O Amor está poluído. Coberto de nódoas. Dos restos das decisões mal decididas. Do perdão que não nos concedemos. Das sobras das decepções e dos despojos do que fomos perdendo. Tijolo a tijolo, erguemos as paredes que, tijolo a tijolo, temos de demolir. Vamos embatendo nas paredes uns dos outros. Partindo a cabeça. Rachando o coração.
Juntamos os pedaços, enquanto juramos que “nunca mais” nos vamos empenhar tanto. Dar tudo. Fazer isto e muito menos aquilo. Que vamos ter mais cuidado. Há quem jure nunca mais amar…Há quem o consiga. São os que vão estando sem estar. Aqueles dos beijos sem a troca e dos truques aperfeiçoados de cama em cama. Deixam os lençóis com o cheiro a nada e os braços pendurados a abraçar o vazio. São os Vazios que nos esvaziam.
Damos por nós a consentir que nos manchem a alma. Autorizamos o roubo da nossa essência. Dos nossos sonhos. Do que desejamos que a vida nos ofereça. Escondemos bem escondidos os sentimentos porque sentir é coisa de gente fraca e todos queremos ser fortes. Temos de ser fortes. Então, com o peito destroçado, acenamos a cabeça e dizemos que está tudo bem. E dizemos que compreendemos, o que não tem qualquer compreensão.
O Amor escapa das etiquetas. Não se cataloga. Não tem preço. Não é um produto como outro qualquer ao alcance da nossa mão e das nossas posses. Não se compra, não se permuta, não se usa e deita fora depois de bem amarrotado e pronto para a reciclagem. O amor não é negociável. Não obedece a termos, condições… a prazos. O amor não é nosso, é o que somos.
É uma dádiva que devemos dar se é a dádiva que queremos receber. Exige respeito. Viagens para fora do nosso umbigo, ao lugar onde mora a sensibilidade do outro. Não vale atropelar sem sequer olhar para um lado. Não vale mentir. Não vale tudo…
Deve ser simples. Digno e dignificante. Deve ser bonito…
Mas suponho que faça parte complicar até termos perdido noção das regras e já nem sabermos porque começámos o jogo. Esquecer por uns tempos a honra em nome de uma vitória oca. Tão fugaz que precisamos de lançar os dados outra e outra vez só para sentir qualquer coisa.
Sei que a minha valentia não é em vão. Eu mereço o risco de nem sempre acertar. E o de ser atingida…
Quando chegar vai ser simples. Digno.Cheio de Beleza. Eu sei.
Quando chegar vai ser simples. Digno.Cheio de Beleza. Eu sei.
IdoMind
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1 comentário:
Olá IdoMind
estou há varios dias para comentar este teu último texto porque pura e simplesmente não há nada para comentar. Não chega dizer que é lindo que fala do que sentes em relação a vários aspectos da vida. Isso são factos. Tambem não vale a pena continuar a falar da tua capacidade única de pintares a realidade porque isso é mais outro facto. Eu acho que agora só falta mergulharmos no teu rio conhecermos todas as praias os rapidos as pedras os meadros
Um abraço
O Viajante
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