maio 16, 2013


Sopa, mezinha
ralhete breve,
dizeres antigos
tão engraçados,
canja de galinha,
cabeça com neve
olhos amigos 
sangue herdado.

A prece singela
contra o diabo
A sesta da tarde
a palmada no rabo
a fé numa vela
luz que me guarde
de todo o pecado.

Este é o meu obrigado
a jeito de oração
ainda te queria ao meu lado
avó do meu coração.


IdoMind
about who always cared

maio 15, 2013

Em português


Diziam-lhe: livrou-se você de uma coisa má. Mas ela tinha saudades. Imaginava-o sem a sua protecção. Pensava que talvez estivesse sem comer bem, sem dormir, talvez não tivesse cuidado com o frio da noite, com o peso das batatas, com o zangado de algum animal. O seu menino mau podia estar todo errado, mas perto dela era corrigido nos perigos.


 Valter Hugo Mãe, in " O Filho de Mil Homens"

Tão bom que é encontrar nas palavras dos outros, os nossos sentimentos.

IdoMind
about beautiful writings

O Próximo




Proponho que me protejas
sem qualquer condição.
e nos meus medos te revejas,
cordeiro largado à multidão.

Pois não sabes que a inocência
precisa do teu rugir,
que lhe afaste a violência
daqueles cães de feroz latir.

Dá-me assim o que mais desejas,
e eu ensino-te a mansidão.
Será a ti, que em mim beijas
consumando a União.


IdoMind
about injustice

Perto do fim



Quando a minha vez chegar
já de pele enrugada,
de alguém me perguntar
- Que tal foi a jornada?

Vou responder com alegria,
que só levo gratidão
não foi só sangue, foi poesia
a alimentar-me o coração.

- Essencialmente um passeio -
vou dizer comovida -
de uma forma resumida,

trata-se de andar pelo Meio
numa Estrada tão partida
e chegar mais inteiro, 

do que à Despedida.

IdoMind

about this, oh so short,life of mine

maio 09, 2013

1-2-3 Diga lá outra vez


Nunca quiseste roubar-me os sapatos.
Estiveste a pedir-me que me descalçasse para sentir as nuvens debaixo dos pés.
O céu esteve guardado em cada pedra, mas eu só lhes senti a dureza.
Esmagaste-as uma por uma e fez-se areia porque eu preciso sempre de um deserto.
De uma travessia...
De sede e de visões.
De ti.
Eu preciso de toda a fé que um copo de água contem.
E do amor na mão que o segura.

Nunca quiseste arrancar-me as roupas.
Ver-me a morrer de frio ou de vergonha. Nenhuma nudez é consequência, mas sim condição.
Como poderias tu tingir-me de arco-íris, se te escondo a pele à cor? 
Não me deixaste por isso nua. Aliviaste-me, porque eu preciso sempre de um limite.
De uma dor.
De culpa e de punição.
De fim.
Eu preciso da força que vem, sem saber bem, se só minha ou de mais alguém.
E do mistério de cada tentar que sucede a queda.

Outro Maio e outra contagem.
Este ano aceito o teu presente - o meu futuro.
Que pode ser sem desertos e sem limites.
Fracassos.
Boicotes.
Paragem.
Chicotes.
A idade não é a mesma e a sabedoria também não.
Nem a canção,
nos lábios da maresia desta manhã de aurora.
Sinto-te. Sinto-me. Como sempre me quiseste, livre e leve.
Como as meninas, as almas e tudo o que é simples.
A voar.


IdoMind
about B-days
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