É verdade, estou com dúvidas. Daquele género que não costumo ter. Procuro usar de transparência e honestidade em todos os relacionamentos que estabeleço, pessoais e profissionais. Digo apenas o que penso. Faço apenas o que tenho vontade ou sei que devo fazer porque fico melhor se o fizer, mesmo que a vontade não seja muita. De uma maneira geral quem me conhece sabe e conta com a minha frontalidade. Nem sempre sou muito simpática mas tento ser construtiva. Em nada que digo pretendo magoar ou atingir voluntariamente as susceptibilidade de quem quer que seja, mas não me coíbo de manifestar o meu desacordo, a minha reprovação e às vezes, com quem gosto muito, a minha tristeza.
Empenhada em levar a vida da forma mais leve que puder, distribuo a minha boa disposição, a minha amizade e o meu amor por onde passo. Com quem estou. Porém se tiver de dar um berro, não é por acreditar nos astros, que o berro fica por dar. Dou mesmo. Se tiver de dizer que não, digo sem ficar muito preocupada com a forma como o meu não vai ser ouvido. Se alguém fez um bonito serviço, sou a primeira a constatar: “bonito serviço hã?”. Uma vez que não sou por natureza impulsiva, os meus actos, assim como as minhas palavras são fruto de maturada ponderação e reflectem realmente o que sinto e o que penso. Nessa medida considero-me imparcial e objectiva. Falho muitas vezes, não tenho duvidas. Conto então com a frontalidade dos outros para me aperfeiçoar. Isto não é conversa da treta ou um conjunto de frases catitas para encher um post. É mesmo assim que é.
Porque não sou perfeita lido muito bem com as imperfeições alheias. Se as pessoas são importantes para mim aprendo a aceitá-las com esses “ defeitos” falando deles com naturalidade, se em conversa surgir, que essa forma de estar e ser talvez não seja a melhor para a própria pessoa . Se não são importantes para mim simplesmente reduzo o meu contacto ao mínimo com tais pessoas e vivo bem com isso, reconhecendo que não tenho pinta de Madre Teresa e não tenho de gostar de toda a gente. Não perco grande tempo a pensar nas pessoas que não me dizem nada. Ou que deixaram de dizer.
Faz agora um ano que uma amiga, mesmo amiga, se portou menos bem comigo. Na altura falei com ela. Com muita dor, com muita consciência. Em momento algum lhe apontei o dedo ou a acusei do que quer que fosse. Disse-lhe tão só que bastaria ter dito a verdade. E bastaria. Ela sabia. A confiança foi-se. Amizade sem confiança não é amizade. Pelo menos para mim. E nestas circunstâncias não vale a pena. Ficámos assim. Passámos a cumprimentarmo-nos apenas com a educação que se espera das pessoas adultas e pronto.
Estive afastada por alguns meses e o sofrimento causado pela perda de alguém que me era tão querido assumiu contornos de uma memória distante que recordamos com lamento mas sem qualquer peso no coração. Demoro a abandonar as coisas, mas quando deixo é mesmo de vez e não volto a chapinhar no assunto.
Foi então que uma coisa estranha e, para mim, inédita, começou a acontecer. Ela passou a irritar-me. A voz dela, o risinho parvo que eu nem ouvia, agora parecem amplificados por um megafone invisível. Vejo-a e sinto alguma repulsa. Preferia não a ver.
Ora, nunca tive este tipo de sentimentos por ninguém. Nunca. Como disse, processo e resolvo. O assunto morre juntamente com a pessoa e eu sigo. Está a incomodar-me sentir isto por ela. É inevitável que nos cruzemos. Ela conhece-me bem e já percebeu que agradeço que nem sequer me diga olá. Sou muito expressiva… Mas isto está a ser a pedra no sapato que me impede de andar confortável.
Será que não está resolvido? Terei eu ainda alguma coisa a ver nisto? Não acredito no perdão portanto sei que não se trata de a desculpar ou não. Um ano depois até tenho a agradecer-lhe.
Sei é que não gosto nada destes sentimentos. Sei que em condições normais não estaria a sentir nada. Sei que não me apetece andar a arranjar carma. O que eu não sei é o que fazer…
IdoMind
about being a nice person
4 comentários:
Ó jeitosa
eu atrevia-me a dizer que não está mesmo resolvido, senão tu não terias essa reacção. Mas desta vez não sei até que ponto serás tu k não resolveu...lembra-te que és uma esponja...poderás estar a apanhar energias dela!
Quando a vires...imagina que és um espelho e tudo o que vier retorna à origem...
Sei o que isso é, tb não gosto de ser less than a nice person!
Shin
Será? Isso quer dizer que eu a irrito..Nice...lol
Gostei da dica, vou experimentar se os sintomas persistirem se calhar vou ter de lhe dizer qualquer coisa. Não sei.
Um beijo sis e obrigado
5 porquês...
Ou mais... até ires à causa.
...
Vou-te dar um exemplo que me aconteceu hoje...
Ando esgotada com trabalho, fui buscar as miudas à escola, e continuei a trabalhar até por teleconferencia.
Ando tão esgotada que só me apetece chorar.
A minha pequenita, chegou a casa, não teve atenção e foi o que fez, até ao jantar.
Quando a abracei para a acalmar, percebi que ela estava simplesmente a espelhar o meu stress... absorveu a minha tensão e energia, e derramou... :)
Beijos lindas.
Sinto falta das nossas "tertulias" e de descansar como deve ser também ;)
Ondinha
Não está fácil para ninguém. Agora que chegou o medo parece que chegou o empenho, é tudo a dar 200%. Está visto que vamos ter de ser nós a dar a volta a crise...
O meu post de hoje é mesmo sobre estar exausta...engraçado...
precisamos é de ter cuidado para não deixar a crise instalar-se no coração.
Se te fosse contar o meu último mês...iamos já as duas para os copos!!
Talvez seja isso, porque francamente ele nunca mais me incomodou, não voltei a pensar no assunto.Nada. E agora isto. Talvez seja o que ela sente. talvez. Vou ver se consigo perceber.
Onda, acalma essas águas...
beijinhos e obrigado
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