julho 22, 2010

Let´s talk about sex, baby



Quando foi que se tornou tão complicado fazer amor? Deitarmo-nos com alguém só porque é bom sentir outra pele. Outro coração a bater no nosso peito. Entoar a dois a música que cresce entre um carinho e uma palavra.
Quando foi que misturámos tudo? A vontade com manipulação. O prazer com culpa. O desejo com controlo. Como se a maior força em nós fosse controlável. Mais fácil seria domar uma tempestade.
De onde veio a necessidade que tornar feio o Belo?
Dois corpos com duas almas a celebrar a Criação. É vida que damos e vida que recebemos com a Entrega. Mas levámos o tempo para a cama e só é verdadeiro o que dura. O que sobrevive a uma noite. A mais que dois ou três telefonemas. 
Esta nossa incapacidade de aceitar que o eterno não se congela num momento. Numa pessoa. Num sentimento…Tiremos deles o que tivermos de tirar. E demos tudo o que tivermos para dar. Este é o segredo. Eternizar cada momento naquele momento. Não haverá qualquer outro igual. É só vivê-lo porque a existência não se repete. Nada podemos perpetuar além dos sorrisos deixados nos arquivos da nossa história. A transformação é uma graça. Negá-la é dizer não a nós mesmos. É ficar sempre do mesmo tamanho. Muitas vezes, perder o que é Nosso para manter o que não Nos pertence. Nos lençóis faz-se, então, um campo de batalha.

Preparamos as nossas armas. Antevemos os movimentos do adversário. Planeamos tantas estratégias. Munimo-nos de toda a informação possível que achamos que nos possa a ajudar nesta guerra, como todas, sem sentido.
O sexo tornou-se um jogo. Perigoso. Doloroso. E o divino foi manchado pela nossa humanidade insegura e pequena. Ficou tudo mais cansativo. O antes e o depois. Muitos antes não chegam sequer a ser por causa dos depois que ainda não são. Entrar e sair de um quarto é hoje um trajecto arriscado. Não basta querer ir. Estar. Não. Há regras. Implacáveis. Podemos ficar o resto dos dias a pagar o preço por sermos homens e mulheres com fome do Invisível. De tocar a Essência de todas as coisas, no momento único em que os portões se abrem e a Perfeição se revela.

O sexo foi acorrentado a uma morada. Como Deus a uma religião. Porque temos de ser únicos. Especiais. É por isso que reduzimos sempre o que mais amamos. À exacta medida dos nossos braços. Confinado às fronteiras que tanto lutamos depois para defender. Uns dias perdemos terreno. Outros avançamos uns metros. A vida passa. Uma discussão, outra mentira, aquele grito que causa aquela lágrima. O brilho vai-se apagando…
O Amor é rebelde à exclusividade. O Amor também está no sexo. Mesmo naquele que não partilha as mesmas contas. Basta querer. 
IdoMind
About Heavenly Things

julho 11, 2010

Eclipsando-me



Já não sou a menina assustada a tentar merecer amor.
Já não preciso de ser a melhor aluna da turma. A mais quieta. Escondida no fundo da sala.
Já não tenho de ser Invisível para me proteger. Nem de me proibir de gritar quando sinto que está demasiado difícil. Já posso chorar…As pessoas choram.
Percebi agora que a fragilidade só incomoda quem é incapaz de abraçar.
Já posso perdoar. Quem não me abraçou. Nem me deu a mão no caminho para escola.
Não faz mal. Foi no desamparo que fundei os meus pilares. Para que nunca estivesse desamparada. E cedo percebi que ninguém pode emprestar pernas. Cada destino é Único e tem de ser trilhado sozinho.

Agradeço ao Meu Destino. Tudo o que não percebi e reconheço agora perfeito. A minha solidez que é filha de uma infância curta. Esta força nascida e criada da severidade. De tantas tardes a ser adulta. Da ausência de pequenos almoços levados à cama ou de um beijo de boa noite. Já não acho que isso é normal.

Já não sou a que dispensa beijos de boa noite.Ou de bom dia. Ou outros quaisquer. O Amor é demasiado bonito para ficar guardado. Já posso mostrá-lo. Não é fraqueza. Nem me faz menor. Já não preciso ser indiferente. Escudar-me dos sentimentos porque também há aqueles que fazem doer. Já posso arrumar alguma memórias…

Deito fora as mágoas antigas. De nada me servem a não ser impedir o novo. Como uma barragem a travar a corrente da vida. Nunca ninguém me fez mal porque hoje eu gosto de mim. Então cheguei como e quando devia chegar. Agradeço a todos. Os que me viram. Os que não me viram. Os que fingiram não me ver. Os que ficaram… Do fundo do meu coração obrigado por terem aceite a vossa parte na minha história. Espero ter encantado a vossa.

