junho 19, 2009

Sexta-feira : O Dia do Prazer


Sou Touro. Adoro comida. Gosto de comer, mas gosto ainda mais de cozinhar. E é da satisfação que levo à barriga daqueles que amo, que a minha alma se alimenta. O coração até rodopia quando os vejo a repetir.
Ocorreu-me fazer uma rubrica dedicada à comida, inegável que é a ligação entre o que ingerimos e o que somos. “Somos o que comemos” – disse alguém.

Mas há mais qualquer coisa na comida. Mexe connosco. As nossas reacções face aos diversos pratos são diferentes e até estados de espírito se alteram quando regalam os olhos no guloso brigadeiro a pedir para ser lenta e prazerosamente trincado.
Para além do óbvio – é o nosso combustível. Sem comida, não andamos (apesar de haver vozes discordantes no sentido de ser possível deixar de comer e fazer uma vida normal, EU, de certeza, morria sem comer!).
Ainda não sei bem como vai desenvolver-se esta rubrica. Pensei em publicar uma receita todas as sextas-feiras. Depois pensei também em falar da propriedade de alguns alimentos. Pensei em tudo o que a comida me faz pensar. Esta é parte do Gémeos… muito pensam...
Decidi então fazer o que me apetecer. Umas vezes deixarei uma receita, outra vez falarei sobre os benefícios do tomate e outras vou ser a poeta dos alimentos, indo onde a minha imaginação e o teclado me levarem.

O tempo aqueceu. O sol tira-nos a roupa. Faz-nos suar. Ter mais percepção do nosso corpo. E do corpo dos outros… A água do mar leva as preocupações e a areia quente convida à fantasia.
Por isso escolhi começar com uma receita bem quente para acalorar o fim-de-semana que, parece, será abrasador…
Receita do Prazer n.º 1

Arroz de caril e tâmaras
Ingredientes:150 gr de tâmaras secas sem caroço; 150 gr de soja granulado fino; 300 gr de brócolos; 1 chávena de arroz basmati; óleo de amendoim q.b.2 dentes de alho; sal q.b.; especiarias q.b.- cominhos, noz -moscada, caril, açafrão, salsa seca (abusem!)
Preparação:Colocar a soja num recipiente com água, até ficar tapada, e deixá-la ficar até absorver a água e duplicar o tamanho.
Fazer então um refogado de alho com óleo de amendoim.
Ao refogado, juntar as tâmaras e a soja fina. Mexer um pouco e adicionar água em abundância (cerca de 1,5 litros), juntando, em seguida, as especiarias e o sal. Quando levantar fervura, adicionar o arroz e os brócolos. Deixar cozinhar até o arroz estar cozido.
Sugestão: Podem juntar banana ou laranja com casca às rodelas, para dar um sabor mais exótico

Este arroz é maravilhoso, mas se o juntarem a umas espetadinhas vegetarianas… é de ir ao céu e voltar
Fica a receita:
Ingredientes:cubos de pimento amarelo q.b; cubos de curgetes q.b; cebolinhas q.b; cubos de tomate q.b
Preparação:Fazer uma marinada com molho de soja e especiarias. Colocar os legumes alternados em paus para espetadas. Grelhar até os legumes ficarem dourados.
Experimentem pincelar a espetada com mel…
A sobremesa…bom, são todos crescidinhos pelo que depois desta refeição, bem regada daquele vinho, só podia ser uns grandes, vermelhos e suculentos morangos, mergulhados em chocolate derretido com uns grãozinhos de pimenta acabada de moer.


Um GRANDE FIM-DE-SEMANA para todos!
IdoMind

about the good life

junho 18, 2009

Onde está toda a gente?

Gostava de ter o dom de fazer vos sentir o deslumbre que sinto quando aceito o mistério. A fusão de mim com os outros e com aquilo que não vejo, que nos une numa aliança divina. Gostava de ter o dom de vos mostrar a luz que me encadeia para a ilusão revelando-me o autêntico. A que só permite vislumbrar a perfeição. Desses momentos iluminados fica o murmúrio de um enigma planeado para me fazer andar. Para me fazer subir o cume mais alto desta jornada vertiginosa de me lembrar quem sou. Gostava de ter o dom de vos fazer lembrar. Se o meu candeeiro vos pudesse caiar de branco o caminho…

Gostava de levar-vos para lá, onde a alma repousa todos os cansaços porque volta a entender. Tem andado ocupada com o medo e esqueceu-se que as doenças do mundo não a podem adoecer. Deixa-se escurecer de tal modo que chega a acreditar que nada existe para lá do escuro. A alma grande a tentar caber em sítios pequenos. Em pessoas pequenas. Em vidas minúsculas. Gostava de ter o dom de vos dizer, com a candura bonita que desarma as mais elaboradas teias mentais, que as vossas almas são muito grandes. Tão grandes. Que não estão aqui para se encaixarem. Vieram para ver que não há caixa que vos contenha. A não ser aquela que fabricam. Gostava de ter o dom de desempacotar almas…

Se eu tivesse o dom do esclarecimento, falava-vos do que faz sentido.
Trazia-vos suavemente nas asas macias da entrega, o mais alto que pudesse. Sentados lá em cima, numa nuvem, íamos olhar para nós, cá em baixo, a guerrear contra moinhos de vento. Ver-nos-íamos Cavaleiros da Triste Figura. E rir-nos-íamos de nós mesmos. Tão tontos a agir como meros tripulantes do navio. Fracos demais para acabar com a deriva. Mas daqui podemos ver-nos no nosso posto de comando. Neptunos a ordenar as marés da nossa vida. Soprados pela intuição, com os olhos nas estrelas, cruzando todas águas até ao nosso porto. Gostava de ter o dom de fazer voar os comandantes.

