janeiro 26, 2011

No lo creo, pero

Admiro as pessoas que não acreditam em nada. Que não precisam de Deus para justificar uma vida, sempre curta demais. Árdua tantas vezes. Atravessam as tempestades agarrados ao barco, de unhas pregadas nos remos, contando apenas com a sua própria força. Sem confiar nas marés que mudam. Sem olhar para as estrelas. Sem escutar os ecos das memórias entoados para nós pela eternidade que há em tudo. Lá se levantam um dia atrás do outro. Lá andam. Lá fazem o que lhes ensinaram a fazer. O que todos fazem. Só existe o que cabe dentro dos olhos. E dificilmente concebem o que os sentidos não reconhecem.

Conheço muita gente que não acredita em nada. Quando as deixo, fico sempre a pensar como conseguem configurar que toda a nossa perfeição, toda a nossa complexidade não sirva qualquer outro propósito além de comer, procriar e, no fim, morrer. Assim, sem mais nem menos. Que os pouco mais de 85 anos que duramos, se reduzam unicamente a uma demonstração da nossa valentia face às condições adversas que temos de enfrentar durante esta viagem em que nos vimos embarcados. Que não questionem porquê e de onde chegam tais adversidades. Os problemas do costume. As barreiras de sempre. O mesmo tipo de pessoa que nos dificulta o passo seguinte. A doença diagnosticada no momento menos próprio, arruinando os planos. Um filho tão diferente de nós. Que tem prazer em contrariar-nos e conduzir-se de forma desastrosa. Aquele telefonema que mudou o nosso dia. Ou aquele que mudou até a nossa vida.
Eu vejo assim: foi preciso que um jovem baterista abandonasse os Açores, deambulasse pelas ruas de Lisboa até encontrar uma nortenha, baixinha e mau-feitio, para que EU estivesse aqui, uma infância atribulada mas espectacular depois, uma licenciatura na profissão que me fez crescer rápido depois, um divórcio engraçado depois, muitas quedas não muito engraçadas depois, a escrever sobre o sentido da vida.
Eu vejo, maravilhada, a quantidade de pessoas que entraram no jogo para que eu fizesse as minhas jogadas e, simplesmente, é-me impossível aceitar o acaso.

Ainda que houvesse eventos fortuitos, porque diabo me estariam a acontecer a mim? Ou a ti. Aqueles. Não outros. Aqueles eventos fortuitos. Que nos obrigam a decisões diferentes das iniciais. Que nos levam noutra direcção. A avaria no carro que nos impede de chegar a tempo de assinar um contrato ruinoso. A farmácia fechada para obras que nos torna clientes da farmácia do lado onde encontrámos Aquela pessoa. O corte de energia no escritório que nos faz chegar a casa mais cedo e... que muda o nosso estado civil.

Se há coisa que me faz ganhar o dia é uma boa coincidência! 
Sei que são Eles a dizer-me que não é bem por ali ou a confirmar que é mesmo por onde estou a ir. Que aquilo, pelo que estou esforçar-me tanto, não é para mim. Que é preciso largar. E não há problema. Mais adiante espera-me melhor. Maior. Mais adequado.  

Reconheço toda a ajuda que recebi, sobretudo a que me esqueci de pedir, e o meu coração sabe, naturalmente sabe, que não ando por aqui desacompanhada.
Eu sei que sou mais que um corpo envolvido numa pele. Sou todos os corpos envolvidos numa única alma. Há bocados de mim em ti. É por isso que apareço quando precisas que eu apareça. Ou desapareço quando querias que eu nunca tivesse partido. É por isso que sinto as tuas dores e tu, mesmo que ainda não saibas ou não acredites, sentes as minhas.
Eu sei isto. Que somos a mesma coisa e que vamos para o mesmo sítio. Que não há fim. Nem fins. A única tragédia é desconhecê-lo.

Algures vou continuar a brincar ao faz-de-conta que é a sério. Levo daqui o bem que fiz. E algumas contas para pagar. Junto à colecção mais esta experiência de fé num destino inacabado e inacabável.
Eu acredito e tenho dias tão espinhosos. Sem a parte da flor. Custam-me tanto.
Como conseguem as pessoas que não acreditam em nada?
Admiro-as.