E é assim que quero ser. Encantadora de histórias. A deixar estrelas a brilhar por onde passo. Gargalhadas que afastam a escuridão.  Oferecer, a quem quiser apanhar,  as palavras que me nascem dos lábios e das mãos. Falam do milagre que somos. Do nosso Dom. Da vastidão de onde viemos. E para onde nos dirigimos. Essa é a minha e a tua natureza – Vasta. Infinita. Nada há que queiras que te seja negado. Nada há que necessites que te esteja vedado. Nada há que que seja Teu, que percas. Ou nunca encontres.

Que eu saiba querer. E pedir.
Sejam poucas as necessidades, pois é grande a Abundância.
Que eu reconheça o que é Meu.Quer encontre, quer seja encontrada. 

Que a Verdade me guie em todos os momentos porque sou a voz do céu. E tu também. Não me mintas. Não me omitas. Não me faças perder. Não me leves ao erro. Vamos demorar mais a chegar. E levaremos dor. Permite-te escolher em consciência. E eu farei o mesmo.
Que a Fé seja o farol das noites mais negras da minha alma. E me mostre o caminho seguro por entre as rochas. Que seja o Sol na manhã seguinte. E na outra, e na outra, e na outra…
Que o Amor esteja em mim.
No que penso, no digo  e no que sinto para que esteja em ti, em todos e em tudo.

Que assim seja
IdoMind
About cycles

julho 08, 2010

E não é que sou humana?



Bastou pedir. Bastou sonhar. Bastou querer com toda a força desamarrar a voz deste Desejo. Meio inconfessável. Por pouco, quase pecado. Bastou assumir que sou mulher e que a lua não está assim tão lá alto. Parece que a trago no bolso às vezes. Ou num pendente junto ao peito. Bastou confiar na Ordem que tudo governa. Bastou dizer que é a minha vez.

Tirar os sapatos e sentir a vida aos pulos. Deixar-me ir. Eu não tenho sempre de ficar. Nem assistir da janela à festa que passa diante da minha casa, branca e arrumada. Talvez saia para a rua e me junte à multidão que se deixa apaixonar. Que anda nas nuvens sem asas.Talvez passe todos os dias por uma caixa de correio e deixe lá um beijo num pedaço de papel. Sem dizer que é meu… E vá o resto do caminho pelo passeio a rir sozinha porque estou mais parva e é tão bom. Talvez me junte à multidão que paga o preço por todos os instantes em que foi mais importante mostrar Amor que ter razão. Vergonha. Ou medo. Por cada minuto que valeu a pena esquecer o feitio. Mudá-lo até. E não conseguir voltar a lembrar como era antes, porque quem ama só tem o depois.

Apeteceu-me largar a carapaça e correr para o mar mais depressa. Uma tartaruga nudista. Livre. Feliz por não ter porque se esconder. Nem carregar nada às costas. Guardo apenas o que é leve e que cabe no coração. Bastou perceber que nem toda a carga me pertencia. E arranjei espaço dentro de mim. Esvaziei-me.  Ficam-me mal as culpas. As memórias antigas dos erros que até o tempo já se esqueceu. Menos eu. Bastou perdoar-me para ver que nada havia afinal a perdoar. Mesmo quando penso que falho, o alvo é atingido e o planeta gira mais uma vez.

Bastou perceber que não há nuncas nem sempres. Por isso deixei de dizer adeus. Tudo é um eterno até já. Não há perdas. Definitivos. Coisas irreparáveis. Tudo tem uma função. Tudo. Cabe-nos relembrar qual. Se quisermos. Podemos adiar as nossas tarefas, mas ninguém as fará por nós. Bastou sorrir a cada arregaçar de mangas. Olhar para as peças dispersas do puzzle e  aceitar o desafio de as unir. Com paciência. Com confiança que  encaixamos num sítio. Numa pessoa. Que vamos encaixando em muitos sítios. Noutras pessoas.

Depois de olhar para cima, respirei, e dei um passo cá em baixo. Aquele que estava suspenso. E não é que o Universo de facto conspira!
Parece que estava mesmo ali, à espera que eu chegasse outra vez, com uma nova oportunidade, embrulhadinha com um laçarote,  para me oferecer. Obrigado. Ao que quer que seja que me acompanha na demanda sagrada de Ser inteira. E me permite não acertar à primeira. Nem à segunda. Que não desiste e me resgata uma e outra vez pousando-me docemente no lugar que é o meu lugar.

Bastou aceitar que não estava preparada. Talvez não fosse a hora combinada. Com as pressas cheguei adiantada e não esperei. E fui lenta a reconhecê-lo.
Hoje estou aqui de novo. E tu também. Se é que alguma vez foste embora. Sabe bem saber-te por perto. Incluído no meu Plano. 
Suponho que bastou não teres conseguido avançar sem aquela peça que sou eu que guardo. 
A que encaixa.
Basta agora experimentar…

IdoMind
About loose ends
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