu dia de trabalho. Esta semana vai longa!
IdoMind
About ...whatever...

setembro 15, 2010

Dar

As cordas caíram de velhas e agora já posso chegar lá, onde o meu calor é preciso. Dar o colo que afasta as nuvens negras estacionadas na cabeça. Trazer-lhe o bom tempo, soprando a tempestade com uma gargalhada, porque o único Inverno que existe é o que inventamos para nós. Tirar do bolso um punhado de pensamentos radiosos, iguais à luz escondida em tudo que é, os que iluminam o próximo passo. E todas as etapas menos claras.
 

Este mimo guardado que deixa o cheiro a esperança no capítulo seguinte. Num desfecho que não poderíamos imaginar melhor. Rompe agora livre dos medos que o mantinham escravo. Enquanto houver Homens haverá sempre Horas diferentes. É preciso aceitar a velocidade de cada um, sem questionar o amor que respira a outra cadência. Que ainda dorme, esperando, quem sabe, o carinho que o acorde. Há amores que temos de ir acertando até que se vejam como são – um número pintado no mesmo relógio a olhar para o ponteiro que lá vem, quase quase a chegar…

Que bom dar beijos! Encostar os lábios, e sem falar, dizer o que pede para ser dito. Juntamente com as mãos, algumas palavras também andaram reféns da imagem oca a que nos atracámos. Como se fosse falta de educação dizer “ Adoro-te” ou ofensivo confessar que o mundo é um sítio muito mais bonito desde a tarde em que se partilhou a mesma secretária na Biblioteca Nacional. Há sentimentos que são grandes que deixam de caber dentro de nós. Vertem.


Desde que dou beijos com as mãos soltas, tornei-me mãe de muitos obrigados, desculpa e gosto tanto de tis. Não nos diminui sentir. O que nos reduz é ocultá-lo. Fingir que não foi nada e correr para a casa de banho apanhar os cacos de uma auto-estima estilhaçada. Ignorar quem tem sempre tempo para nós sem nunca arranjar um minuto para lhe perguntar – “como tens passado?”. Olhos nos olhos, porque é um ser humano que está à nossa frente.
 

Tratamos tão mal quem nos quer mais bem. Pode ser que um dia alguém explique esta tendência de distribuir sorrisos na rua e pedradas em casa… Não é por nos conhecerem melhor que têm de desculpar tudo. Não é por saberem que “somos assim” que ganhamos o direito de não tentar ser de outra maneira. Não é porque nos amam que suportam melhor a nossa falta de amor. Ou de respeito…É ao contrário. É por isso tudo que lhes dói muito mais.

Eu sou a favor dos braços que me aninham. Dos peitos feitos à minha medida em que me encaixo e caibo tão bem. Daqueles que carregam memórias de uma expedição feita a quatro pernas. A dois corações. Que contam sobre os rigores, algumas alegrias e merecidos  triunfos que foram sendo escritos no mesmo diário da viagem. Há peitos onde pertencemos…

Porque acredito que sou toda a gente, dou a toda a gente aquilo em que acredito - bondade, compreensão e a minha verdade.
Porque prefiro andar levantada, escolho estender a mão em vez de apontar o dedo.
Porque sou responsável por Ti, cresço olhando por Nós…

IdoMind
about this hands of mine

setembro 08, 2010

Decisions Decisions

Já não sei dizer sim ou não como os miúdos dizem. Porque sim ou porque não. Porque querem ou porque não querem. Porque têm tempo ou não têm. Porque lhes apetece mesmo isso ou têm fome de outra coisa. Nãos ou sins rápidos, daqueles que ganham sempre aos “mas”.
Os meus estão assim, precedidos de muitos mas. Pergunto-me se estou a crescer ou só a ficar velha. Cuidadosa. A olhar para o semáforo antes de atravessar a estrada esperando que fique total, inquestionavelmente verde. Bem devagar, porque as correrias podem fazer cair. E magoar. Com a idade tudo fica mais lento, até sarar as mazelas de uma queda. O crescimento ensina-nos isso. A velhice faz-nos temê-lo.
Neste país de ninguém, entre a sabedoria e o medo, nascem as minhas decisões. E os nãos e sins que preferia manter talvezes…até não haver carros, nem gente, nem passeios, nem o perigo de tropeçar, alcançando, ilesa, o outro lado.



