novembro 19, 2009

Vida, vida

É agora que preciso do abraço. Daquele que é dado sem ser pedido. Que nos aninha e acalma a dor de uma solidão que não se escolhe. O abraço que traz a Primavera aos espaços vazios que foram crescendo cá dentro. Já vai longo este Inverno. O sol esqueceu-me de mim, aqui ao frio.

É agora que preciso de ouvir as palavras certas. Mãos com mãos e olhos nos olhos, ser capaz de falar. Sobre o medo e o que nos prende as pernas. Sobre expectativas. Sobre esta humanidade que nos força a esconder o corpo atrás de muita roupa. E as lágrimas atrás de caras paralisadas por sorrisos de plástico. Vamos calar todos os ruídos que nos cercam e ficar. Só ficar. Sente-me e reconhece-me como aquela que entende. E que ouve o indizível.

Conheço bem as lutas que nos roubam o sono. As vitórias da razão a que as emoções nunca se rendem. Os sentimentos pensados e os pensamentos que se sentem, envolvidos e desposados no conflito permanente pela busca do amor. É isso que tudo se resume, sabes? Todas as batalhas são por ele. Mas é na paz que ele se revela. No silêncio das disputas. Não antes.

Eu também fazia as escolhas seguras. As que me mantinham longe da vida e dos seus desgastes. Das pessoas que falavam de si e que andavam por aí com o coração à mostra. Do rebuliço que é andar no meio dos outros. Eu também não dizia desculpa…

Um dia percebi que me deitava sozinha. Como todos os dias. Eu, comigo. Foi o dia em que percebi que nada, nem ninguém importa além de mim. Mágico algum tem a fórmula para a minha felicidade. Para o que me faz sentir bem. Para as gargalhadas que já dei e para todas aquelas que ainda tenho para dar.

É tudo sobre simplicidade.
Ainda que custe, e como custa, pergunto se a imagem no espelho é mesmo a minha. Ainda que pese, e às vezes pesa, carrego a claridade que ilumina a falta de entendimento. A minha lanterna entra em todas as casas onde os enganos ergueram paredes. Ainda que demore, eu compreendo. Os tempos das coisas. As nuvens que pairam sobre os espíritos. O destino.
E os abraços que não têm de acontecer…

IdoMind
About words to say

7 comentários:

Viajante disse...

Olá IdoMInd

Tu já não te lembras mas Marte é um planeta lindo na sua natureza selvagem, todo de um castanho chocolate mas o seu melhor são as pessoas. Os marcianos não são verdes são até muito parecidos com os terrestres, mas devido à sua personalidade têm alguma dificuldade em inter-agir a nível emocional com os terrestres. Os marcianos acreditam nos outros deixam o coração falar acreditam na bondade dos outros no amor dos outros. Para eles sentirem o que fazem é tão importante como o ar que respiram. Mas existem coisas que não se podem mudar e talvez ainda bem, um marciano/a será sempre um marciano/a e ainda bem.
As marcianas são muito "interessantes", eu sei tenho uma em casa.

Um beijinho para a minha 2ª marciana favorita

O Viajante

adriana disse...

Vida, vida...
abraço, abraças, abraçamos...

Marisa Borges disse...

Mais uma vez saio daqui sem palavras! Grande qualidade na expressão!!!

Aquele abraço!!!

IdoMind disse...

Vianjante,

É um tristeza, nem com antenas me safo!
Descobri este fim de semana que sou sou mesmo capaz de ser ET, pelo menos falo uma lingua que ninguém entende. Quando falo, claro. Foi no encontro com o António Rosa.Muito esclarecedor...

Um beijo terráqueo maravilhoso, para variar, como não és homosexual, és casado! Homens bons são mesmo cabines telefónicas: ou não funcionam ou estão ocupados!

IdoMind disse...

Minha Adriana,

Quantas saudades dessa suavidade.
Sim, abracemos. Era esse o objectivo do post, promover o abraço que não tem de ser pedido, apenas dá-lo com todo o amor.

Um abraço desses para ti.

IdoMind disse...

Shin, sem palavras??!!

Tenho de trazer os pais a ler isto!

Obrigada minha irmã, pudera eu exprimir-se sempre assim, com clareza e com amor.Mas, sabes como é a tua mais velha....

Aquele abraço

adriana disse...

-_-

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