Gostava de ter o dom de vos mostrar os vossos dons. Que são arquitectos e que têm as ferramentas para edificar o vosso ser. Dava-vos a mão que colocava junto ao vosso coração e no silêncio quebrado apenas por esses compassos maravilhosos, perceberiam como são especiais. Se puserem a mão no vosso coração e ficarem calados durante algum tempo, apenas a ouvi-lo, algumas lágrimas vão nascer. Não vão saber porquê, mas virá um suspiro vindo não sabem de onde, que vos leva não sabem bem o quê. Mas vão chorar. Já não paravam há algum tempo para ouvir o coração e ele estava com saudades. Chora de alegria porque é o guardião do vosso dom. E foram à procura dele. Gostava de ter o dom de levar as mãos aos corações.
Tenho apenas o dom de estar aqui. Agora. E pretendo usá-lo para plantar bocados de céu. Faço-o como sei – falando de mistérios, de almas encaixotadas, de embarcações que voam. De dons. Faço-o como sinto – com todo o amor que me faz uma no meio de muitos.
Faço-o por mim.
Gostava de ter o dom de fazer com que fizessem tudo por vós…

Because IdoMind

junho 16, 2009

É a pura da Loucura!


Esta terça feira foi difícil pensar em loucura. Parece-me que todos andam a seguir o Jardim e aderiram a isto de fazer coisas fora do normal…
Hoje assisti a dois seres humanos, presumivelmente inteligentes, a discutir. Faz bem discutir e não foi isso que chamou a minha atenção. A causa da discussão é que foi interessante. Queixava-se uma, a mais alta das duas, que a outra não havia colocado os pacotes de açúcar no balcão da forma que eles costumam ser colocados. Perguntou a mais baixa se a nova disposição dos pacotes de açúcar dificultava o respectivo acesso por parte dos clientes. Ao que a colega respondeu que não, mas que não era daquele modo que costumavam ser arranjados. E ponto final.
Estavam nisto quando entrou um cliente, que depois de as cumprimentar, pediu um café.
Enquanto a mais alta tirava o café, o cliente retirou um pacote de açúcar e fez o seguinte comentário “ Que giro, assim fica mais fácil tirar o pacote sem ver a mensagem”. Referia-se àqueles pacotes da Nicola que dizem “ Um dia..” isto ou aquilo Sabem quais são?
Explicou que gostava de tirar sempre um pacote de açúcar com a mensagem para o seu dia, mas que tinha de virar a cara porque da forma como estavam dispostos no recipiente, viam-se todas as mensagens dos pacotes.

Imediatamente pensei “ Loucura para esta semana – desarrumar!”
Se olharmos, vamos perceber que não somos muito diferentes daquelas duas empregadas de balcão, em muitos aspectos da nossa vida. O que nos cerca espelha-nos. Nós somos os chinelos direitinhos encostados aos pés da cama, os livros guardados por autor, o ecrã enfeitado de post-it. Nós somos o café curto ou cheio. A mesa do canto do restaurante.
Quantos hábitos. Quantas rotinas que criámos.
Proponho que NOS desarrumemos. Nem que seja para nos voltarmos a arrumar exactamente do mesmo jeito. Vamos experimentar durante a semana contornar os nossos costumes.
Se tomam banho primeiro e o pequeno-almoço depois, façam ao contrário. Se estacionam sempre no mesmo sítio, deixem o carro noutro, de preferência longe do local habitual.
Se fazem as compras no mesmo lugar desde tempos imemoriais, mudem, vão a outro. Afinal toda a gente precisa do vosso dinheiro. Aproveitem e pelo caminho bebam uma água num café onde nunca tenham entrado. Perguntem qualquer coisa ao rapaz que anda a repor as prateleiras. Mesmo que não precisem de nenhuma informação. Levem bombocas. Lembram-se como gostavam de bombocas em pequenos? Toda a gente gostava de bombocas. Em casa vão gostar desse regresso ao passado. Mesmo que não sejam do tipo de come bombocas…levem-nas e comam-nas com toda a satisfação do mundo.
Aquela porta ao lado do elevador não é uma dispensa. São as escadas. Usem-nas. Usufruam mais uns minutos convosco enquanto sobem os degraus. Há qualquer coisas de mágico em subir escadas quando estamos de bem com a vida. Vem-nos cada pensamento…vejam por vós.
Não liguem a televisão esta semana. O mundo não mudará assim tanto. Vão até ao armário dos cds onde encontrarão muita música que vos fará lembrar muitos momentos e muitas pessoas. Porque não a põem a tocar? De novo. Melhor ainda, entrem numa loja e comprem alguma cd porque gostaram do nome da banda ou porque já ouviram falar dela ou simplesmente peçam ao empregado que vos diga o que é que agora está a dar.

Ajam como não agiriam. Façam o que não fariam. Digam o que silenciariam. Experimentem desarrumarem-se.
Os efeitos serão visíveis ao cabo de uma semana. Um dia não basta. Não esqueçam que estamos a ir contra hábitos de anos. Não pretendo que façamos como a câmara de Lisboa com a campanha “ Lisboa sem carros”. Não. Se embarcarem comigo na desarrumação, tentem manter-se nesse estado pelo menos uma semana. Vamos ver como corre a “semana ao contrário.”

Hoje fui almoçar à tasca da esquina. Fui tratada como rainha. Claro que o empregado de mesa me perguntou de que signo era eu… E se acreditava “nessas coisas”. Falou-me de portas que fecham sozinhas na casa dele…
Nos sítios mais inesperados, nas horas mais imprevistas, espera-nos a vida. Aquela que pode não ser tão arrumada como gostaríamos, mas definitivamente mais rica.
E podemos sempre voltar a arrumar-me. A diferença é que saberemos porquê.
Boas desarrumações
IdoMind
about trying


junho 15, 2009

Elos


O dia perfeito para sonhar. O dia da lua.
Afastado o trânsito mental que estrangula a livre circulação das ideias maiores, deixem-se inspirar pelas visões que escolhemos encobrir com vários véus, até que delas ficou apenas uma leve memória do que poderíamos alcançar se as seguíssemos.

