“ Eu gosto dela. Não sei é se vou gostar amanhã. Imagine que ela muda ou eu conheço alguém. Que começa a incomodar aquilo dela descascar as batatas para dentro do lava-louças ou dormir com a frestazinha da janela aberta. Quero poder ser livre para decidir a toda a hora com quem quero estar. Não sei o que fazer.”
A história é simples. Numa viagem de férias ao estrangeiro, um homem conhece uma mulher. Até aqui tudo normal. Vê estrelinhas, ouve os sinos a tocar, o coração acelera e conclui, obviamente, que está apaixonado. Normal.
O homem regressa e como não faz mais nada que pensar naquela mulher, compra um bilhete e pede-lhe que venha para Portugal viver com ele. Menos normal, mas muito bonito…
Ela vem. E fica. Corre tudo bem. Passa um ano. A janela continuava aberta sem que isso incomodasse. Mas havia um problema que começava a ensombrar a felicidade do casal – a permanência ilegal dela no País. Impedida de se candidatar a um emprego, de andar despreocupada num centro comercial, de conduzir... Estava limitada a uma meia-vida.
E o ser humano suporta quase tudo, menos a limitação. Seja de que espécie for. Tudo que nos limite, mais cedo ou mais tarde gera a rebeldia, nos melhores casos, ou ressentimento, nos piores. Antes que isso acontecesse, o homem foi procurar uma solução. Trazendo também uma sugestão que de tão engenhosa me fez ter a certeza que a nossa raça irá sobreviver sempre a todo o tipo de catástrofes naturais ou outras.
O processo mais simples de regularizar a situação da sua “Pocahontas” (como ele lhe chamava) seria casar. E ele até nem se importava. Mas colocavam-se as questões com que iniciei este artigo. E se ele se arrependesse? Se se apaixonasse noutra viagem qualquer. Ou no trabalho. Se simplesmente não quisesse mais? Não lhe estava a apetecer fazer uma cama em que não quisesse deitar-se depois. Foi então que teve uma ideia…
A ideia, para a qual não consegui ainda encontrar o adjectivo à altura, foi a seguinte: seria juridicamente possível que a mulher outorgasse, em simultâneo com o acto de casamento, uma Procuração Irrevogável, conferindo-lhe poderes a ele, homem, para em qualquer altura requerer o divórcio dissolvendo assim o matrimónio?
Fiquei a olhar para a pessoa à minha frente a tentar perceber se estava a falar a sério ou a ter um ataque de humor negro.
Estava a falar a sério.
Demorei alguns minutos a responder-lhe, perdida entre a veneração por uma cabeça capaz de uma ideia destas e o ruído da fé em histórias de amor perfeitas a partir-se dentro de mim.
Este homem queria uma garantia para o Amor. Com condições e um prazo. Brutal.
É só levar um pouco mais longe o conceito de casamento enquanto contrato e, porque não, prever que possa ser denunciado unilateralmente em caso de insatisfação ou de uma oferta melhor. Tipo TV cabo. Porque não estabelecer-se um período experimental?
Talvez não devesse ter aberto esta porta...
Talvez não devesse ter aberto esta porta...
Para quem está a ler e pensar “mas olha, está bem pensado…muito bem pensado, é possível?” se calhar não fazia mal nenhum perguntarem-se:
“ Quem sou eu nos relacionamentos.”
“ Quem sou eu nos relacionamentos.”
E muito mais pertinente, tem resultado?
To be continued
IdoMind
About don´t run over people
p.s. Pocahontas o caraças!
13 comentários:
provavelmente a melhor ideia que li nos ultimso tempos!
e poder-se-á pedir pela net? simplex ou isso?
já agora, suponho que os bens estariam incluidos certo?!
posso começar a procurar finalmente!
M.I
É tudo muito embrionário mas acho que é uma ideia com pernas para andar.
Alguma vez paraste? ;))
beijinhos
Olha que belas novidades temos no Jardim hoje :))) está muito bonito e desta vez podes-te orgulhar de o ter feito sozinha ;P gosto muito, alice!
Quanto ao artigo...e porque não? O casamento não é um contrato? o que julgas que está implícito nas pessoas que nem se casam?
o casamento tem um peso muito grande e ainda bem que essa pessoa tem essa consciência de quem é, ele está apaixonado e não em estado de amor, e isso, mais cedo ou mais tarde, acaba. Para quê casar então? Isso que falas é mesmo o barulho dos contos de fadas a irem ao ar...porém, não é por um ser assim que faz com que todas as histórias tenham de ser assim.