“Se viver fosse para ser seguro, serias inquebrável” – diz a sabedoria. “Terias vindo feita de matéria que não deita nem sangue nem lágrimas”. É para doer. É para correr. É para sentir… E continuar. Mais crescida. Nunca só mais velha.
É para lembrar a sorrir da tragédia que foi o primeiro amor não correspondido. O namorado impotente que veio depois e nos fez sentir “comível só em caso de necessidade”. O Natal em que soubemos que o ex-marido era pastor… E abanar a cabeça pensando como eram importantes os detalhes que não tinham importância nenhuma. E outros que foram tão importantes que nos mudaram e nos deram um par de olhos novo. As pessoas às quais pedimos ajuda na definição de quem somos. E como as amaldiçoámos por toda a raiva, desespero e frustração, que nos atiraram para lugares escuros. Bastava ter acendido a luz do respeito por nós. Dizer, com a serenidade que a compreensão sempre traz, que não estamos, naquele momento, capazes de fazer diferente. E assumir as nossas escolhas de pé…

Se viver fosse para ser seguro não haveria Amor.
Pelos pais que têm o dom de espetar as facas onde ferem mais. Pelos irmãos que nos fazem agradecer estarem aqui connosco a partilhar o mesmo sobrenome e um caminho nem sempre relvado. Os filhos que ensinam a dar. Mesmo quando não dão nada. Mesmo quando não merecem receber. O homem de outra que abana as prateleiras de uma moralidade, afinal, não tão bem arrumada.
É porque há Amor que sabemos que estamos vivos. Quanto mais cresço, ou envelheço, mais acredito que ele está na origem e no fim de tudo. E no Meio, onde vamos sendo obrigados a fazer opções. A ir ou a ficar.
Tudo passa. Todos passam. Ficamos nós. Com os frutos da nossa colheita. Gostava plantar um vasto campo de trigo que amadureça e dê semente para o meu pão.  Gostava de me orgulhar do trabalho que fiz. De ter cumprido a missão com mérito. E agradecer com o coração cheio de emoção ter estado cá. 
Alma com pele de mulher a dizer sim ou não como os miúdos.
IdoMind

About Righteousness

setembro 06, 2010

Sempre em frente



Este Verão foi comprido. Muito mais comprido que todos os outros Verões. E esquisito. O passado veio a correr lá de trás e sentou-se ao nosso lado na praia. Toalha com toalha, forçando conversas que tinham ficado esquecidas entre uma noite mal dormida ou outra. Entre uma ferida ou outra. Entre um “ não faz mal”, “paciência” “ou outro.
O passado estendeu-se ao sol connosco e tornou-se presente.

O meu veio aos gritos. Parece que já tinha tentado falar antes, mas o barulho dos meus planos calou-o. Queria dizer-me que sou o que sou por tudo o que já fui. E que é verdade, também sou o que deixei que fizessem de mim. Lembrou-me do silêncio que sempre preferi porque algumas palavras foram, simplesmente, demasiadamente dificeis de ouvir. Foram palavras terremoto que me estremeceram e abriram fendas do tamanho da indiferença com que passei a defender-me. E que esta solidão onde tanto gosto de me perder, tornou-me mais pobre porque não enriqueci nem fiz enriquecer. O passado mostrou-me que a solidão é um vício – satisfaz corroendo por dentro. E afastando-nos do que está fora.


Fiz muito mal os meus enterros. Percebi-o na noite deste Verão comprido em que desci do castelo para jantar com a vida. Apanhei desprevenidos uns amigos habituados aos meus muros. Ali, naquela noite, com aquelas pessoas fui quem sou antes das noites mal dormidas, das feridas e dos “ não faz mal”.Nunca o meu coração apanhou tanto ar. Todas as portas foram abertas e lançado o convite para entrarem.

Estive muito tempo sem escrever no Jardim. Quis que o primeiro artigo depois das férias fosse para eles. Foi a primeira vez que consegui falar com sobre algumas experiências que mudaram o rumo da minha vida e da minha familia. O que senti com isso. Como foi doloroso. Nem eu, até àquele momento tinha percebido como foi de facto doloroso. Ouviram-me. Calados. Impressionados. Estupfactos. Era fácil ler nos olhos deles a surpresa, enquanto pensavam “fogo..”.Eu,  era como se estivesse a ser atropelada por um camião. Sentia a força do embate enquanto lhes contava quem era eu afinal. Claro, chorei. Muito. E choraria mais porque naquela noite aproximei-me um pouco mais de quem quero ser.
Tive direito a um curativo no dedo, de fazer inveja a muito enfermeiro. Tive amor do melhor que há – aquele que nos aceita tal como somos. E tive o respeito de pessoas que admiro. Até parece conversa de revistas cor-de-rosa ou destes livros que agora andam na moda, mas há coisas que temos realmente de senti-las na pele para percebermos que as verdades mais simples, são as únicas verdadeiras.