Hoje sonho com a liberdade.
Acompanham-me? Falo também para aqueles se julgam livres. Para aqueles que enquanto lêem, pensam que já fazem tudo o que querem, quando querem e como querem. Mas isto não é liberdade… Se fosse, já não choravam. Não se sentiam sozinhos. Agredidos ou magoados. E viveriam em permanente agradecimento. Satisfazer as nossas vontades, à nossa maneira, não é liberdade. Tem outro nome, é egoísmo.
Nada tenho contra o egoísmo. Considero-o até bastante útil. É o que nos mantém no nosso trilho isolado até nos apercebermos dos muitos trilhos paralelos que desaguam num caminho único – a partilha. É preciso que nos esgotemos no nosso egoísmo para que não restem dúvidas sobre o que somos e o que na realidade queremos. Para ser altruísta é preciso ter sido egoísta o suficiente para irmos ao fundo de nós, apenas por nós, e entendido que as mãos abertas nunca estão vazias.

A liberdade está onde o medo é proibido. Podemos encontrá-la no “não” audaz porque o “não” é a resposta que sabem ser o sim a vós mesmos. O sim àquilo que condiz convosco. O sim que a vossa alma espera. Quando somos livres somos capazes de dizer não. Sem culpa.
A liberdade também costuma ser vista ao lado da verdade. Alguns falam dos estragos que as duas podem fazer e chamam a esta dupla, egoísta. Ser livre é ser verdadeiro. A tempo inteiro. Sem os intervalos em que somos meias-verdades de nós próprios. Já vendemos falsificações. Das nossas verdadeiras opiniões. Do que nos faz realmente palpitar. Dos sonhos que ninguém sonha que nós sonhamos. Mas cumprimos a pena porque nenhum crime contra a nossa essência fica impune. Sabemos disso e hoje, dia do sonho acordado, somos capazes de dizer todas as verdades. Sem pecado.

Ser livre é aceitar o nosso destino. E dar os passos no seu encontro. Ou esperar que ele venha ao nosso. São livres. Façam como sabem que tem de ser feito.
Sonho por isso com liberdade. Levar-me-á onde sei que quero ir. Tão livre que sou, que não consinto em aprisionar ninguém. À minha volta não há prisões. Nem de gelo ou de vidro. Ou aquelas de chocolate, doces e frágeis, mas que não deixam de ser prisões. A minha amizade não prende e o meu amor não é carcereiro. De nada. De ninguém. É com isso que sonho. Ser livre e dar liberdade.



Acabaram-se os meses que se tornam anos, longos e tristes, longe de nós. Hibernados nas cavernas em que nos vamos abrigando aqui e ali. Encolhidos no aconchego de um casamento morno. Essa temperatura adequada que nunca aquece, nem arrefece. Nas cavernas não há estações, tudo é um interminável Outono.
Cheira-nos a Verão lá fora. Sentimos a frescura das chuvas renovadoras. Sabemos que os campos estão pintados de flores. Mas amarramo-nos na caverna dos deveres e das obrigações até que a luz do sol fere já os olhos.


Também eu preferia encontrar o meu destino sem causar sofrimento, a mim ou aos outros. Mas onde há dor, não há liberdade. É porque estamos presos a apegos moribundos e alguns já a deitar cheiro mas dos quais não queremos passar a certidão de óbito. É porque estamos amarrados a memórias do que foi que queremos muito que volte a ser, a esperanças que nunca vão deixar de ser só isso. A dor é aquela parte de nós a lutar pelo seu lugar. Que não quer de modo nenhum ceder a desconhecidos.


Por isso sonho com a liberdade. Não me quero agrilhoada, nem quero agrilhoar. Quero-me encadeada. Um elo entre muitos elos, todos livres, formando o Plano.

Sonhem-se também livres para que possam encadear-se na liberdade que nos foi concedida de ESCOLHER.
Sonhem e escolham. Aposto nas saídas das cavernas. Ainda que doa. Ainda que faça doer. Nada dura para sempre, nem a dor.
Ser livre é ser forte. E sonho com isso.
IdoMind

About honesty

junho 10, 2009

Hoje vi Deus - Armado em químico

Esta semana Deus andou a fazer das suas.
Vi-o em muitos lados e ouvi-o em muitos lábios. Estava ansioso por me levar ao sítio marcado desde sempre. Está quase a conseguir.
Foi nas coincidências que Ele mais se mostrou. Atrasou-me várias vezes apenas para que eu me encontrasse com várias pessoas. Fez também que outros se atrasassem para que me encontrassem. Ontem levou-me uma amiga para que eu ouvisse acerca da insatisfação.

Esta amiga é um raio de sol. Bonita por fora e por dentro. Em todos os anos que a conheço acho que nunca a vi num dia cinzento.Começámos a falar de nós. Perguntou-me se havia novidades, levantando as sobrancelhas e esboçando aquele sorriso oblíquo que atravessa a face. Sabem, o conhecido por sorriso malandro. Portanto já perceberam a que tipo de novidades se referia. Ri e respondi-lhe que o meu príncipe com certeza tinha sido atropelado e estava para aí caído numa valeta qualquer! Ou então vem de burro!
Por sua vez, ela confessou-me que não andava muito bem. Está presa a um dilema que a enreda de tal forma que deixou de lhe ver a ponta e o fim. Adora o marido. É o seu melhor amigo, é com quem conta e a quem conta tudo, mas…
Aquele “mas” sinónimo de “ e de que vale tudo isso?”.