IdoMind
about the wonderful
Nota: Há pessoas que não acreditam em nada mas que vivem a sua vida como Mestres. Ensinam-nos, pelo exemplo, que o conhecimento ou crenças não são condição para a prática da bondade, da compreensão e do amor pelos outros. Não é sobre estes que falo aqui.

janeiro 25, 2011

Procura-se... qualquer coisa

Na sexta-feira fui almoçar com um cliente e amigo muito especial. Almoço descontraído. Restaurante perto da praia. Boa comida. Boa conversa. Dois copos de vinho. A conversa melhorou... Voltámos ao escritório com o astral lá para a cima e a vontade de trabalhar muito em baixo.

- Tenho aqui a solução dos teus problemas – anunciou orgulhoso abraçando uma revista e um jornal.
- Deixa-me estar sossegada se faz favor. A tua última brincadeira não correu bem, lembras-te? - Adverti no meu tom Aviso n.º 1
Ignorando o sinal, colocou diante dos meus olhos a Focus. Na capa da revista podia ler-se em letras garrafais  “COMO FICAR RICO.”
Soltei uma gargalhada. Claro!
- Vês?!! E agora os outros problemas – disse enquanto se sentava comodamente mesmo à minha frente, de perna cruzada, indício que a coisa iria demorar. Abriu e jornal e começou a ler:
Não me contive. E rimos os dois que nem parvos. Determinado a testar os limites do meu conservadorismo, continuou.
- Tens outras alternativas igualmente interessantes:

Como as crianças que fazem uma gracinha bem sucedida, leu mais um, comentando:
- "Como sei que gostas de morenos"
Fiquei agarrada ao jornal, estupefacta com a variedade e quantidade de anúncios desta natureza. Desconhecia por completo. Ao constatar o meu entusiasmo com a novidade correndo o jornal com olhos enquanto ria sozinha, ele próprio reconheceu: “ O que é que eu fui fazer!!”
O meu interesse não se ficou a dever aos pretendentes nem à possibilidade de encontrar o príncipe via “Love Mail” (nomenclatura desta rubrica no jornal). Não. O meu interesse, como em tudo, prendeu-se com a motivação daquelas pessoas. O que leva alguém a levantar-se um dia, dirigir-se nem sei onde e pedir - “Quero publicar isto:
Para mim foi o escancarar da porta para uma nova realidade! Não é mito, anda mesmo tudo à Procura. 
Ele procura Ela. Ela procura Ele. Ele procura Ele e Ela Procura Ela.
Pelos vistos toda a gente anda para aí desencontrada. Será isto serviço público? 

Quando foi que se tornou tão complexo relacionarmo-nos uns com os outros que precisamos de procurar Amor no mesmo lugar onde se procura um emprego, uma casa ou um carro para trocar…
Desde o principio do mundo que homens e mulheres se conhecem. Se apaixonam. Desapaixonam. Choram e voltam a apaixonar-se. Cometem erros. Aprendem. Erram outra vez e mais outra e mais outra e é no erro que vão sendo felizes. Mas até hoje não conheci ninguém que desistisse de Encontrar. Mesmo os que acham e se tentam convencer que isso do amor já, ainda ou nunca foi com eles. No fim de tudo a única grande verdade é que “The greatest thing you'll ever learn is just to love and be loved in return.

Como os animais (dos quais cada vez mais me convenço não estamos afinal assim tão distantes) sentimos necessidade de par. Julgava eu que diferíamos deles na forma como satisfazemos essa carência. Ao ler alguns destes anúncios pude perceber que não.
Alguns fizeram surgir de imediato na minha cabeça a imagem de um tigre. O predador “jovem cavalheiro, apresentável, honesto e sem vícios” à caça, ardilosamente esperando o telefonema que lhe irá garantir a refeição dessa noite…
Mas nisto de tratarmos do nosso umbigo, não há espaço para sexismos inconvenientes e eis que as predadoras também saem atrás da presa:

Necessidades diferentes, o mesmo método. A mesma forma de pensar. A mesma ausência de responsabilidade pelos próprios sentimentos e dos outros.
Vale tudo. No meu tempo acrescentava-se “menos tirar olhos”. Hoje em dia, e depois de algumas coisas que li, nem sei se esta segunda parte continua a fazer sentido.

