julho 01, 2013

No fim como no príncipio



Por mim,
ainda estaríamos a florir
na primavera do nosso sonho.
A dar frutos, talvez.
Os dois, observando
como crescia
o que criávamos,
lado a lado,
calo a calo,
ano a ano,
com aquela massa
de que são feitas
todas as coisas que
duram
muito para lá de nós
e de todas as pequenas
fomes de felicidade.

Por mim,
ainda estaríamos sentados
no terraço virado
para o mar,
beijando
um ao outro
cada ruga nova
descoberta
nas nossas mãos
nascidas para encaixar.


Por mim,
era contigo
numa noite estrelada qualquer,
que queria escrever
a última página
do meu diário.
E dar-ta a ler.
Comovida.
Agradecida.
Numa mistura
de emoção
e outra coisa qualquer
intraduzível em palavras
por mais compridas
complexas
ou bonitas
que entretanto se inventassem
para o descrever.

Por mim,
o fim seria diferente.
Mas pode ser que
a nossa história
seja sobre perdas,
espaços que ficam por encher
e acabe bem
é assim.
Eu aqui,
tu aí,
sem direito ao
para sempre.


IdoMind


about old silly beliefs

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