março 13, 2012

Get up Carmen

Só posso dizer que lamento. Tento encontrar outras palavras, mais ajardinadas, que te levem um cheirinho a dias melhores e a pessoas que mudam. Mas não estou a conseguir. Este meu realismo está muito realista e da minha experiência floriu o conhecimento, entretanto feito tronco da árvore que vou podando, sobre cuidar da vida com, por e em Amor.
Pode soar-te idiota. Vazio até. Só mais uma frase bonita para um artigo inspirado, poético e inútil. Faço a minha poesia com os olhos no mundo e o coração em Deus. Que vejo em toda a parte. Perfeito. Benevolente. Amigo. Um bocado parvo às vezes. Parece que não sabe o limite de certas brincadeiras. Indiferente, a que já não esteja a ser divertido e que por nós seria hora de voltar para casa, insiste em brincar connosco. Não Lhe acho graça nenhuma quando se põe aos empurrões. A força que faço para me equilibrar. Para me aguentar e não cair. Mas de tudo o que inventa para me entreter, o que menos gosto é quando se esconde e me obriga a ir à procura Dele. Fico assustada, sozinha no meio da rua, sem saber se estou perto, se estou longe, onde estou. Não sei se por piedade ou enfado, acaba sempre por Se mostrar para me mostrar que quem se escondeu fui eu. Vou-me encontrando. E subindo à minha árvore para fazer poesia.

Imagina-me assim, sentada num galho de uma árvore que envelhece a brincar. Lê-me assim, a entregar-te os meus olhos para que me vejas a tentar ser útil. Ainda que poética. É com Amor. Por Amor. Em Amor. Por mim. Por ti. Pela Vida.
Só posso dizer que lamento se não o consegues ver. Se não estás a ser capaz de o escolher.

Lamento-te sozinho numa casa com gente. Lamento o teu calor arrefecido na cama que congelou. Os braços dormentes e cruzados na almofada, sôfregos por se esticaram nos afectos desperdiçados noite após noite. Encolhendo-se, destroçados. Adormece-se no embalo de uma ideia só para não aleijar mais. Lamento o silêncio a usurpar o lugar das gargalhadas. Das confidências que unem. Das palavras certas que nos fazem brilhar. Lamento a distância intransponível de uma cozinha para uma sala. Lamento o sofá saudoso de pernas que se misturam, de livros que se lêem com cabeça num colo e do “ é tão estar aqui” dito em tom de segredo peito com peito. Lamento tanto que não te vejam…E não te calem a cantoria matinal com um beijo. Te agradeçam com mais beijos, muitos e sinceros, o jantar que preparas à tua maneira. Lamento que morras todos os  dias... da mesma morte.

Eu lamento. A minha parte. Aquela que sabe que estás aí. Por Amor rezo para que tu não lamentes. Que estejas em paz com a felicidade agendada para daqui a um tempo. Que vás a tempo. E estejas em condições de a conhecer quando a vires. Que ainda a queiras viver.
Ontem puseste-me a lamentar. Não me lembro da última vez que isso aconteceu. Quando me aceitei filha do meu Pai, deixei de lamentar para passar a agradecer. E a agir. Os milagres não vêm de cima. Vêm de dentro. Foi por o saber que há pouco tempo fiz um. Fiquei.

Mas desde ontem que lamento
Lamento por todos que amam amar os que não sabem como fazê-lo. Os que não querem e os que nunca amaram nada além de si mesmos. Os que se odeiam tanto que odeiam tudo o resto. Lamento que amor e sacrifício sejam utilizados na mesma frase. Lamento a escala de bens maiores e menores, usada para medir o valor de uma dor. De uma mágoa. De uma humilhação. De várias e cada vez mais requintadas. Lamento por todas as almas que definham  por aquilo que se confunde com amor…
Das maiores violência que conheço, desprezar um gesto de amor é a mais violenta. É preciso dignidade para amar. Mas é preciso ser ainda mais digno para saber tratar do Amor que nos dão.

Não ia acabar assim só que entretanto deu-te para ser poeta. Obrigado por não calares as vozes que se têm servido de ti para falar comigo. Também tu és mais filho do teu Pai do que estás disposto a aceitar.
Ainda achas indecente pedir que espere? Que me venhas buscar tudo o que tenho? E me entregues tudo o que tens? Temos uma dança para dançar. Muitas manhãs para acordar devagarinho com as mãos enlaçadas e risos a encher o quarto com as nossas músicas a competir. Temos uma história para acabar.

Bem vindo ao meu jardim. Não cheguei a sair porque não queria estar fora quando chegasses. Ouvi-me e esperei.Oiço-me de novo. E espero outra vez.
A próxima aventura é a dois. Se essa for a tua escolha.
Se for outra, que eu não a lamente porque te sei feliz e dono do teu tesouro.
Tudo é possível.Os milagres não vêm de cima. Vêm de dentro.

IdoMind
about sorrow 

2 comentários:

Marcia Toito disse...

É por isso que sempre volto aqui,para continuar acreditando...Em quê? Na força das sementes lançadas ao longo do tempo...

abraço pra vc e sua poesia!!

IdoMind disse...

:)) Minha Márcia...

Uma poeta percebe a outra. É o que tenho, poesia...Mais nada. Poeticamente acredito que é assim que deve ser. ;)

um abraço minha Amiga

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