outubro 06, 2009


Olha para as minhas mãos, aqui entrelaçadas uma na outra, enquanto te falo do que calo aos ouvidos do mundo. As mesmas mãos que guardo e escondo tão receosa dos filhos que possam gerar. Mas os gestos que ficam por fazer também são pais. E eu sou a mãe de todos eles. Dos que quis. Dos que não quis. Dos que quiseram por mim e dos quais eu quis nada.

A criação não pára, nem mesmo quando eu permaneço imobilizada pelo pânico da minha pequenez. Do lado de lá da minha gruta, o sol e a lua continuam a andar de baloiço e tudo gira. Tudo. As minhas crias voltam a casa e as portas não se podem fechar. Que estas mãos as recebam no afago amoroso de entendimento acerca dos erros que fazem crescer. Que estas mãos saibam dizer adeus sem dor.

Estendo-as para ti para que me mostres como usá-las. Estendo-as para ti para que as segures e eu saiba que do lado de lá da minha gruta, onde a luz e a escuridão brincam, tu esperas por mim. Com as tuas mãos estendidas, que são do tamanho das minhas e capazes das mesmas obras.
Entrego-tas para lhes ensines a trabalhar ao serviço da Verdade. Mostrando-a, dignificando-a. Vivendo-A. Intensamente. Com plenitude. Em humildade. Que as minhas mãos nunca neguem tocar o chão. Nem uma face.

As minhas mãos que se zangam e que enfraquecem e que também gritam porque é árdua a escalada na tua direcção. E pele vai endurecendo com o caminho.
Nestes momentos entrego-tas para que as segures de novo e lhes dês de volta o Amor que se foi dispersando nas perdas, nas desilusões, no carinho que ficou por dar, na mentira que nos fez acreditar, nos rudes despertares, nas outras mãos que passaram por nós sem nos sorrir.

Olha para as minhas mãos aqui sossegadas. Estou com medo. Outra vez. Sei que se permanecerem assim quietas, muitas mãos, muitos pés e muitas corações irão unir-se e dançar à minha frente, ao meu redor e dentro de mim até que eu me una com a festa abençoada da vida.
Mas agora estou aqui. Sem vontade de festejar, com as minhas mãos agarradas uma à outra em oração. Ajuda-me a separá-las, erguê-las para o céu e tocar-te.Dá-lhes força para te trazerem até aqui, em tudo o que faço.
Que cada acto seja uma revelação de ti.
Que as minhas mãos alquimistas transformem o pedido em agradecimento.
E o medo em Fé.
IdoMind
about ups and downs...and ups again

15 comentários:

Maria de Fátima disse...

Lindo!!!

Anónimo disse...

Que assim seja para cada um de nós!
Bênçãos...

Unknown disse...

IdoMind

Será assim. Belíssimo post. Amanhã teremos a mana na Cova. Beijos.

Eu Sou Você disse...

Querida,
Acredito que a alquimia já os transformou.
E você dirá.

Cristina Paulo disse...

sem palavras...de coração para coração!
Um beijo de luz

Marisa Borges disse...

É lá...abando-te por uns diazitos e prontos ficas desorientadita!!!!

hihihihihihi brincadeirinha

Obrigada por teres estado lá! Mas olha essa miúda ainda existe queres que te resuma a criação do mundo, já não em uma frase mas numa palavra????


DESEJO!!!!

Ainda consigo sintetizar, mas descobri a beleza das palavras e agora também sou Dr. Divago rkrkrkrkrk

Olha, deseja algo, deseja do fundo do coração e a roda regressa para te apanhar e levar na roda viva do entendimento e da alegria!!!

Ups and downs mas muito feliz em todos esses momentos!

Beijcoas minha irmã cada vez mais linda e linda

IdoMind disse...

Fátima,

Linda és tu...a sério.

beijos

IdoMind disse...

Reyel

Que assim seja. Já era tanto...

um abraço

IdoMind disse...

Adriana

Se nao falo contigo 2 dias, fico com saudades.Vem aquela vontade de ouvir coisas de ti. Sempre aquela paz...

Achas? Que Deus te oiça. Eu direi quando acontecer :)

Um beijo

IdoMind disse...

Siala,

Obrigada. De alma para alma.

Mil beijos

IdoMind disse...

Shin,

Sabia bem um upsinho.
Não anda fácil.E desejar, desejo eu. Farto-me de desejar! Acho que é altura de levar o chapéu de chuva... ;)

Cá vou esperando que chova.

Always in my heart

IdoMind disse...

António, indescritível António

Obrigada pelo amor com que recebeste a minha pequena. Foi lindo. Adorei o texto dela. E adoro-te, tu que mexes o caldeiraão e a todos dás a poção do amor. António...obrigada.

Um beijo (hoje daqueles na testa pelo imenso respeito que sinto por ti)

Isa Grou disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Uma experiência única, nunca antes sentida...ao ler cada palavra, senti o meu peito a abrir-se, como que cada palavra lida era sentida no fundo do meu ser.
Obrigada por este momento!!
Vera

IdoMind disse...

Anónimo

(nome esquisito lol)

Antes de mais, as minhas desculpas pelas resposta tardia. Andei numas introspecções...

Eu é que fiquei com o peito todo inchado com este comentário.

Lembro-me bem do momento em que escrevi este post, foi começar e acabar, não mudei nada, nem sequer corrigi. Estava tão arrasada a gritar cá dentro por ajuda.

Eu sei e acredito em cada palavra que escrevi, e é essa fé que me mantem aqui, firme e hirta, a fazer o meu caminho.

Um beijinho e volte sempre

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