É mesmo para aqui que queremos ir? Darmo-nos indiscriminada, inconsequente e (quanto a mim) inconscientemente uns aos outros? Sem no fundo estar a dar nada… Sem deixar nem trazer o que quer que seja de muito bom.
É isto que nos faz bem, que nos realiza? Usarmos e sermos usados. Não parar diante de cada pessoa que se cruza connosco e OLHAR para ela. É assim que gostamos que nos façam?

Estas minhas palavras não encerram qualquer tipo de censura às escolhas de ninguém. Não sou contra nem a favor do sexo casual. Não faço juízos sobre a solidão e o cansaço de cada um. E até onde se pode ir para tentar mudar esses estados.
É só preocupação sincera com o que está por detrás duma forma de vida que chamamos moderna mas na qual não vislumbro qualquer espécie de progresso.
Mas posso ser só eu, a observar este nosso mundo a dirigir-se para o Vazio.
Fecho com chave d´ouro

IdoMind

About what we´re doing to ourselfs 

janeiro 24, 2011

Desafio dos 7

Fui desafiada!
Logo eu que não gosto de desafios. Mas aceitei este que a Shin-Tau me lançou.



7 coisas que tenho de fazer antes de morrer:

- escrever um livro;
- ter A conversa com o meu pai;
- apaixonar-me tipo filme, ficar toda viradinha ao contrário;
- construir um centro de acolhimento para crianças desprotegidas;
- mudar-me para ao pé do mar;
- dar a volta ao mundo;
- encontrar-me. A sério, gostava de me encontrar antes de morrer.

7 coisas que mais digo:

- “Peço justiça” (evidentemente);
-  De que signo é que és?
-  Não posso, vou treinar.
-  Diz a verdade.
-  Não, não sou de cá. A minha nave ficou sem combustível.
-  E se não for assim como estás a ver?
-  Obrigado.

7 coisas que faço bem:

- falar;
- escutar;
- cozinhar;
- piadas;
- pacificar;
- arranjar soluções;
- asneiras… é o que faço melhor.

7 defeitos:

- obstinada;
- individualista;
- solitária;
- masoquista;
- impaciente;
- incoerente :) 
- mole.

7 qualidades (Tantas?)

- boa-pessoa;
- sensata;
- muito bem humorada;
- de confiança;
- humilde;
- generosa;
- sonhadora ( bueeeeeeeeeeé)


7 coisas que adoro:

- O mar. A praia para onde fujo para me sentir.
- Fazer amor.
- Estar sozinha a ouvir música enquanto leio.
- Cinema. É mesmo paixão.
- Água. Adoro nadar e adoro tomar banho.
- Conforto.
- Coincidências…

7 coisas que detesto:
 ( não há nada que eu deteste a não ser as palavras detestar e odiar, acho que têm demasiada força no sentido negativo. Prefiro dizer 7 coisas que gosto menos)

- Mediocridade, pequenez;
- Falta de educação;
- Chegar ao cinema e ter o meu lugar habitual ocupado;
- E gosto ainda menos, calhar um casalinho papa-pipocas atrás ou à minha frente! 
   (afinal talvez haja alguma coisa que deteste)
- Ficar na sacana da fila do supermercado que dá sempre problemas!
- Vulgaridade... não gosto mesmo nada de vulgaridade;
- Frio. Arrasa comigo.


7 pessoas que vão responder ao desafio


Quem achar piada e quiser aceitar o desafio está à vontade. Pessoalmente aconselho.
Foi engraçado verificar que demorei muito a encontrar 7 qualidades ao passo que os 7 defeitos me levaram cerca de 40 segundos a escrever. Deixei as 7 coisas que tenho de fazer antes de morrer para o fim porque só me lembrava de 2.
Tudo isto diz muito…
IdoMind

about this challenge

janeiro 19, 2011

O Colo e a Palmada

Dizem que entre a principal característica do nosso pai e a principal característica da nossa mãe, se esconde o segredo da nossa Missão. Talvez todos tenham razão e eu precise de ajuda profissional, mas para mim isto faz sentido. Soa-me a verdadeiro.

