janeiro 26, 2010

Daqui até Mim

Onde está a tal linha que divide o deserto, a floresta e os mil oceanos dentro de nós. Onde acaba o território árido em que estão sepultadas as dores e as mágoas e todas as palavras feias que nos nos disseram. Onde se escondem as pedras que ferem. Que nos rasgam os passos.

Quando me ausento e fico a olhar do outro lado da porta, vejo gente de areia. Gente seca. E choro um pouco. Por cada flor que morreu. Por cada borboleta que pereceu. Por cada metro do nosso bosque que não cuidámos. Por toda a gente verde que se deixou tornar amarela.

Vejo gente pedregosa. Com acessos difíceis. Ladeada de escarpas impossíveis de escalar. De vencer. São a gente das montanhas onde é sempre Inverno. Onde faz sempre frio. Onde a noite cai mais rápido. Isoladas no seu rigor sobrevivem dos hábitos a que a solidão obriga. Só contam consigo. Só esperam o pior. Não adormecem e por isso não sonham. O meu coração aperta mais um pouco. Bastava que baixassem a cabeça para que dessem conta do imenso vale que jaz a seus pés… Onde o Sol repousa os seus raios e a Mãe opera os seus milagres.

Suspiro e a minha atenção é cativada pelo desfile de exuberância da gente amazona. Orgulhosas da sua beleza inigualável. Vestem-se de fruta exótica que oferecem num bandeja enfeitada de elogios e risos que embriagam. São a gente ilusão. Trazem a inveja.Trazem o cíume. Sobrevivem dos insectos, tontos e meios cegos, que apanham nas suas teias invisíveis do faz-de-conta. Tudo é aparente. A verdade é tratada com antipressivos e não há imperfeição que alguma maquilhagem não disfarce. Mas por detrás da camuflagem colorida há apenas um vazio sem fim. Para onde não espreitam. Mais um antidepressivo e a festa continua. São os que mais me doem porque são a gente morta a fingir que está viva. Se conseguissem despregar os olhos do umbigo e descobrir o horizonte tapado pelas palmeiras ocas…

Eu sou de areia. Eu vivo nas montanhas. Eu enfeito-me. Eu sou toda a gente que foge de si. E dos outros. Eu sou a inadaptada que se adapta. Outras vezes sou só a que corre para o seu esconderijo, mais ou menos florestado, mais ou menos desértico, mais ou menos longínquo, para evitar a Grande Aventura. E os aventureiros que nos desafiam a conhecer outras paisagens. A percorrer outros caminhos. A perder-me…

Tu também és Eu a ser toda a gente. Tu também tens uma ilha linda num mapa só teu. Também és amarelo, escarposo e maquilhado. Tu também tens medo.
Somos todos jardins plantados sobre terrenos acidentados porque a vida não é plana.
Que o deserto seja travado com água da nossa Nascente. Que a montanha sirva apenas para nos levar mais perto do céu. Que na floresta encontremos a verdadeira Riqueza.
Que nós sejamos nós a fazer o melhor.
IdoMind
About being pure

janeiro 21, 2010

On/Off


Quero porque quero.
Não me perguntes outros porquês, porque não sei responder. Quero e quero muito. Tanto que perco o sono só em pensar que não vou ter. Ou que vou perder.
Hoje dormi uma hora. O meu travesseiro não aconselha, mantém-me bem acordada para me impedir de fugir à noite de tudo o que vou fugindo de dia.

Vamos lá a saber porque é que eu quero…
Porque é que é tão importante isto ou aquilo. Esta ou aquela palavra. Um convite. O olhar especial. Dinheiro… Ser bonita. Coisas e mais coisas. Porque esta urgência do que está para lá de mim.

São agora três da manhã e acho que, afinal, tudo o que quero é sentir-me segura.
No trabalho. Nas relações. Comigo. É só uma questão de segurança.Talvez seja mais honesto dizer controlo. Eu quero controlar. Chego à arrogância de querer controlar os meus sentimentos. De domar as emoções.
Se souberem o que sinto vão poder controla-me e isso é que eu não quero.

Pelas quatro da manhã revejo os meus medos. O que me leva a proteger-me. Do que é que quero ficar segura. A minha nuvem é o melhor lugar do mundo...
Como tu, quero evitar o sofrimento. Quero ficar segura de sofrer. Algumas lágrimas trazem lâminas que nos dilaceram. E aprendemos que chorar dói. Para evitar a dor, a jeito de vacina, imunizamo-nos contra o que faz doer – a própria vida.
É por isso que choramos cada vez menos e nos zangamos cada vez mais. Desprezamos o milagre que somos aceitando uma pequenez que não temos.
É por isso que não nos VEMOS uns aos outros. Não ouvimos os gritos presos nas mesmas laringes que nos dizem bom dia. Todos os dias. É por isso que não nos sentimos.