Sente falta de sentir. Gostava de voltar atrás, há 10 anos, quando esperava cheia de saudades que a sua laranja-metade chegasse a casa. Ao tempo em que ainda perdia muitos minutos embevecida a olhar para ele apaixonada por cada traço e por cada marca.
Agora já não é assim. Gosta quando ele está, mas não espera que ele venha. Fazer amor continua a ser bom, mas perdeu o gosto a sagrado.
Não sabe se é só uma fase ou se este desassossego é o princípio de alguma coisa mais séria. Não ajuda o facto do marido ter sido o único homem com quem esteve. Agora nos seus trinta e poucos assaltam-na umas vontades esquisitas… Com as quais não está a saber lidar.
Íntegra como é, conversou com o marido sobre estas angústias, que ele não só ouviu, como compreendeu. Mostrou-lhe o cartão verde para decidir o que achasse melhor para ela. Entendeu também a vontade de estar com outras pessoas embora ele não a sentisse.

Vi Deus numa mulher insatisfeita. Apesar de já ter visto muitas mulheres insatisfeitas, nunca vi Deus em nenhuma delas. Acho que Ele só se mostra naquelas que são valentes o suficiente para o receber. Não é fácil convidar a verdade.
Vi Deus na nudez dos nossos desejos inconfessáveis. Na impermanência que nos nega a imobilidade.
Pensei por bastante tempo na odisseia emocional da minha amiga. Não soube muito bem o que dizer-lhe porque eu vivo ao som das batidas do meu coração, mas outros escutam o ritmo vindo de outros lados. Provavelmente eu afastar-me-ia por uns tempos para me perceber.Para sondar dentro do meu peito a causa das suas inquietudes. Se me conheço, não conseguiria voltar a fazer amor até que me sentisse sagrada de novo. Eu acredito que o sexo é uma porta para dentro de nós, e não só no sentido literal.
Descansem, não me perdi no raciocínio A loucura foi ontem...
Vi Deus neste desabafo entre duas amigas, uma delas com uma relação estável e segura e a outra mais volátil e livre que o próprio vento. Uma a querer o que a outra tem e nenhuma satisfeita.Talvez seja a condição humana. A busca incessante só pelo prazer da busca.
Mas a felicidade é uma recompensa individual, conquistada a cada decisão consciente que nos coloca mais e mais perto de quem somos. E do nosso objectivo. Do propósito que nos trouxe aqui. Para que possa ser partilhada, a felicidade tem de primeiro ser encontrada numa cruzada que é feita a sós.

Não há fórmulas mágicas para ser feliz. Os ingredientes estão todos cá e à disposição de quem quiser ser o mago da sua própria vida. Cumpre-nos escolhê-los. Fazer as misturas que entendermos, certos que uma ou outra má combinação nunca será fatal e que nos enriquecerá de conhecimento. Aprenderemos que certos elementos simplesmente não ligam, enquanto que outros operam maravilhas quando unidos no mesmo tubo de ensaio. Aprenderemos sobre as reacções. E decomposições
Depois é só experimentar. Sem o fazer ficaremos para sempre confinados às fórmulas dos outros e às quais poderemos ser alérgicos. O primeiro sintoma é uma fome que não acaba, por mais que se coma. Segue-se um desconforto, onde quer que se esteja, com quem quer que se esteja.
Se for o caso, recolham-se ao vosso laboratório e comecem a preparar o antídoto, porque também somos os nossos curandeiros. Recompostos e curados lancem mão à vossa receita, experimentem-na e sejam muito, muito felizes.

Hoje vi Deus numa mulher com fome e desconfortável e lembrei-me que sou maga.

IdoMind

about what I want

junho 09, 2009

És tão lindo! Maravilhoso! Mesmo engraçado!

Preparados para a loucura? Hoje, terça-feira, é dia de ser diferente e de fazer a diferença.
Escolhi para esta semana dizer a beleza de cada um.
Vou olhar, vou ver e vou ligar-me aos outros. Vou descobrir-lhes os detalhes. Os pormenores que marcam a sua identidade. Pessoal e intransmissível.

Somos uma mescla de preto e branco. Uma confusão mais ou menos arrumada de sentimentos e razão. Somos sábios com falta de memória e idiotas com rasgos de uma lucidez espantosa. Clarividente quase. Parece-nos até que tocamos a verdade das coisas, mas depois toca a campainha. É o homem da luz para fazer a contagem, o carteiro com umas contas para entregar, o amigo a queixar-se da namorada, o filho mais velho que se esqueceu do saco de treino e voltamos a esquecer-nos do conhecimento adquirido ao longo de tantas experiências.
Somos também quem fazem de nós. Alguns são só o que fazem deles. Habituados a ouvir como são imaturos, teimosos, sempre a mesma coisa, que não mudam, começam a identificar-se com aquilo que lhes dizem que são e não com aquilo que sabem que são.

Outros identificam-se com as suas decisões. Algumas tomadas em condições particulares há muito tempo atrás mas que acabaram por tornar-se padrão porque lhe trouxeram reconhecimento ou respeito. Certas decisões abriram um fosso entre eles e os outros e agora não há força para construir uma ponte. Ainda o chamariam de louco se depois de tantos anos de desinteresse, começasse a perguntar às pessoas como estão, se querem ir jantar fora ou se lhes chamassem a atenção para a lua cheia maravilhosa que se plantou no céu da cidade.