A minha irmã não atribui aos meus pais as características que eu atribuo. As nossas missões devem, por isso, de ser diferentes. O que reforça a coerência da premissa.
Porque para falar do meu pai preciso de tirar férias e escrever um livro, pus-me a pensar na minha mãe e apeteceu-me escrever sobre essa mulher como não há outra. A sério, não há. Para equilíbrio do Universo.

Influenciou-me muito. E só agora, eu própria mulher, vejo o quanto. Foi uma coisa assim para o subtil, mas a Baixinha, fez "estragos". Ainda hoje não me entendo com os homens. Ainda hoje acho que consigo suportar várias toneladas de carga sozinha. Lido mal com a o meu lado feminino. Ainda hoje me custa chorar. Tudo obra da minha mãe. E para alguém com uma altura a rondar o pigmeu é realmente Obra!
Se é bom ou mau? É o que eu escolher fazer com esta compreensão.

É inegável o poder das Mães. E é sobretudo inegável que há muitos tipos de mães. Mas a roda da existência sorteou-nos com a nossa. Porquê?
Porque não se trata de sorte. É exactamente DESSA  mãe que precisámos e precisamos para nos construirmos. Para nos destruirmos. E voltarmos à reconstrução. Ou destruirmo-nos mais um bocadinho, de dedo apontado à infância miserável e ao péssimo trabalho dos nossos progenitores.

O problema das mães é serem seres humanos. Cada mãe é só uma pessoa. Com um coração que bate a sua própria música. Como o nosso bate a nossa. E depois aparecemos nós. Vimos por aí abaixo, cair mesmo a meio da história dela. A mãe passa a ser um coração, a bater duas músicas.  
Mas continua a ser só uma pessoa. Com dias de sol e outros dias de céu muito carregado. Vários dias de trovoada. A minha tem destes…são tipos enxurrada, duram pouco mas arrasam tudo à volta.

Há uma qualquer ideia tão enraizada em nós que as mães são, e têm de ser, capazes de inenarráveis proezas que lhes exigimos o comportamento de heroínas. E é com dificuldade que toleramos o facto de não serem perfeitas. Indignamo-nos até e manifestamos a nossa desilusão quando não fazem o que seria expectável de uma mãe. Quando, no fundo, não correspondem à Mãe dos nossos sonhos.

O contrário também é verdade. Há mães que vestem os filhos com botas vermelhas e uma capinha. Olham e vêem neles o super-homem que nunca viram no pai ou que entretante desistiram de ver. E manipulam assim uma relação sagrada. Porque também há mães que se destroem...
Que se consomem no processo de viver a vida que não é delas, recriando-se nas suas crias. Ou morrendo devagar tentando.
Conhecem bem a culpa e como usá-la. Cobram e protestam, umas veementemente, outras de forma mais polida, que as amem, que as visitem, que as informem de como corre o trabalho, como estão os míudos e se já trocaram de nora, que as deixem ser a sombra reflectida em todas as paredes, a gerente lá de casa... Algumas conseguem. Por isso alguns filhos mentem. E outros afastam-se.

Para os filhos das mães ausentes;
Para os filhos das mães demasiado presentes;
Para os filhos das mães frias;
Para os filhos das mães instáveis;
Para os filhos das mães mártires;
Para os filhos das mães-carreira;
Para os filhos das mães rígidas e das mães moles;
Para os filhos das mães que preferem ser outra coisa,

- Não as julguem. Amem-nas.

São benditas. Todas. E bendito é fruto do ventre de cada uma delas. Não é isso suficiente para terem o nosso obrigado? Para erguer a bandeira branca e correr para os braços delas?
O Amor é o caminho que te leva à tua mãe e o que a traz até ti.
Ama-a acima de tudo. Acima do passado, acima dos feitios, dos orgulhos, do que é pequeno.  
Ama-a mesmo que ela não te ame como queres ser amado.
A tua mãe é como tu – humana.
Faz a tua parte.
Ela fez e está a fazer a Sua.

IdoMind
About karma

janeiro 07, 2011

O Prazer

Sexta-feira. O meu dia preferido da semana. Também gosto dos outros (quase todos) mas sexta-feira traz-me alegria. Boa disposição. Vontade de não me aborrecer com nada e deixar passar o que, por exemplo, numa terça-feira à tarde, iria dar discussão certinha.

É o dia do prazer.

