maio 27, 2011

Mania das visões

Agradecia que parasses. Por ai mesmo. Encontraste o sentido da vida e fico feliz por ti. Não me tires o prazer de descobrir o Meu. E então se for mais a Norte? No Oeste? Noutro planeta rodeada de gente verde-alface com antenas? E então? Os traços das nossas mãos são diferentes porque a nossa Viagem não é mesma. Deixa-me desviar-me, andar às voltinhas, perder-me até. Julgas que esta fé foi encontrada numa rua bem iluminada? Que dei de caras com esta coragem, sem lutas, sem máculas? Por cada escolha há um atalho. Ou muitos. Alguns com a placa de sinalização, outros que só se revelam quando nos livramos das silvas e regressamos à nossa rota. Há atalhos tão largos que se confundem com a Estrada Principal…

Com um pé no Desvio e outro no Caminho, cheguei aqui assim – mais Mulher. 

Aquela que dizes que gostas. Que respeitas. Então porque te esforças tanto para me mudar? Poisa o martelo e espera que seja eu a quebrar a minha casca. Cá dentro a transformação ainda está a acontecer. As minhas entranhas ainda se revolvem muito a ajustar-se à pessoa em que me torno. Permite-me sentir-me a mudar. Por mim. Ouvir a pele velha cair e a nova a romper, por vezes furiosa, outras timidamente. Eu e a Mudança não nos damos bem, uma de nós é sempre violenta para a outra. Não queiras estar no meio porque serás tu a perder…

Podes desejar-me o melhor, mas sabes lá se me fará bem. Desconheces o meu propósito. Os mil seres que hospedo neste peito, cansado e confuso. Por isso, espera. Fica só por perto. Se te apetecer. De lanterna acesa e ombro preparado nos becos por onde me sitiar. Por acaso já conseguiste dividir uma dor? Cortar lágrimas a meio e entregar uma parte a alguém para não teres de chorar tudo sozinho? Eu não. Caminha comigo então, não por mim.
Pára de me empurrar. De me apressar. De me deixar na mesa-de-cabeceira os desenhos do trajecto por onde achas que devo seguir. Só conseguirás que siga por outro, o mais distante possível de teu… Esta sou eu, a autodidacta. Partilha comigo a vitória sobre todos os labirintos. Festeja as minhas feridas porque me trouxeram até ti, até aqui, assim…Partilha comigo a tolerância pelas desigualdades. Todas elas. Principalmente as que te foram mais difíceis de entender. De aceitar. Nelas está o trabalho que tenho para te oferecer: amar mesmo sem nem sempre compreender.
IdoMind
About patience and patient people

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