Comportamentos que foram cimentando o nosso eu para o mundo. E o mundo já só nos conhece daquela maneira. Tudo o que escapa ao modo de agir habitual, esperado e congruente com a nossa maneira, gera cuidados. Devemos estar com algum problema que não queremos partilhar. Ou então é o período. Não, deve ser algum medicamento…
Para não preocupar ninguém, vestimos o mesmo tipo de roupa por muitos anos. Arriscamos uma vez ou outra não ir logo para casa depois do trabalho. Não falamos com desconhecidos. Abafamos os nossos detalhes.

Acredito que progrido quando faço progredir. Melhoro quando faço melhorar. Caminho suave quando espalho suavidade. E alegria vem para o meu canteiro sempre que a semeio noutras searas. Acredito nos olhares que mudam as paisagens.E as pessoas.


Assim, esta semana que me esperem a colega gordinha a quem vou dizer que tem um sorriso LINDO! Que gosto quando ela entra na sala porque tudo fica mais claro. Vou dizer-lhe que é importante tê-la comigo…
E àquele cliente que acha que tem tanto azar com as mulheres, que começa a perder a já pouca confiança que tem em si, vou falar-lhe da tranquilidade que se respira quando ele está. Que gosto dele porque é sensato e porque é generoso. E também porque passei a apreciar aquelas histórias de amor dele que acabam sempre na fnack a refazer pela trigésima vez a sua colecção de música clássica…

À minha irmã…à minha querida irmã, pouco tenho a dizer mas ela tem muito para ouvir…
Vou ser louca também com ela e confessar-lhe que amo a vida que transpira de cada poro dela. O ímpeto que a faz andar sempre para frente, levando-a tão longe que já não consegue olhar para trás. Esta é marca da minha irmã – ela VIVE… E vou dizer-lhe que ela me inspira a viver. Espera já todas as loucuras de mim, bem sei, mas estas palavras vão fazê-la sorrir, chorar e amar ainda mais estar por cá.
E a minha proposta para esta semana é mesmo esta – dizer as palavras que inspiram a viver.
Dizer a todos que sem eles, isto não teria a mesma piada. Falem-lhes da sua beleza. Se olharem vão perceber qual é. Para lá da senhora da secretaria, do pai, da miúda do pronto-a-vestir, da mulher e do homem, há um ser humano desejoso que lhe digam como é bonito. Que alguém consiga ver através deles e gostar do que encontra.
Na amálgama que somos, está misturada a divindade. É só vê-la. E proclamá-la.

Se forem loucos o suficiente, claro…
IdoMind


about beuaty
P.S Aproveitem os feriados para louvar e viver toda a loucura. Podem experimentar esta com a outra da boa disposição. Bombástico!!
Exemplo: Quando falarem com aquele amigo que tem sempre a cabeça na lua e se esquece de tudo, digam-lhe que ele é o máximo, que só vos faz rir e perguntem-lhe o que é que um distraído pergunta ao outro.Não sabem?
- " A azeitona tem pernas?"
- Não - responde o outro.
- Então comi um besouro!"
LOL LOL LOL

junho 08, 2009

Em sonhos, eu...


Vamos a mais um sonho? Eu sei. É segunda-feira. O telefone ainda não parou. Os colegas entram e saem, interrompem, fazendo-nos perder a concentração. Bem como a paciência. Está toda a gente apressada para resolver tudo. Agora! E com dois feriados, não há mãos a medir. É difícil sonhar assim…
Mas não é impossível, por isso vamos fazer um esforço para não nos deixarmos apertar contra as paredes destes nossos pequenos mundos que parecem não parar de encolher e nos sufocar.
Por um minuto que seja, parem o que estão a fazer e respirem fundo. Respirem bem fundo. Por um precioso minuto libertem-se. E sonhem.
Proponho que hoje sonhemos connosco. Vamos sonhar com a pessoa que gostávamos de ser.
Eu já me vejo radiante a acordar de manhã. Para mim cada dia é um milagre. Uma oportunidade única e irrepetível de me conhecer. De me melhorar. Se quiser.

Vejo-me sentada naquela pedra triangular junto à praia onde fui tantas vezes à procura de razões para continuar. Vejo-me lá sozinha e em paz a olhar para minha vida como se eu fosse outra. Observo a outra. Como aproveita os seus milagres. Olho para ela a entrar no escritório, a falar com as pessoas, a dizer ao exterior quem é. Olho para ela a tentar aguentar-se de pé, estoicamente, como uma heroína que ninguém pediu que fosse mas que esperam que seja.
Lá vai ela a limpar as lágrimas em segredo. Não foi capaz de dizer “BASTA” outra vez. Deixou que escolhessem por si, de novo. Tem medo. É sempre mais fácil, quando as coisas não correm exactamente como gostaria, ter o pequeno conforto de pensar que não foi ela quem quis, quem fez, quem disse…não foi ela, foram os outros.
Também é mais fácil viver sem os conflitos que a defesa dos nossos projectos e das nossas expectativas de vida podem obrigar. É mais fácil acenar com a cabeça que bater com o pé. Ou com os dois. Podemos perder o que achamos de suma importância. Podemos deixar de ser tão apreciados. De sermos as boas pessoas.

Libertem-se. Sonhem-se a rebentar com as algemas que vos tolhem a acção. Podem começar pela falta de amor por vocês mesmos. Não são perfeitos? Ainda bem. EU abençoo a minha imperfeição. Todas as minhas imperfeições, que me tornam singular. Ímpar. Igual a mais ninguém. As minhas imperfeições levam-me a caminhar o caminho perfeito…o MEU caminho. Preciso reconhecê-las para que reconheça a direcção a seguir.
Agora que olho para a outra, assumo o compromisso de manter apenas as imperfeições que me definem enquanto filha do Meu Pai.
Quanto às outras, vou aperfeiçoa-las. Sublimá-las e usá-las como escada para o meu crescimento pessoal. Degrau a degrau.

