Pode acontecer tropeçar. Todos tropeçam. Uns caem, outros não. Alguns magoam-se e outros… também. Não há ilesos nos tropeços. Há feridas que curam rápido, as que vão curando e aquelas que nunca curam. As que deixam marcas gravadas na pele e na alma. Existem quedas que nunca acabam. Que nos levam onde estamos escondidos dentro de nós.
De repente tropeçamos num sonho. E os sonhos têm o poder de afugentar a sensatez. Onde reina o sonho a razão é escrava. A mente cala-se e tudo se torna possível. Até os impossíveis a que nos segurávamos para não tropeçar…
Ficamos tão fortes quando sonhamos. Ou irresponsáveis. As definições tornaram-se indefinidas neste tempo, meio por definir, em que responsabilidade significa infelicidade. Deviam queimar-se os dicionários e começar-se tudo de novo. Desta vez menos arrumados para que o Amor coubesse entre cada palavra.
Mas às vezes os sonhos caminham à frente dos pesadelos, anunciando-os. Às vezes os sonhos acordam-nos. Dentro de mim, carrego o sonho de encontrar qualquer coisa que não sei bem o que é. Acredito que vou sentir quando chegar. Na espera vou sonhando. E tropeçando. Tanto.
Espreito, nem sempre experimento. Decido se abro os braços ou volto as costas. Encontro a cada escolha o fantasma da dúvida sobre a perfeição. Do melhor para mim e para os outros. Pergunto o que será este melhor. Onde acaba o egoísmo e começa a consciência. Se é a cobardia ou a bravura que está em comando.
É que eu ainda não sei quem sou. Tenho-me descoberto nos tropeços. Os meus sempres deram lugar a pequenos hojes. Porque esta é via para o eterno. E os meus nuncas são agora honestos talvez. Porque nada vejo além deste momento em que sou chamada a ser.
Se olhássemos uns para os outros a tropeçar… o dedo que aponta juntava-se ao resto da mão para amparar algumas quedas. Para abraçar algumas dores. Para dar algum bocado de nós…
Todos temos o direito a sonhar. A trazer os sonhos e dar-lhes uma cara, um cheiro, um sabor, um sentimento que nos entra no peito para construir asas. Todos temos o direito a descobrir que o melhor de ontem esgotou a sua missão.
Todos temos o direito a sonhar. A trazer os sonhos e dar-lhes uma cara, um cheiro, um sabor, um sentimento que nos entra no peito para construir asas. Todos temos o direito a descobrir que o melhor de ontem esgotou a sua missão.
Trazemos nos pés, pó das estrelas. O rasto que deixamos e o que vamos deixar será sempre luminoso. Pouco importa que o façamos aos tropeços ou num suave deslizar.
A todos o direito de cintilar.
IdoMind
about starlighted footsteps
9 comentários:
Ido, o sonho alimenta a alma, entre tropeções, quedas e feridas, como aprenderíamos nós a ter força,e a erguer-mo-nos mais alto? Será que nos descobririamos?
:) sabes, prefiro viver uma vida de tropeções que uma vida a deslizar...quando deslizamos muito, se subitamente nos estampamos nunca mais nos levantamos lol não aprendemos a fazê-lo!
Bjos de Luz
Siala tropeçona,
Eu não é que prefira, mas tenho dado com cada escorregadela. De facto, cada queda fortalece-nos. Depois de nos desidratar!
Mas cá estamos. De pés e prontas para mais uma voltinha e uma escorregadelasinha lol
Beijinhos fada mãe
Ah pois eu sou mais de deslizar, às vezes deslizo é muito rápido ou muito lento, mas sempre a deslizar!!!
A foto não me parece que fale de quedas, mas de rendições. Olhando para ela vejo uma bailarina cansada, sem saber que uso dar à sua Arte, todos temos esses momentos. em que apetece regressar ao útero materno e ficar. Aprendi que são fases, permaneço o tempo que for preciso nela ou que conseguir, pois irrito-me muitas vezes comigo mesma por não me permitir parar e sossegar um pouco.
Cada um de nós tem as suas arestas a limar. Ninguém está perfeito, se assim fosse já tinha passado de dimensão!
Mais um lindo texto.
p.s. Quem te aponta o dedo?
Beijcoas
Olá IdoMind
Desculpa discordar mas nenhum sonho escraviza a razão porque tal como diz o poeta é o sonho que comanda a vida. O sonho é também o eco da voz de Deus já que Ele quer o homem sonha e a obra nasce.
Quanto a escorregar só se for à espera de ser apanhado por uns braços interessantes, aconchegantes e sobretudo amorosos.
BJS
O Viajante
Olá IdoMind,
"Trazemos nos pés, pó das estrelas. O rasto que deixamos e o que vamos deixar será sempre luminoso. Pouco importa que o façamos aos tropeços ou num suave deslizar."
Belíssimo querida!!!
Beijos.
Olá Ido, como diz a minha Mãe "quem escorrega também cai, eu escorreguei e não caí".O importante é vivermos a vida, seja a tropeçar, a deslizar ou a cair.Tentar tornar os sonhos em realidade.Beijocas.
Preciso e belo as usual.
Ah! Agora posso assinar...
;)
Querida "Mind",
Já escorreguei, já sonhei....
Revi-me nas tuas palavras e senti um clorzinho cá dentro.
Obrigada.
(a Brise encontrou a Force - lol)
Beijocas
Amigos
Já tarde venho agradecer as vossas gotas de água. Desculpem e saibam que não respondi antes porque não responderia como gosto: com todo o meu coração.
Um beijo e um abraço a todos que tanto estimam o Jardim
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