fevereiro 02, 2009

A Tempestade

Hoje sai do meu Jardim e fui visitar outro, um que me inspira a todo o tempo e a toda a hora. Fui até Sintra em busca de alguma confirmação e fazer as oferendas à Mãe, sem nunca mais me lembrar das tempestades que se tinham abatido neste fim-de-semana.
Assim, não estava nada à espera do espectáculo a que tive direito. Se por um lado havia árvores caídas, já arrumadas a um canto à espera que a Câmara tenha tempo de fazer a limpeza a tudo, por outro lado só se via a Força da Mãe Natureza a manifestar-se. Em cada curva aparecia um riacho cheio de água, pronto para voltar a dar alimento à verdura do local. As fontes que ainda há pouco tempo apenas pingavam escassas gotas de água, estavam repletas e as gotas até fazia barulho quando caíam no cimento, tal era a abundância.
Enquanto caminhava absorta pela beleza da cena, não pude deixar de sentir como a mãe estava tão contente, a manifestar tanta vida, o barulho que o Monte da Lua hoje tinha raramente encontrei nas minhas visitas, como poderia ela estar assim se tinha perdido tanta coisa? Sentei e fechei os olhos e à minha frente surgiu uma imagem nítida como um girassol, ramos a partirem-se para outros terem espaço para crescer, árvores a tombarem e rebentos já a nascerem aos seus pés, a força da água a alimentar toda a Vida que ainda está escondida por baixo da Terra, à espera do Sol para se atreverem a enfrentar o Mundo.

Não são assim todas as tempestades que se abatem sobre o nosso Jardim? Não deveríamos tentar tirar os mesmos ensinamentos?
Acolhemo-las com coragem e tranquilidade ou lançamos as mãos ao céu em tom de desgraça, amaldiçoando quem quer que esteja lá em cima e nos tenha feito essa partida?
Tudo na vida se faz através de renovações e aquilo que não é renovado é pura e simplesmente eliminado. Nesta altura do ano em que o Sol renasce, aproveitemos a sua força para nos iluminar, para levar luz às sementes que andam a germinar há muito tempo, sintonizemo-nos com a Mãe Natureza e aprendamos aquilo que ela tem para nos ensinar. Aceitemos tudo o que nos surge sem resistência, de certo que haverá muito mais a fazer do que ficar agarrado a velhas formas de pensar e de viver.

Que assim seja sempre!

4 comentários:

Viajante disse...

Olá Jardineira do Templo de Isis
Nada tão lindo mas ao mesmo tempo tão aterrador, ver a natureza a energizar a terra, muitas vezes a limpar os erros do homem mas sempre a transformar. Espanta-nos e ao mesmo tempo reduz-nos à nossa pequenez relembrando que o caminho se faz pela humildade e não pela exaltação.

Beijinho

O Viajante

IdoMind disse...

Shin-Tau " A bucólica"

Wong Kar-wai bateu bem fundo, ãh?
Depois de ler este teu post decidi o tema do meu próximo desabafo..Mi aguardiii
Acerca do teu passeio e do estado de espírito que te suscitou não podia concordar mais que devemos tirar partido de TUDO para crescer, para morrer, para renascer.
Afinal " life isn´t about waiting for the storm to pass. It´s about learning to dance in the rain..."

Love ya so much
idomind (I really do)

Marisa Borges disse...

Ao Viajante:

obrigada pela partilha, mas não sei se compreendi bem o da exaltação. A Natureza não estava humilde, estava exaltada, estava vulcânica!!! Nem todos temos de seguir os mesmos passos e o mesmo tipo de comportamento. Ser humilde é importante, sem dúvida, mas não confundir humildade com subserviência, com indiferença, com displicência.

Um beijo

Marisa Borges disse...

IdoMind,

sim Wong Kar Wai bateu, principalmente a última frase que é mais ou menso isto:
"No reflexo que os outros me dão, gosto cada vez mais de mim!" ;)

Bem verdade isso que dizes, a vid deve mesmo ser vivida assim, pelo menos para mim, a desfrutar todos os momentos, sabendo que até uma tempestade destruidora será para o nosso Bem Maior.

Love ya

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