Sonhem-se a amarem-se. A serem brandos convosco. A compreenderem as vossas razões e os vossos receios mais profundos. A serem o vosso melhor amigo. Que consola sem deixar de vos dizer uma verdade. Que vos ouve sem julgar. Que aconselha o melhor conselho que tem. Que vos sente. Sintam-se e depois sonhem-se.

Sonhem o dia em que se levantam determinados a dar voz ao sonho. Aquele dia em que vão deixar de encarnar o papel do indiferente a quem nada, nem ninguém afecta. Para quem nada é assim tão maravilhoso, assim tão bom, assim tão especial.
O dia em que vão deixar de ser o mal disposto. Aquele que não brinca porque tudo é sempre muito, muito, muito sério. Aquele que não arrisca dar um passo para fora da sua casca. O certinho incapaz de deixar o carro mal estacionado mesmo para ir pedir em casamento a mulher da sua vida que está a passar do outro lado da estrada. O triste. O que passeia com uma nuvem negra sobre a cabeça e que acaba por nos molhar de vez em quando. Sonhem o dia em que a nuvem é desfeita pela força de um raio de sol vibrante de vida.
Sonhem o dia em que não há sacrifícios. Em que não precisam de fazer nada porque “tem de ser” mas apenas porque vos dá uma imensa felicidade fazê-lo. Porque adoram o brilho nos olhos do vosso filho face ao prato de arroz de pato que só vocês sabem fazer. Porque a melhor coisa do mundo é sentir a satisfação do vossos companheiros com as pequenas coisas domésticas, como uma cama bem feita, um banho à espera ou apenas um presente sem ser no aniversário.

Sonhem-se a fazer tudo aquilo que exprime a visão mais bonita que têm de vós mesmos. E tentem trazê-la dos sonhos à vossa realidade. Aos poucos. Lembrem-se, degrau a degrau..

Eu sonho-me mais corajosa. Destemida face ao desconhecido. A aceitar cada desafio com bravura e fé no resultado. Por isso comecei a sonhar. O sonho é irmão da fé…
Eu sonho-me a ser e a estar apenas por amor. Só isso. Em tudo. Com todos. Esta é a minha visão mais grandiosa que tenho de mim – viver “em” e “por” amor.
Enquanto não consigo viver “de” amor vou sonhando com esse dia e ajudando os Deuses a ajudar-me a concretizar os nossos planos de sonho…

Sonhem-se bem.
IdoMind
about changes



junho 03, 2009

Onde o mar é mais azul...

Por pouco não chegava a tempo de vos falar como vi Deus.
Será a rubrica das quartas-feiras. Já vos falei desse meu hábito de escrever no diário aquele momento que por um motivo qualquer me tocou particularmente e onde “Vi Deus”.
Hoje Ele esteve comigo por todo o lado. Deus tirou folga do Céu e veio até ao Oeste.

Começou cedo a sua visita turística.Logo pelas sete e pouco da manhã, a carregar mobília guardada na garagem de um amiga. A mobília do meu primeiro escritório. A que comprei logo após o estágio, com os poucos trocos que tinha, há tanto tempo atrás. Hoje voltei ao início. De novo a minha mobília se viu de pé, desimpedida dos papéis, plásticos e fita adesiva que a protegeram todo este tempo. Orgulhosa e resistente. Para minha surpresa, também bastante actual. Móveis montados, foi a vez de desempacotar processos, papelada e trinta mil quilos de inutilidades que acumulei nestes anos de profissão.
Tudo para o lixo. Estou tão contente comigo. Fui capaz de rasgar, de amassar e de deitar fora…

Encontrei vestígios de uma vida anterior, aquela que vivi antes de saber quem era. Registos da mulher que fui antes de me tornar criança e doida.
Uma colecção de multas de estacionamento do meu ex-marido, religiosamente guardadas na esperança que ele um dia me devolvesse o dinheiro. Cartões de Natal de alguns clientes, agradecendo ter sido alguém como eu a ajudá-los.Um desenho do amor da minha da vida, a minha priminha, que me pintou cheia de corações atrás da secretaria no meu primeiro escritório. Mantive este desenho pendurado todo o tempo que lá estive e que depois guardei quando sai e fui para outras paragens.
Vi Deus em todas aquelas fases da minha vida. Na paciência com “aquele cujo nome não dizemos” (o meu ex-marido), na confiança e no carinho dos clientes que se tornaram amigos até aos dias de hoje. Na ligação intemporal com a minha menina.

Já vivi tanto… Hoje apercebi-me disso. E agradeci.



Enquanto punha ordem no meu novo lar profissional, dei de caras com uma coincidência extraordinária: faz precisamente hoje nove anos que fiz a prova que me permite o exercício do meu ofício. Há nove anos atrás estava diante de um júri a tremer e a rezar para poder ser o que sempre sonhei ser. E que consegui. Nove anos depois desse dia tão especial, estava de chave de fendas na mão a lutar contra uma estante no meu novo escritório. Achei incrível. Vi um sinal do céu a dizer-me que tudo estava no devido lugar. Assim que acabei de ter este pensamento, e enquanto continuava a ordenar a papelada, dou com um envelope com 30 Euros dentro. O dinheiro que algum cliente me enviou mas que me já esqueci para que seria. Ri comigo e pensei “Estás certa, tudo está no devido lugar. Por pensares bem toma lá esta recompensa.”…
Voltei a ver a Deus. A mostrar-me os ciclos das coisas. Que por vezes andamos à roda para voltar ao ponto de partida, mas com um entendimento maior. Compreendendo e aceitando o que nos acontece. Aprendendo acerca do propósito de tudo. Voltei a agradecer.Agora comovida.