Gabo-lhe a ideia e a audácia em o expor LOL e imagino a tua cara quando percebeste que não era brincadeira LOLOLOL
Beijocas e é bom ter-te de volta!
Minha Shin
Ainda bem que gostaste. Eu adorei as cortinas. Não resisti.
Pois é, fiquei a pensar evidentemente nisto porque só veio ao encontro do que eu acredito: todas as instituições que nos prendem os movimentos e tolhem o crescimento estão destinadas a ruir. O casamento, as relações tal como as concebemos actualmente demonstram-no bem.
Não foi uma critica destrutiva. Pelo contrário. Este homem personalizou só o absurdo que é formalizar dentro de uma grelha de deveres e direitos o Afecto humano. Os sentimentos nunca poderão ser reduzidos ou regulamentados num Código Civil.
Pretendi expor essa perspectiva.
Mas sim, até eu gostava de ter gravado a minha cara!
O homem teve de me chamar 2 vezes tão absorta que fiquei! lol lol
Beijinhos sis
Ficou lindo o blog,já o tal acordo,nem sei bem o que dizer,visto que sou casada e não me sinto presa. Mas creio ser desnecessário o tal contrato, pois se houver amor,jamais será usado e se o amor acabar o resto acaba junto. "quando um não quer dois não "beija" "
Márcia minha querida
Nem mais! Quando há amor dispensam-se contratos e quando ele acaba não há nada que mereça ser "salvo".
O problema deste homem era se ela não quisesse dar o divórcio...que é o problema de muitos homens e mulheres, querem-se obrigar uns aos outros a ficar juntos para sempre mesmo quando o outro já não quer ficar nem mais um segundo.
Quando percebermos que o amor é liberdade o compromisso será natural e verdadeiramente voluntário...
um grande beijinho
A minha amiga foi pensar melhor no assunto? lol lol
Ficar junto de alguém que não nos quer??Nossa! Não atino tal assunto. De qualquer forma conheço gente que que pensa que o amor de um sustenta dois,engano tosco,diga-se de passagem.
Aproveito para agradecer o voto de confiança seguindo o ARMADILHAS DO TEMPO. Apareça sempre que quiser, adorei vê-la por lá. Eu por aqui virei sempre!!!
bjos.
Não querida... LOL...
foi escrito a pressa e ficou sem nexo...
Depois volto, agora vou trabalhar, beijos :)
Lá coragem teve o fulano para verbalizar tantos receios que tanta gente (senão toda) tem antes de entrar num relacionamento.
Bem vistas as coisas, até queria dar melhores condições à outra pessoa sem se comprometer, claro! :)
Talvez a questão passe precisamente por isso, falta de comprometimento... hum...
Não sou apologista, nem deixo de ser, sobre o casamento. Vivi anos com a mesma pessoa de quem tive 2 filhas, e nunca me senti impelida a "casar".
Tal como actualmente não sinto.
O dito contrato "legal" parece trazer uma carga tão pesada que até faz parecer que uma relação se torna mais simples por não haver esse contrato (com o Estado), pois é para lá que damos dinheiro, quando damos o nó e o desatamos... LOL
Que caiam todas as estruturas caducas, e que as pessoas vivam as relações que sentirem mais adequadas a si mesmas, em Amor, isso é que é realmente importante!
... pronto, agora foi mais próximo daquilo que queria dizer ontem :)))
Ah! Esqueci-me...
Adorei o novo decô... estas cortinas vermelhas fizeram-me lembrar um toque de moulin rouge...
A imagem lá de cima, é só para disfarçar... LOLOL... um cogumelo trálálá...
:D :D :D
Ondinha
Topas-me bem!!!! lol lol dois cogumelos trálálá..só mesmo tu!
tal como tu não sou contra nem a favor do casamento. Sou pela Vida. E pela melhor vida possivel que as pessoas possam ter. Pela mais feliz.
E o facto é que olhando à nossa volta as pessoas casadas não andam lá muito felizes...
Já tive situações de casais que viveram em união de facto 5, 8, 10 anos e depois de terem casado divorciaram-se pouco tempo depois? A causa? Não sei. Se calhar há uma maldição qualquer...
Como podes adivinhar, profissionalmente o casamento traz-me, quase de forma inevitável, clientes, portanto...tem muitas vantagens para mim..lol
Mas confesso-te, oiço com cada confissão que fico a pensar que o casamento deveria ser proibido por lei..
Beijinhos e obrigado pela participação muito construtiva
Enviar um comentário