novembro 26, 2009

Reciclagem a quanto obrigas

O meu coração está mais quentinho hoje. Dispus-me a ouvi-lo. A ouvir-me. E fui capaz de ser gazela sobrevoando com leveza e graça o obstáculo que me separava daquela paz que tanto gosto.
Era só uma questão de orgulho. De muito, muito medo de voltar ao meu ermo vestida de patinho feio.
Foi preciso consciência. Foi preciso humildade. Foi preciso chamar a coragem que tinha guardada para usar um dia. Aquele dia, que parece sempre tão longe de hoje. Teve de ser, esgotei a dose da bravura que estava reservada e perguntei-me:
“ Porque estás a delegar em mãos alheias o teu próprio bem-estar?”

A situação é simples. Alguém que eu gostava muito, sem qualquer motivo ou explicação deixou de me falar. Ainda enviei uma mensagem a pedir desculpa se tinha feito algo que tivesse magoado e que nunca tive tal intenção.
Do outro lado – silêncio. Deste lado – “ Que raio…?”

Também deixei de falar. Fui mais longe e fugi. Deixei de ir onde gostava de ir apenas para não me cruzar com a pessoa. No domingo à tarde fiquei sem andar. As pernas simplesmente pararam. Não há qualquer metáfora escondida. Pararam mesmo. Não as conseguia mexer. Percebi de imediato e disse baixinho “ Está bem, amanhã eu vou lá.”.Segunda-feira levantei-me completamente recuperada…

Encontrei a pessoa e a coisa ficou para o estranho. Dois beijinhos educados na face e falar que é bom, nada. Resignei-me e embarquei no teatro. Até ontem. A verdade é que andava triste, constrangida. A falta de conhecimento traz sempre inquietude. E eu andava inquieta.
Contrariando então a natureza torta com que fui agraciada, depois fortalecida pela família “especial” que escolhi, pus o orgulho a dormir e tentei de novo.


Num rasgo (raro) de lucidez entendi que eu estava a ser igual à pessoa: irredutível na minha posição. Fosse ela devida a dor, a mágoa, a birra. O que fosse, eu estava de pés fincados na minha razão.
Noutro rasgo (ainda mais raro) de intrepidez, enviei nova mensagem “ Não me atrevo a ligar-te porque não sei o que se passa contigo mas se precisares de alguma coisa em que possa ajudar, eu estou aqui. Sabes que isto é sincero. Até amanhã”.


Foi com todo o amor que tentei desta forma esticar a minha mão e o meu coração até à outra margem. Que continuou e continua em silêncio.
Mas agora já não faz mal. Senti-me mais mulher. Um ser humano a procurar realmente ser melhor.
Senti todo o carinho que sinto por essa pessoa, a abraçar-me… A recompensar-me.
Sei que foi um acto importante no sentido da cura das feridas que julguei cicatrizadas.
Mas que não estão.

Estou muito contente comigo.
IdoMind
About myself

11 comentários:

Marisa Borges disse...

Só posso dizer que me enches de orgulho (o bom, claro) pois foi um passo gigante que deste! Acredito (a minha intuição diz) que algum Karma foi limpo. TOma atenção ao teu corpo que ele vai dizer algo!!!

Este foi o melhor terminar que alguma vez deixaste IdoMind about myself!!!!!

AMO_TE ;******

IdoMind disse...

Shin,

Se há pessoa que entende a extensão do meu acto, és tu...

O corpo ainda não disse nada mas a vida já. Tell you later.~

Do fundo da minha alma, obrigada por estares aqui e agora comigo mana

(bolas, estou mesmo all heart!!)

Love ya

Maria de Fátima disse...

Olá Maria, o primeiro passo é sempre o mais difícil de dar.Espero que tudo volte ao normal.Beijocas e bom fim de semana.

Marise Catrine disse...

... e deves estar!!

Querida IdoMind,

Já passei por uma situação semelhante e, como tantas outras situações na vida, se agirmos de acordo com a nossa consciência, libertamos um enorme peso dos nossos ombros. Se há pessoas que simplesmente não consegue dialogar, fogem dos problemas ou simplesmente padecem de "xeliques", ao menos nós temos a nossa consciência tranquila, por muito que magoe não sabermos o que possa estar a acontecer no outro lado.
Parabéns pela atitude. Força aí.
Beijocas

Viajante disse...

Ola IdoMind
Acho que neste poste foste:
Corajosa, porque nos deste a conhecer os teus sentimentos mais íntimos.
Corajosa, porque te preocupaste com outra pessoa
Corajosa, porque abriste mão do teu tão falado orgulho para construíres pontes.
Corajosa, porque apesar de todas as possibilidades não te serem favoráveis continuaste a ouvir o teu coração.

Se na realidade era um patinho feio acho que te transformaste num cisne.

Beijos

O Viajante

Silvia Freedom disse...

Como diz alguém que amo e prezo...

"Aonde eu não chego....lá está você..."
O Amor sempre vale à pena.
E assim será...

IdoMind disse...

Minha doce Mimi

Ainda não voltou ao normal, mas talvez o "normal" seja isto, algumas coisas ficam por explicar até que o tempo de as compreender chegue, sem necessidade de explicações...
mil beijos e já tinha saudades tuas

IdoMind disse...

Marise, my Brise

Tão bom este arzinho que trazes.
Pois, o problema é que doi não entender. Sobretudo quando as pessoas significam alguma coisa para nós. É a vida.

Talvez tenha de fazer mais alguma coisa.Ainda não sei....

Um grande abraço e temos de nos conhecer!
Espero que esteja t

IdoMind disse...

espero que esteja tudo bem contigo
(carreguei num desgraçado de um botão qualquer e o comentário seguiu, mas faltava isto) lol

beijos minha brise linda

IdoMind disse...

Amigo querido,

Fui mais que corajosa, fui diferente...
Quis, e consegui, agir de modo que nunca tinha agido antes - fui lá e mesmo que fosse para ouvir coisas "más" dei um passo por mim, porque a pessoa É importante e o que sinto justifica uma "reciclagem".

Adoro-te.Obrigada. De touro para touro sabemos o que dói mostar o coração...

Um grande grande beijo e um grande grande obrigado por todo o teu apoio. Aind o Jardim era canteiro e tu já iluminavas as sementes...

IdoMind disse...

Sílvia

Foi das frases mais bonitas que alguma vez li. Até fiquei emocionada. Senti todo o amor que ela encerra.
Assim seja sempre. Aonda nós não chegamos que lá estejam outros.
E ao contrário também.
Obrigada por partilhares isto comigo, vou guardar no meu coração.

Beijos

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...