Pressinto-te o inferno no sangue. Outra vez. Sinto-te infectado na força e na fé. Não, não é essa fé. Essa que faz olhar para cima é a minha. A tua é outra e faz-te olhar para a frente. Está na certeza que não confessas e que só para seres pior contigo não admites, de que estás destinado a outra coisa. A outra vida porque na que vives já lá não estás. Se é que algum dia por lá andaste.
Hoje sou a voz na tua cabeça à solta num Jardim. O nosso. Hoje sou a música de fundo que te pergunta o que viste quando o oceano conheceu o céu. E te fala do que perdeste.
Hoje sou tu na versão generosa consigo mesma a dizer-te: tu não és um erro.
Errados estiveram o que te fizeram sentir assim e que sem levantar a cabeça para te ver, te tornaram invisível. Agora, inalcançável...
Foste-te retirando até deixares de
aparecer. Mas meu amor, tu nunca estiveste a mais. O que tiveste foi a menos do
pouco que já pedias. Até que te calaste de todo. Até hoje.
Onde estás tu? Onde posso
encontrar o homem com as entranhas que falam? Onde está o meu igual? O que
entende mesmo o que eu não digo e adivinha-me as montanhas para lá da rua
plana, na vida lisa que aparentemente habito.
Para onde levaste a tua lua a
chorar?
Tu não tens de esconder a noite, que em ti é tão estrelada.
Onde sufocas tu a tua própria luz? Dói muito?
Sai daí. Podes parar de ter medo
de nós. Não permitas que te assustemos ao ponto de andares fugido de ti. Somos nós
que te tememos. Julgas que não ouvimos o ladrar feroz da tua diferença
astutamente domesticada? Ouve-se. Ouve-se ao longe a promessa de guerra e de
morte antes que os teus joelhos encontrem o chão e os teus olhos se curvem
sobre os sapatos de alguém. Dizes isto tudo sem pronunciar um som. Isso assusta. Ao ponto de
fugirmos de ti.
Perdoa.
Todas as portas violentas,
polidas, com licença ou sem ela, que te fecharam na cara.
Todos os afectos que
te negaram só para ver se a tua pele também rasgava.
Perdoa o veneno que ainda
te escorre pela estima própria abaixo.
A ignorância…
Se fores capaz, perdoa
também a maldade. Ainda acredito que se apanha por aí entre um pontapé e uma
desilusão. Ensinada e não gerada. Ainda acredito que não há gente má, apenas pessoas mal-amadas.
Deixa partir as almas verdes, imaturas ou podres e deixa-as levar
os seus ovos.
Não apanhes maldade por aí, entre um ressentimento e um assunto mal resolvido.
Há sítios onde nos aleijam a que
só nós chegamos. Nesses albergues das feridas que viram chagas, para curá-las é
preciso querer entrar, sentar e ter aquela conversa connosco. A que deixámos
para depois de culpar os outros. De os responsabilizar pelos actos que
consentimos e outros tantos que solicitamos, no silêncio cobarde de lutarmos
por nós a inventar de sermos felizes.
O inimigo não se esconde nas fraquezas
que quem também ainda está a arrepiar caminho. Com tanto custo. Como nós. Só
que com outro corpo. Com nódoas negras à mostra e outras tapadas. Como as nossas.
Pára por isso de os perseguir na
incompreensão, na ausência de calor, na
ingratidão ou na miséria interior que te são impossíveis de alterar. Sequer de
entender enquanto não souberes quem és. O que queres…
Cuida de ti. Estarás a cuidar de
todos.
Trata-te, memória a memória, com as mãos ungidas de carinho pela pessoa
maravilhosa que és.
Acredita em ti se não quiseres
acreditar em mais nada. Por favor, ajuda-te.
Se permitires, noutros sítios
podem aplicar-se outros curativos.
Abraços apertados. Amigos que aparecem. Amo-tes…
Esperança.
Eu espero que consigas.
Eu espero que venças.
Eu espero por ti.
IdoMind
IdoMind
about my best friend in the world, you.
6 comentários:
"...Ainda acredito que não há gente má, apenas pessoas mal-amadas..."
Ah...a maldade existe independente do amor, infelizmente. Já amei pessoas más e muito bem. Mas, continuaram más. meu amor não conseguiu transformar o que já nasceu torto. Hoje, as vejo de longe, não deixei de amá-las por incrível que possa parecer.
Minha Márcia,
Isso será problema dessas pessoas. O nosso é "não apanhes maldade por aí, entre um ressentimento e um assunto mal resolvido." :)
Mas acredito mesmo que não há pessoas más. Doentes talvez. Mas más não.
Sis,
brilhante, apesar de duro, cheio de luz e de esperança. Obrigada por apesar dos pontapés e bofetadas não permitires que a dor faça quem tu és! Obrigada por não te perderes :)
Amo-te
Mana,
... "Obrigada por não te perderes" de mim :)
Desgraçado 2012 que veio dar contornos novos às duas para que o nosso amor mudasse também
Meu farolzinho :)
<3
_/\_
I bow to you
and
YOUR
HOLLINESS
LU my sweet sis
Ondinha
fiquei sem palavras...
Um abraço apertado para ti, que sempre apareces com os teus amo-tes, esses sim, sagrados..
love you querida irmã...
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