março 14, 2014

Sim?



Sim é a palavra mais diplomática que existe. Quase mágica, até. A gente diz sim e o problema desaparece!
A gente diz sim e o outro vai contente à sua vida. Deixando-nos sossegados na nossa.
A gente diz sim e não temos de discutir. De confrontar. De justificar.
O sim poupa-nos à trabalheira que é definirmos quem somos nas nossas relações com as pessoas. É que a gente diz sim e todos nos acham um espectáculo.

A gente diz sim a um filho e ele cala-se. Ficam todos felizes. E pode voltar-se ao nosso mundinho, com um drama a menos e dispensados do dever de educar.
A gente diz sim a um marido e ele nunca chega a conhecer-nos.Colecciona-se mais uma mágoa e um motivo para as trombas que ele acha que é mau feitio.Ou a menstruação.
A gente diz que sim a uma mulher e ela não faz perguntas. Segue-se em frente e olha-se para o lado, para outras mulheres, sem grandes questões.
A gente diz sim aos amigos e é sempre uma festa. E os mesmos amigos. Ninguém deixa de gostar de quem diz sempre que sim.
É uma maravilha o Sim. Só que não é.

A gente diz sim às injustiças, à maldade, ao desafecto, às desculpas mais que ultrapassadas, ao que não está bem e o que acontece é – nada. Nada muda.
Dizer sim, é ser cúmplice e perder o direito de reclamar no dia em que se ouvir um Não.

Isto tudo para dizer, que dizer Sim não é sempre positivo.


IdoMind



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