Eles não sabem mas eu vou aqui dizer que aquela noite só foi possível por causa dos mexilhões. Ainda que viva 100 anos vou lembrar-me sempre da satisfação do meu Amigo a atirar-me com um saco de mexilhões aos pés. Foi pescar todo o dia enquanto ficámos na praia. Havíamos comentado que o que sabia bem eram uns mexilhões para petisco, mas isso não ia ser possível por um motivo qualquer que não me recordo.
No final do dia lá começa a desenhar-se no horizonte o perfil do nosso pescador enquanto se dirigia a nós com o equipamento todo (há coisas com que não se brinca). Trazia alguns peixes e…um saco cheio de mexilhões!
 “ Era isto que querias?” E atira com os mexilhões aos meus pés. Todo satisfeito. Ficou feliz por nos poder fazer feliz. Ele nem gosta de mexilhões…
Guardarei sempre a expressão dele e este gesto de quem se preocupa. De quem está atento. De quem ama amar. E cuidar...
Nunca ninguém seria tão digno dos meus segredos como estas pessoas. Partilhei, por isso, o impartilhável com elas. O passado ainda não passou. Talvez não passe.
Passei eu.
Alguma coisa mudou. Apetece-me ficar por aqui, fora do castelo, a apanhar mexilhão…


IdoMind

about cleansing


julho 22, 2010

Let´s talk about sex, baby



Quando foi que se tornou tão complicado fazer amor? Deitarmo-nos com alguém só porque é bom sentir outra pele. Outro coração a bater no nosso peito. Entoar a dois a música que cresce entre um carinho e uma palavra.
Quando foi que misturámos tudo? A vontade com manipulação. O prazer com culpa. O desejo com controlo. Como se a maior força em nós fosse controlável. Mais fácil seria domar uma tempestade.
De onde veio a necessidade que tornar feio o Belo?
Dois corpos com duas almas a celebrar a Criação. É vida que damos e vida que recebemos com a Entrega. Mas levámos o tempo para a cama e só é verdadeiro o que dura. O que sobrevive a uma noite. A mais que dois ou três telefonemas. 
Esta nossa incapacidade de aceitar que o eterno não se congela num momento. Numa pessoa. Num sentimento…Tiremos deles o que tivermos de tirar. E demos tudo o que tivermos para dar. Este é o segredo. Eternizar cada momento naquele momento. Não haverá qualquer outro igual. É só vivê-lo porque a existência não se repete. Nada podemos perpetuar além dos sorrisos deixados nos arquivos da nossa história. A transformação é uma graça. Negá-la é dizer não a nós mesmos. É ficar sempre do mesmo tamanho. Muitas vezes, perder o que é Nosso para manter o que não Nos pertence. Nos lençóis faz-se, então, um campo de batalha.

Preparamos as nossas armas. Antevemos os movimentos do adversário. Planeamos tantas estratégias. Munimo-nos de toda a informação possível que achamos que nos possa a ajudar nesta guerra, como todas, sem sentido.
O sexo tornou-se um jogo. Perigoso. Doloroso. E o divino foi manchado pela nossa humanidade insegura e pequena. Ficou tudo mais cansativo. O antes e o depois. Muitos antes não chegam sequer a ser por causa dos depois que ainda não são. Entrar e sair de um quarto é hoje um trajecto arriscado. Não basta querer ir. Estar. Não. Há regras. Implacáveis. Podemos ficar o resto dos dias a pagar o preço por sermos homens e mulheres com fome do Invisível. De tocar a Essência de todas as coisas, no momento único em que os portões se abrem e a Perfeição se revela.

O sexo foi acorrentado a uma morada. Como Deus a uma religião. Porque temos de ser únicos. Especiais. É por isso que reduzimos sempre o que mais amamos. À exacta medida dos nossos braços. Confinado às fronteiras que tanto lutamos depois para defender. Uns dias perdemos terreno. Outros avançamos uns metros. A vida passa. Uma discussão, outra mentira, aquele grito que causa aquela lágrima. O brilho vai-se apagando…
O Amor é rebelde à exclusividade. O Amor também está no sexo. Mesmo naquele que não partilha as mesmas contas. Basta querer. 
IdoMind
About Heavenly Things
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