maio 09, 2013

1-2-3 Diga lá outra vez


Nunca quiseste roubar-me os sapatos.
Estiveste a pedir-me que me descalçasse para sentir as nuvens debaixo dos pés.
O céu esteve guardado em cada pedra, mas eu só lhes senti a dureza.
Esmagaste-as uma por uma e fez-se areia porque eu preciso sempre de um deserto.
De uma travessia...
De sede e de visões.
De ti.
Eu preciso de toda a fé que um copo de água contem.
E do amor na mão que o segura.

Nunca quiseste arrancar-me as roupas.
Ver-me a morrer de frio ou de vergonha. Nenhuma nudez é consequência, mas sim condição.
Como poderias tu tingir-me de arco-íris, se te escondo a pele à cor? 
Não me deixaste por isso nua. Aliviaste-me, porque eu preciso sempre de um limite.
De uma dor.
De culpa e de punição.
De fim.
Eu preciso da força que vem, sem saber bem, se só minha ou de mais alguém.
E do mistério de cada tentar que sucede a queda.

Outro Maio e outra contagem.
Este ano aceito o teu presente - o meu futuro.
Que pode ser sem desertos e sem limites.
Fracassos.
Boicotes.
Paragem.
Chicotes.
A idade não é a mesma e a sabedoria também não.
Nem a canção,
nos lábios da maresia desta manhã de aurora.
Sinto-te. Sinto-me. Como sempre me quiseste, livre e leve.
Como as meninas, as almas e tudo o que é simples.
A voar.


IdoMind
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