Cansada, toda suja, empoeirada, mas leve como uma pena, fui surpreendida pela visita de dois amigos.
Sabiam que estava de mudanças e antes de irem jantar, mesmo depois das muitas horas de trabalho, foram ter comigo para me ajudar. Sem que eu pedisse ou dissesse o que quer que fosse… Sorridentes e com a boa vontade que há muito tomou os seus corações de arrendamento, arregaçaram mangas e carregaram caixas do arquivo morto, livros, códigos, varreram o chão e ainda me levaram a jantar.
Três doses de sardinhas e duas garrafas do tinto da casa… Viva a Vida! Viva a Vida que será sempre abençoada para quem tem amigos de verdade.
E vi Deus. Neles vi Deus na sua expressão mais pura: na dávida desinteressada. Na amizade sincera. Nas mãos que nunca estão cansadas para ajudar.
Vocês não vão ler este texto, mas escrevo-o para que testemunhe o meu eterno agradecimento pelo vosso gesto e por esse amor que têm por mim. Obrigada, meus queridos amigos.

Com eles brindei ao meu novo início. Uma esperança inexplicável embalou-me de tranquilidade. Depois de muita água engolida, da cabeça partida e bastante ginástica, percebi que a corrente, até a mais violenta, serve apenas nos empurrar até ao nosso destino. Podemos cansar-nos e remar ao contrário. Ou descontrair e aproveitar a boleia…
Hoje, Deus tirou o dia para mim. E eu tinha que vos dizer.

IdoMind
about thanking

junho 02, 2009

Loucos por um dia - Vai uma gargalhada?

Lembram-se daquele dia em que acordei diferente. Mais louca. Em que decidi começar a fazer o que qualquer homem ou mulher saudável apelidaria de loucura.
Pequenos gestos, quase insignificantes, mas que imperceptivelmente nos começam a levar de volta aos jardins que abandonámos com isto de ser adulto.
Os jardins que esquecemos quando mudámos para a cidade, onde há ordem, ruas com nomes, semáforos que nos dizem quando avançar e quando parar. Onde estamos arrumadinhos em sítios. É fácil morar na cidade, basta cumprir as regras. Mesmo que não tenhamos participado na elaboração das mesmas. Mesmo que não as entendamos. Para ser cidadão da cidade é preciso obedecer, é preciso ser igual. Que bom que é ser igual. Que alívio. A igualdade permite-nos andar durante o dia na cidade a fazer aquilo que chamamos de sobreviver. Tranquilos e indetectáveis, vamos respirando.
Mas a diferença existe. Ela está lá. Pulsante e zangada a cada igual que a obrigamos aceitar. É por isso que há a noite na cidade. E em nós…No escuro fugimos para os bairros degradados que foram proliferando dentro da nossa casa. Tem muitos nomes a noite de cada um, mas hoje estou aqui para falar da diferença e não da noite.

Às terças-feiras passarei a publicar “Loucos por dia” partilhando a loucura da semana que escolhi para dar voz à minha diferença.
Já agora, o que é que um tomate diz ao outro?
- Tomatas-me!"


A minha loucura: levar boa disposição por onde passar.

Chega de crise. De prestações em atraso. De insegurança. De medo. De caras feias.
Até para o vizinho retardado mental com dificuldades em entender que o lixo tem sítio próprio para ser depositado, que não é a entrada do prédio, eu vou ser bem disposta.

Vou chegar ao emprego e dizer bons dias em francês. Antes de me sentar vou passar, devagar, pelos meus colegas, olhar para eles em silêncio, de cara muito séria. Depois voltar atrás,fazer uma careta e largar uma gargalhada.

Vou surpreende-los, sendo diferente do que costumo ser. Interessada. Mais humana e mulher. Se calhar até lhes falo um pouco de mim. Mostrar-lhes que não sou o poço de segurança que imaginam e que também choro. Que quando me irrito, fico com soluços. E vou fazê-los rir…
Afinal este é lugar onde passo grande parte das horas dos meus dias. Estas são as pessoas que com quem estou. Porquê pintá-las de preto se posso colori-las.

Onde passar vou deixar um arco-íris

No caminho para casa vou sugerir ao motorista do autocarro que faça um desvio. Ou para andar às voltas na rotunda até os passageiros ficarem azuis, enquanto anuncia no microfone “ e do lado direito podemos ver uma fonte que não serve para nada mas que é muito bonita… e que deita água.” De certeza que já pensou nisso um milhão de vezes. Vou perguntar-lhe qual é o sonho dele.-lo a imaginar como seria se um dia resolvesse fazer uma loucura.

E o que diz uma impressora para a outra?
Desistem?
- “ Essa folha é tua ou é impressão minha?

Também em casa, onde nem sempre é fácil ser bem disposta, vou substituir as frases com mensagens subliminares por gargalhadas. Mas daquelas francas. Não das sarcásticas ou das que usamos para nos defender daquilo que na verdade não achámos qualquer piada. Vou trocar as queixas e as lamúrias por histórias giras de contar e de ouvir.
Procurar um meio de expressão mais engraçado. Menos doloroso. Para mim e para os outros.

