Por três semanas não me
compreenderás. Falarei, no entanto, não ouvirás o que estou a dizer-te mas sim
o que já foi dito. Ainda que vista as palavras com roupas novas, para ti
estarão a usar os trajes de sempre e perderás de vista a mudança que tento, mas
não consigo, mostrar-te.
A culpa não é tua. Viemos mesmo
assim. Parte esperança, parte memória. Uma manda acreditar e a outra aprender.
Ao meio estamos nós com um corpo para proteger. Uma vida. Achamos nós.
Pergunto-me se ainda é vida o que se faz todos os dias sem amor. O que “tem de
ser” ou “que é melhor assim”. Ainda é vida quando não dá vida…?
Mas eu questiono muito. Também
tenho uma vida para viver e foi-se tornando importante saber se é a minha. Ou não.
Por três semanas me calarei. Vou
ver se me oiço ou o que me falará na pausa do ruído. É nesse silêncio habitado
que estão as direcções da minha alma. É lá que ela fala de como me estou a sair
e do que é preciso largar para que vida deixe de ter peso para ganhar
significado. Tenho de me encontrar com ela para perceber se estou a aprender
acreditando ou a acreditar sem aprender nada.
Ontem perguntaste-me como é que sabemos
se estamos a cumprir o nosso Projecto. Se estamos onde devemos estar. Onde
pertencemos… Não fui capaz de te responder porque ando exausta das últimas lições
e a tua pergunta acordou-me lembranças. Penosas. Tu percebeste. Obrigado pelo
abraço... E pelo silêncio que se seguiu. Obrigado por leres tão bem todos os meus
espaços em branco e os deixares assim, intactos. És o único que não me julga a
mudez. Nem me julgou o sonho.
Queres saber como eu sei se estou onde devo? No sossego do meu coração…
Eu oiço-o melhor à noite. O
prédio pára, como se fosse tudo para a cama mais cedo, para eu ir ter comigo àquele
sítio onde me dispo e me olho sem vergonha de admitir que sou mulher. Que
preciso de coisas. Que colecciono cá dentro mágoas e medos e razões à porrada, na água, com o amor. Ele precisa tanto de Parceiro nesta luta desigual,cobarde e tem-lhe faltado o meu ombro. Deixo-o sempre a lutar sozinho e ponho-me
do lado dos monstros porque sou boa aluna e não gosto de chorar.
E é assim que sei se estou onde
devo. Se fui até ao fim e se dei tudo de mim, assim, só por Amor. Se no meio
das saudades ou da dor ou da incompreensão, ouvir a paz dizer-me baixinho que fiz
a minha parte. Se falei toda a Verdade e sem sujidade disse o que sentia. O que
queria. Se desconhecendo o futuro o arrisquei escolhendo o presente, que em nome
da minha felicidade, me levava para mais perto dela. Sei que estou onde devo se
não houver mais nada que dependa de mim fazer para estar onde desejo. Como e
com quem Amo. A viver a vida que me dá mais Vida.
Sabes se estás onde deves quando na ausência do mundo ficas onde estás. E ficas bem. Cuidado se vais para longe quando tudo está quieto e no intervalo dos barulhos segues a voz que te leva para onde o teu coração repousa. E bate mais forte. Bate...Eu sei que estou onde devo se não sinto o que é a falta...
Sabes se estás onde deves quando na ausência do mundo ficas onde estás. E ficas bem. Cuidado se vais para longe quando tudo está quieto e no intervalo dos barulhos segues a voz que te leva para onde o teu coração repousa. E bate mais forte. Bate...Eu sei que estou onde devo se não sinto o que é a falta...
É para isto que preciso de me
calar. Não sei se estou onde devo. Ainda não sei bem de onde acabei de vir. O
que foi aquilo e quem fui eu no tempo em que lá estive. O que sobrou…e o que
isso significa. Para que não me pese. Nem me torne pior…
Estarei calada mas estarei aqui.
Tu sabes. Se por acaso vieres, não te tragas. Deixa o homem em casa e traz
apenas a Essência. Quem te achas ser não me compreenderá mas quem tu És vai
voltar a abraçar-me. E a silenciar-se porque me ouvirá a ser rígida comigo
negando-me o perdão pelo desvio que me fez perder por onde não sei se devia ter
ido.Ou se de lá sairei algum dia.
Não me leias nas linhas nem em nenhum sinal enquanto descubro se
estou onde devo.
E se há onde eu pertença.
Por três semanas, confia que estou ao lado do Amor a vencer os meus monstros.
E se há onde eu pertença.
Por três semanas, confia que estou ao lado do Amor a vencer os meus monstros.
IdoMind
About weird, dangerous dances in the sky
4 comentários:
Bem...o que dizer?!? Nada. Há alturas na nossa vida em que só o silêncio resulta, em que é de facto preciso fechar as portas e janelas aos barulhos de fora e ouvir-nos. Escutar o coração não é tarefa fácil, mas não há outra forma de fazer o caminho.
Cá estarei para te ouvir nessas 3 semanas de silêncio, pk às vezes no silêncio diz-se mais que em muitas palavras....
beijocas e parabéns, mais um texto fabulástico :* (a boneca aqui num fica!!)
Mana
quando não há mais nada a dizer, só resta mesmo o silêncio para, pelo menos, entender.Quem sabe, aprender e mesmo assim continuar a acreditar...
Daqui a três semana digo-te ;)
Estou a imaginar a boneca :))) um beijão sis
ALMA LINDA,AURA BOA!!
A PAZ DO SILÊNCIO NUNCA É A TOA.
E SE A MÁGOA ATORDOA
HÁ SEMPRE O TOQUE DA FÉ QUE PERDOA.
VOCÊ É VIP!!!
BEIJO
Minha Márcia
Tão lindo...<3 adorei...
Qual vip qual quê?! Só mulher mesmo, à procura de fazer isto bem. De caber... :)
um abraço minha querida :)
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