Cada um na sua nuvem, bem longe da nuvem do lado.
São os efeitos secundários da tal vacina que nos torna resistentes à vida. Perdemos a faculdade de sermos humanos a desfrutar da nossa a humanidade.
E não será esta a pior forma de sofrimento?
Resistir à vida também é resistir ao Amor. À gargalhada. À gratidão do combate bem travado em que nos descobrimos melhores e mais capazes do que pensávamos.
Vou aterrar a minha nuvem.
Que as minhas lágrimas sejam breves. Que os erros sejam mestres.
Will I see you around?

IdoMind
about understanding my self

janeiro 15, 2010

To live or not to live

Já andei um bocado. Vi muitas coisas. Vivi outras quantas. Já caí. Levantei-me e lá fui, de novo. Já fiz asneiras. Já me arrependi. Disse o que não sentia. Já fiz o contrário do que queria.

Algumas lições estão aprendidas. Muitas ainda para aprender. Depois há aquelas em que pareço sempre reprovar. Se ao menos houvessem passagens administrativas nisto da evolução.
Tenho pensado muito no tempo. Nas oportunidades. Em escolhas. Tenho duvidado que as haja. Lia no outro dia que:
“ Muitas vezes o destino nos encontra nas estradas que escolhemos para o evitar.”
Senti esta afirmação como um murro no estômago.Se assim é, e comigo tem sido, haverá então escolha?
Percebo, apesar de virar a cabeça para o lado fingindo que não vejo, as voltas que o Universo dá para estender à minha frente exactamente o que preciso para ir mais além. Para me espreitar para lá do horizonte que me impus.
Uma e outra vez deparo-me com a mesma situação. Com a mesma pessoa. Com os mesmos obstáculos. Com as mesmas amarras que me impedem de fazer diferente.
E quando o tempo passa, sem que eu tenha deixado de ser eu, igual a mim mesma, pergunto-me sempre qual será o limite de tentativas. Qual será o prazo para adiar uma vida? Um amor…
A única e verdadeira perda reside na cobardia de experimentar. No momento feito só para nós a que dissemos adeus sem nunca o termos convidado para uma conversa e um café.
Ultimamente, sempre que estico os braços sinto como é estreito o meu mundo. Caibo apenas eu. E este é o preço pago pelos cobardes – a solidão. A pobreza, porque nada recebe quem nada dá.

Mas se o destino frequentemente nos encontra no caminho que escolhemos para O evitar, poderei eu confiar que nada será deixado por cumprir? Que aquilo que me une a ti sabe que eu nem sempre tenho a força que demonstro. Que é tão difícil não ter medo…
Se estou destinada ao que quer que seja, a quem quer que seja, cada vez que dou um passo atrás quando podia dar mil em frente, estarei a fazer uma escolha ou a executar uma ordem? Estarei eu a fugir, como penso que estou, ou a ir afinal ao encontro do que está marcado?
Talvez não seja importante. Talvez esteja a querer fazer a digestão sem ter comido nada. Talvez as respostas se respondam no segundo que eu decidir dizer sim ao mistério do segundo a seguir. Talvez o importante seja criar o depois, agora.
Talvez…
Ou talvez o Fim da história já esteja escrito bastando-me escolher se o quero a cores ou a preto e branco. Com ou sem ilustrações. Simples, como um conto mágico ou a puxar para o drama intrincado.

Talvez seja inevitável o Final Feliz.
Talvez…

IdoMind

about The Journey

janeiro 11, 2010

Para 2010


Sinto que,

A magia está no ar. Ao meu redor, dança iluminada.
Seja eu, finalmente, capaz de a trazer.
Seja eu capaz de a manter.
Pois este é o tempo da alegria semeada.
Que vou colher.
Há esta certeza na felicidade merecida.
Há a bater no peito este acreditar.
A força que se juntou em mim, a pulsar .
Agradecendo a dávida a ser recebida.

Cada chegada que me levou a uma partida.

Sinto o chamamento desta vida, irrepetível e singular.
Agora que sou outra, a que estava à espera, escondida,
E aqui chegada, tão cansada, tão crescida.
Sinto. Sei. No final, tudo o que importa é amar.

A mim. A ti. Os segundos que me são dados.
Transformá-los em pedaços de algodão.
Converter a dor em lição.

Esta é a alquimia do coração.
Descobrir que não há caminhos errados,
Fomos todos abençoados
Por destinos entrelaçados
Nesta sagrada união.

IdoMind
about hopes and dreams
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