janeiro 04, 2011

Nem sei que título dar

“ Eu gosto dela. Não sei é se vou gostar amanhã. Imagine que ela muda ou eu conheço alguém. Que começa a incomodar aquilo dela descascar as batatas para dentro do lava-louças ou dormir com a frestazinha da janela aberta. Quero poder ser livre para decidir a toda a hora com quem quero estar. Não sei o que fazer.”

A história é simples. Numa viagem de férias ao estrangeiro, um homem conhece uma mulher. Até aqui tudo normal. Vê estrelinhas, ouve os sinos a tocar, o coração acelera e conclui, obviamente, que está apaixonado. Normal.
O homem regressa e como não faz mais nada que pensar naquela mulher, compra um bilhete e pede-lhe que venha para Portugal viver com ele. Menos normal, mas muito bonito…
Ela vem. E fica. Corre tudo bem. Passa um ano. A janela continuava aberta sem que isso incomodasse. Mas havia um problema que começava a ensombrar a felicidade do casal – a permanência ilegal dela no País. Impedida de se candidatar a um emprego, de andar despreocupada num centro comercial, de conduzir... Estava limitada a uma meia-vida.
E o ser humano suporta quase tudo, menos a limitação. Seja de que espécie for. Tudo que nos limite, mais cedo ou mais tarde gera a rebeldia, nos melhores casos, ou ressentimento, nos piores. Antes que isso acontecesse, o homem foi procurar uma solução. Trazendo também uma sugestão que de tão engenhosa me fez ter a certeza que a nossa raça irá sobreviver sempre a todo o tipo de catástrofes naturais ou outras.

O processo mais simples de regularizar a situação da sua “Pocahontas” (como ele lhe chamava) seria casar. E ele até nem se importava. Mas colocavam-se as questões com que iniciei este artigo. E se ele se arrependesse? Se se apaixonasse noutra viagem qualquer. Ou no trabalho. Se simplesmente não quisesse mais? Não lhe estava a apetecer fazer uma cama em que não quisesse deitar-se depois. Foi então que teve uma ideia…
A ideia, para a qual não consegui ainda encontrar o adjectivo à altura, foi a seguinte: seria juridicamente possível que a mulher outorgasse, em simultâneo com o acto de casamento, uma Procuração Irrevogável, conferindo-lhe poderes a ele, homem, para em qualquer altura requerer o divórcio dissolvendo assim o matrimónio?
Fiquei a olhar para a pessoa à minha frente a tentar perceber se estava a falar a sério ou a ter um ataque de humor negro.
Estava a falar a sério.

Demorei alguns minutos a responder-lhe, perdida entre a veneração por uma cabeça capaz de uma ideia destas e o ruído da fé em histórias de amor perfeitas a partir-se dentro de mim.
Este homem queria uma garantia para o Amor. Com condições e um prazo. Brutal. 
É só levar um pouco mais longe o conceito de casamento enquanto contrato e, porque não, prever que possa ser denunciado unilateralmente em caso de insatisfação ou de uma oferta melhor. Tipo TV cabo. Porque não estabelecer-se um período experimental?
Talvez não devesse ter aberto esta porta...

Para quem está a ler e pensar “mas olha, está bem pensado…muito bem pensado, é possível?” se calhar não fazia mal nenhum perguntarem-se:
“ Quem sou eu nos relacionamentos.”
E muito mais pertinente, tem resultado? 

To be continued
IdoMind
About don´t run over people
p.s. Pocahontas o caraças!

13 comentários:

M.i... disse...

provavelmente a melhor ideia que li nos ultimso tempos!
e poder-se-á pedir pela net? simplex ou isso?
já agora, suponho que os bens estariam incluidos certo?!
posso começar a procurar finalmente!

IdoMind disse...

M.I

É tudo muito embrionário mas acho que é uma ideia com pernas para andar.
Alguma vez paraste? ;))

beijinhos

Marisa Borges disse...

Olha que belas novidades temos no Jardim hoje :))) está muito bonito e desta vez podes-te orgulhar de o ter feito sozinha ;P gosto muito, alice!

Quanto ao artigo...e porque não? O casamento não é um contrato? o que julgas que está implícito nas pessoas que nem se casam?

o casamento tem um peso muito grande e ainda bem que essa pessoa tem essa consciência de quem é, ele está apaixonado e não em estado de amor, e isso, mais cedo ou mais tarde, acaba. Para quê casar então? Isso que falas é mesmo o barulho dos contos de fadas a irem ao ar...porém, não é por um ser assim que faz com que todas as histórias tenham de ser assim.

