novembro 16, 2010

IdoMind Maria, IdoMind Maria....


Gosto de mim exausta. De braços caídos e coração despejado dos medos que me confinam ao tamanho mais pequeno que tenho. Gosto de mim quando nada importa. Nada incomoda. Nada preocupa. Quando o futuro é este instante em que, sem saber, estou a entregar. Conseguisse eu ter a força para deixar de ser forte quando basta ser humilde para aceitar que parte da Vida é feita de espera. E de esperança.

A Spontaneous Revolution de Elle Moss



Gosto de mim vazia. Do que foi e do que é. Limpa das marcas que desenharam os limites do meu mapa. E passo as linhas invisíveis deixadas pelas duras lições aprendidas de gatas, cansada demais para me impedir de dar novos passos numa direcção que não conheço. Talvez vá sendo tempo de deixar de ser salmão e permitir-me ir na corrente. O Caminho pode ser árduo mas não é injusto. O meu é paciente. Tem de aguardar que eu me esgote para poder pegar -me ao colo e levar-me à boleia. Gosto de mim conduzida pelo meu Caminho. Sem fugir. Nem fingir.
Quando sou capaz de dizer “vem”. Abrir a porta descalça e receber com um sorriso as mãos que trazem a chave da etapa que se segue. Gosto de mim vencida a acolher as bênçãos disfarçadas de escolhas difíceis. Percebendo que apenas o arrependimento não tem remédio. E então se de vez em quando eu não for exemplar? Se só pensar em mim? Se não quiser saber da conta-corrente agrafada a cada gesto? E então se de vez em quando me apetecer ser mulher? De luas, apetites e fragilidades. De dúvidas…

Custa morrer. Enterrar aquele bocado de nós onde ancorámos todo o resto. É como se tivéssemos esquecido a nossa língua ou acordássemos numa rua que não a nossa. Sem a padaria do outro lado da estrada, o multibanco na esquina ou o estacionamento ao pé da farmácia onde temos sempre lugar. Fica tudo um pouco esquisito. Fora do sítio. E precisamos de tempo para nos habituarmos ao que mudou. A nós, que também já não somos os mesmos. 
Eu não sou a mesma. Ainda bem. Cheguei aqui para compreender que vou chegar mais além. Para lá da certeza que me conheço porque sou obra inacabada.
Gosto tanto de mim a gostar de andar por cá..


IdoMind
about not knowing  what the hell I´m doing and still be cool about it

5 comentários:

Anónimo disse...

Se já não és a mesma... porque será que ainda gosto de ti?

;* Le_Mon

IdoMind disse...

Porque sou adorável de qualquer maneira...? lol

Eu também gosto muito de ti, em versão desaparecido e tudo :)

beijosss

Marisa Borges disse...

E eu gosto de ti assim também, louca e receptiva à vida, sem medo do que a esquina encobre, pronta para a aventura, que me lembra como é bom ser criança louca, sem nada esperar e tudo dar!

Tinha saudades da tua escrita e de como ela nos inspira a sermos melhores :)

Fiquei muito feliz com este texto e acho que vou escrever sobre isso rkrkrkrkr

:*************

Onda Encantada disse...

Tããããooooo bom...

sentir um sentir de coração :)
Que leveza que traz o abrir os braços e dizer vem...

Abraçar o céu, abraçar-te, abraçá-lo(a) e ficar feliz por isso...

:*****

Marcia Toito disse...

nem te conheço,mas acho que iria gostar! que belo texto. Encanta-me!

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