As coisas são como são. Nós é que podemos mudar a nossa atitude diante delas. E logo passarão a ser outra coisa.
Há sempre duas opções. Eu escolho a que não é carregada de amargura. Eu escolho aquela que não me faz envelhecer precocemente. A que não me faz rugas na testa.
Eu escolho ser quem sacode os fardos da seriedade de cima das costas dos que me rodeiam. Eu escolho levar o calor que descongela o frio de todos os corações. Derrete-los de bom humor. Eu escolho não desistir de brincar.
Eu escolho espalhar a boa notícia: podemos ser diferentes. E sermos felizes.
Chamem-me louca…

IdoMind
about jumping, singing and other crazy things

junho 01, 2009

Sonhos Acordados

Alguma coisa vai mal. Se estivesse tudo bem não ouvia os ecos vindos de dentro de mim. É porque algo está oco. Há um espaço não preenchido onde passeia a insatisfação. Esta eterna insatisfação. A necessidade não sei bem do quê que se tornou o fantasma que persigo.
Mas não estou sozinha. Todos temos fantasmas. Todos temos os nossos abismos diante dos quais ficamos pequenos. Seres minúsculos que não compreendem a dimensão da sua própria vida. Vem aquele medo…Uns de não ter.Outros de não ser. Todos temem não controlar. Apesar de todos sonharmos um dia perder o controlo. Chegar a casa e dizer: “ a partir de hoje quem quer jantar que o faça porque eu vou estar num curso de pintura. De nús!”. Perder a cabeça e encurralar aquele estafeta giraço contra a fotocopiadora. Despedirmo-nos. Divorciarmo-nos. De tudo o que nos faz mal. Mudar de cidade. E de estilo. Perguntar ao patrão se gosta do piercing que pusemos na língua só para o ver com o príncipio de AVC.
Somos garrafas de champagne prontas a saltar a rolha. E que celebração seria se nos deixássemos embriagar pelos sonhos de nós mesmos.



Percebo, cada vez com maior clareza,que precisamos de sonhar. Esse é o primeiro, de muitos passos, em direcção à vida que gostaríamos realmente de viver. À nossa descoberta. Que seja então a nossa imaginação a desbravar caminho para a nossa realização.


Porque “O homem sonha e a obra aparece” passarei a publicar às segundas-feiras “ Sonhos Acordados”.
Serão artigos dedicados a um projecto por semana. Aquele sonho que gostávamos de ver concretizado. Será a minha forma de colaborar com o Universo no processo de criação de dias mais luminosos, mais leves, mais mágicos, cheios de sinais e coincidências que me levam onde há sempre uns lábios sorridentes com boas notícias para me dar ou apenas um beijo para me oferecer naquele dia em que tudo o que precisava era mesmo um beijo…
Será também a forma de me lembrar que eu sou o Deus da minha vida e por isso a única responsável por mim.

Para estreia escolho um sonho que todos sonhamos: o trabalho perfeito.
Eu sei, parece um contra senso. Os conceitos são quase antónimos. Perfeito seria não ter de trabalhar… não é?
Para quem está a rir e a acenar afirmativamente com a cabeça, enquanto pensa que esta foi das frases mais certeiras que já ouviram, talvez seja hora de sonhar outros sonhos. Ou de apenas começar a sonhar.
Vejam-se a fazer o que mais gostam (dormir não vale, a não ser que se ofereçam para objecto de estudo numa clínica do sono…).
Não há limites no sonho. Não é requerida licenciatura. Determinada idade, carta de condução ou conhecimentos em Excel. Não é preciso experiência. Nem saber falar muitas línguas. Só é preciso ACREDITAR.


Sonhem e acreditem. Imaginem o trajecto, de carro ou a pé, para esse trabalho. As instalações. A entrada arejada com o chão ladrilhado. Os vidros limpos a reflectir o sol. As escadas em madeira clara que sobem até ao vosso gabinete. O vosso canto. Tão bonito. Tão à vossa imagem.
Estão a olhar para vocês a deixar a vossa marca no mundo. A confeccionar refeições temperadas de amor no restaurante que finalmente conseguiram abrir. A escrever o vosso segundo livro sobre tudo e nada. A fazer pulseiras de material reciclado. A comprar o bilhete para África…


Estão a olhar para vocês incrédulos com as voltas que a vida deu para que estivessem ali, naquele momento a fazer o que tanto prazer vos dá. Quantas peças se cruzaram e descruzaram para o vosso desejo mais profundo se realizasse.
Pensam também em todo o tempo que estiveram noutro lado, dia após dia, cada vez mais longos, a fazer o que achavam necessário…
Lembram-se das manhãs em que se foi tornando mais e mais difícil levantar. Dos colegas arrogantes, dos intolerante e daqueles que eram só idiotas para quem riam com vontade de bater. Da fábrica velha e suja, cuja humidade vos estragou os ossos. Da penosidade das tarefas mais simples. Da tristeza… daquela tristeza sem fim que apenas aliviava pelas 18 horas.


Recordam-se também do dever que não cumpriram. Do que cumpriram mal. Do sacrifício que puseram nas coisas. Da antipatia para quem não tinha culpa nenhuma de vocês ainda não terem descoberto o poder dos sonhos. Do azedume que estragava o ar. Da irresponsabilidade.
Sabiam que podiam e deviam dar mais. Mas não quiseram. Lembram-se desses tempos. Em que o que faziam era apenas um trabalho. Um meio de terem pão na mesa e um carro à porta.
São tempos longínquos que apenas guardam na memória como registo de lição aprendida.


Agora há alegria. Gostam do que fazem porque sonharam esse trabalho. Porque existe amor, há também empenho, há dedicação, há paciência para construir. Olham vaidosos para a vossa obra tão contentes por ver a beleza que têm dentro de vós a embelezar o mundo.
Dediquem-se a esse sonho. Chamem-no. Ele ouvirá e colocar-se-á em marcha. Os sonhos têm boa audição…


Enquanto ele não chega, acordem do pesadelo. Abram os olhos e olhem para o vosso emprego actual como nunca olharam antes. Imaginem que é o primeiro dia de trabalho e foram invadidos por uma vontade grande de fazer diferente. De fazer melhor. Também aí deixarão a vossa marca como aquele que não gostava do que fazia mas ainda assim o fez bem.

Bons sonhos...

IdoMind

about the joy in all things

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