Gabo-lhe a ideia e a audácia em o expor LOL e imagino a tua cara quando percebeste que não era brincadeira LOLOLOL

Beijocas e é bom ter-te de volta!

IdoMind disse...

Minha Shin

Ainda bem que gostaste. Eu adorei as cortinas. Não resisti.

Pois é, fiquei a pensar evidentemente nisto porque só veio ao encontro do que eu acredito: todas as instituições que nos prendem os movimentos e tolhem o crescimento estão destinadas a ruir. O casamento, as relações tal como as concebemos actualmente demonstram-no bem.

Não foi uma critica destrutiva. Pelo contrário. Este homem personalizou só o absurdo que é formalizar dentro de uma grelha de deveres e direitos o Afecto humano. Os sentimentos nunca poderão ser reduzidos ou regulamentados num Código Civil.
Pretendi expor essa perspectiva.

Mas sim, até eu gostava de ter gravado a minha cara!
O homem teve de me chamar 2 vezes tão absorta que fiquei! lol lol

Beijinhos sis

Onda Encantada disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marcia Toito disse...

Ficou lindo o blog,já o tal acordo,nem sei bem o que dizer,visto que sou casada e não me sinto presa. Mas creio ser desnecessário o tal contrato, pois se houver amor,jamais será usado e se o amor acabar o resto acaba junto. "quando um não quer dois não "beija" "

IdoMind disse...

Márcia minha querida

Nem mais! Quando há amor dispensam-se contratos e quando ele acaba não há nada que mereça ser "salvo".
O problema deste homem era se ela não quisesse dar o divórcio...que é o problema de muitos homens e mulheres, querem-se obrigar uns aos outros a ficar juntos para sempre mesmo quando o outro já não quer ficar nem mais um segundo.

Quando percebermos que o amor é liberdade o compromisso será natural e verdadeiramente voluntário...

um grande beijinho

IdoMind disse...

A minha amiga foi pensar melhor no assunto? lol lol

Marcia Toito disse...

Ficar junto de alguém que não nos quer??Nossa! Não atino tal assunto. De qualquer forma conheço gente que que pensa que o amor de um sustenta dois,engano tosco,diga-se de passagem.

Aproveito para agradecer o voto de confiança seguindo o ARMADILHAS DO TEMPO. Apareça sempre que quiser, adorei vê-la por lá. Eu por aqui virei sempre!!!

bjos.

Onda Encantada disse...

Não querida... LOL...

foi escrito a pressa e ficou sem nexo...
Depois volto, agora vou trabalhar, beijos :)

Onda Encantada disse...

Lá coragem teve o fulano para verbalizar tantos receios que tanta gente (senão toda) tem antes de entrar num relacionamento.

Bem vistas as coisas, até queria dar melhores condições à outra pessoa sem se comprometer, claro! :)

Talvez a questão passe precisamente por isso, falta de comprometimento... hum...

Não sou apologista, nem deixo de ser, sobre o casamento. Vivi anos com a mesma pessoa de quem tive 2 filhas, e nunca me senti impelida a "casar".
Tal como actualmente não sinto.

O dito contrato "legal" parece trazer uma carga tão pesada que até faz parecer que uma relação se torna mais simples por não haver esse contrato (com o Estado), pois é para lá que damos dinheiro, quando damos o nó e o desatamos... LOL

Que caiam todas as estruturas caducas, e que as pessoas vivam as relações que sentirem mais adequadas a si mesmas, em Amor, isso é que é realmente importante!

... pronto, agora foi mais próximo daquilo que queria dizer ontem :)))

Onda Encantada disse...

Ah! Esqueci-me...

Adorei o novo decô... estas cortinas vermelhas fizeram-me lembrar um toque de moulin rouge...
A imagem lá de cima, é só para disfarçar... LOLOL... um cogumelo trálálá...

:D :D :D

IdoMind disse...

Ondinha

Topas-me bem!!!! lol lol dois cogumelos trálálá..só mesmo tu!

tal como tu não sou contra nem a favor do casamento. Sou pela Vida. E pela melhor vida possivel que as pessoas possam ter. Pela mais feliz.

E o facto é que olhando à nossa volta as pessoas casadas não andam lá muito felizes...

Já tive situações de casais que viveram em união de facto 5, 8, 10 anos e depois de terem casado divorciaram-se pouco tempo depois? A causa? Não sei. Se calhar há uma maldição qualquer...

Como podes adivinhar, profissionalmente o casamento traz-me, quase de forma inevitável, clientes, portanto...tem muitas vantagens para mim..lol

Mas confesso-te, oiço com cada confissão que fico a pensar que o casamento deveria ser proibido por lei..

Beijinhos e obrigado pela participação muito construtiva

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