Termina agora a primeira semana do Novo Ano que se adivinha longo. É bom que o aligeiremos com algum prazer. Ou muitos.
Vou começar em grande! Hoje não há cá receita nenhuma. Aproveitem o fim-de-semana para O prazer dos prazeres - o bem-bom. Há lá coisa melhor que fazer amor?
Bem feitinho com muita consciência à mistura, do que se está a fazer... 
Deixo-vos uma dica que talvez possa ser útil. Não fiquei só a rir depois de verem, mudem o que funciona menos bem e experimentem formas para funcionar melhor. 
É só clicar aqui.


(Não sei porquê, alguns ecrãs abanam e outros não. Espero que o vosso abane, é muito mais giro)
IdoMind
about kidding with serious stuff

janeiro 04, 2011

Nem sei que título dar

“ Eu gosto dela. Não sei é se vou gostar amanhã. Imagine que ela muda ou eu conheço alguém. Que começa a incomodar aquilo dela descascar as batatas para dentro do lava-louças ou dormir com a frestazinha da janela aberta. Quero poder ser livre para decidir a toda a hora com quem quero estar. Não sei o que fazer.”

A história é simples. Numa viagem de férias ao estrangeiro, um homem conhece uma mulher. Até aqui tudo normal. Vê estrelinhas, ouve os sinos a tocar, o coração acelera e conclui, obviamente, que está apaixonado. Normal.
O homem regressa e como não faz mais nada que pensar naquela mulher, compra um bilhete e pede-lhe que venha para Portugal viver com ele. Menos normal, mas muito bonito…
Ela vem. E fica. Corre tudo bem. Passa um ano. A janela continuava aberta sem que isso incomodasse. Mas havia um problema que começava a ensombrar a felicidade do casal – a permanência ilegal dela no País. Impedida de se candidatar a um emprego, de andar despreocupada num centro comercial, de conduzir... Estava limitada a uma meia-vida.
E o ser humano suporta quase tudo, menos a limitação. Seja de que espécie for. Tudo que nos limite, mais cedo ou mais tarde gera a rebeldia, nos melhores casos, ou ressentimento, nos piores. Antes que isso acontecesse, o homem foi procurar uma solução. Trazendo também uma sugestão que de tão engenhosa me fez ter a certeza que a nossa raça irá sobreviver sempre a todo o tipo de catástrofes naturais ou outras.

O processo mais simples de regularizar a situação da sua “Pocahontas” (como ele lhe chamava) seria casar. E ele até nem se importava. Mas colocavam-se as questões com que iniciei este artigo. E se ele se arrependesse? Se se apaixonasse noutra viagem qualquer. Ou no trabalho. Se simplesmente não quisesse mais? Não lhe estava a apetecer fazer uma cama em que não quisesse deitar-se depois. Foi então que teve uma ideia…
A ideia, para a qual não consegui ainda encontrar o adjectivo à altura, foi a seguinte: seria juridicamente possível que a mulher outorgasse, em simultâneo com o acto de casamento, uma Procuração Irrevogável, conferindo-lhe poderes a ele, homem, para em qualquer altura requerer o divórcio dissolvendo assim o matrimónio?
Fiquei a olhar para a pessoa à minha frente a tentar perceber se estava a falar a sério ou a ter um ataque de humor negro.
Estava a falar a sério.

Demorei alguns minutos a responder-lhe, perdida entre a veneração por uma cabeça capaz de uma ideia destas e o ruído da fé em histórias de amor perfeitas a partir-se dentro de mim.
Este homem queria uma garantia para o Amor. Com condições e um prazo. Brutal. 
É só levar um pouco mais longe o conceito de casamento enquanto contrato e, porque não, prever que possa ser denunciado unilateralmente em caso de insatisfação ou de uma oferta melhor. Tipo TV cabo. Porque não estabelecer-se um período experimental?
Talvez não devesse ter aberto esta porta...

Para quem está a ler e pensar “mas olha, está bem pensado…muito bem pensado, é possível?” se calhar não fazia mal nenhum perguntarem-se:
“ Quem sou eu nos relacionamentos.”
E muito mais pertinente, tem resultado? 

To be continued
IdoMind
About don´t run over people
p.s. Pocahontas o caraças!
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