Tenho por hábito, no final de cada dia, escolher um momento que por algum motivo me tenha dito algo de especial e a que chamei “Hoje vi Deus”. Fica registado no diário que mantenho dos meus devaneios, como este, entre outros igualmente permeados de sonho e fantasia.
Para mim é importante “ver Deus” todos os dias, por forma a não esquecer que no meio da loucura que confundimos por sanidade, das nossas pressas para ir a lado nenhum, do cinzentismo social que elegemos a cor da moda, a Verdade e a Beleza rompem por entre as mais espessas muralhas que erguemos, mostrando-nos a grandeza desta experiência e a expondo a nu a Grande Ilusão.
Ninguém fica indiferente ao toque do sagrado. Independentemente das nossas crenças religiosas, ou da ausência destas, todos, a determinada altura, sentimos a mão de algo que nos transcende. Este momento é único porque não o conseguimos ignorar e porque, mesmo que não nos apercebamos de imediato, muda-nos.
Ateístas, gnósticos, simplesmente distraídos e até alguns inflexiveis, todos uma altura ou outra já foram parados para sentir que há mais entre o céu e a terra do que pode imaginar a nossa vã filosofia.
Eu acredito que há. É essa minha percepção das coisas misteriosas, para mim maravilhosas, que guardo sob a forma de palavras no registo da passagem por esta minha vida tão cheia de riqueza. E cada vez vejo mais tesouros.
Hoje, sexta-feira, dia de Vénus, decidi partilhar os meus tesouros. Bem sei que parece ridículo, mas tenho constatado que as coisas verdadeiras na vida são ridículas...Então aí vai, because:
A semana passada fui testemunha de uma descida do céu à terra e é por esse momento que vou começar esta partilha “ Hoje vi Deus” porque me emocionou de modo particular.
O instrumento para esta manifestação divina foi um homem cuja constituição física robusta só é comparável à imensa doçura do seu olhar. Grande, forte, sólido, nada faria esperar que ensinasse a dançar...E foi uma das suas aulas que fui experimentar. Com muita, muita relutância. Como referi, sou tímida e estar numa sala repleta de mulheres semi-despidas a bambalearem-se, acho que pode considerar-se um grande passo no sentido de vencer os meus traumas… A chamada terapia de choque. Freud ficaria orgulhoso de mim.
Estava um pouco constrangida e percebi na pele o significado da expressão “peixe fora de água”. Deslocada do meu habit natural, tentava seguir os passos que ele ia ensinando. Valeu-me a companhia de um Amigo, que não me deixou enfrentar sozinha aquela selva de braços, pernas e seios a saltar por todo o lado.
Foquei o meu olhar no professor na tentativa de me abstrair e executar a missão a que me propus: sobreviver àquela aula.
Lembro-me que no caminho para casa ainda ia meio atordoada a reviver o instante. Lamentei não ter fechado os olhos e ter-me rendido à vontade genuína de lhe dar um grande abraço no final e agradecer-lhe por me ter mostrado Deus.
E está feito.
7 comentários:
Belíssimo, querida!
É possível sentir o que você partilhou!
adriana
Olá IdoMind
Se só tivesse direito a uma palavra para definir a mensagem que colocou aqui no seu blog eu diria MARAVILHOSO!!
De facto são momentos destes que nos fazem transcender e e deixar sair o sagrado o maravilhoso a centelha divina que há em nós.
Quanto ao texto a sua capacidade descritiva continua a ser profunda e por vezes avassaladora.
Olhei, li e vi aqui hoje uma IdoMind verde esmeralda
Obrigado pela sua partilha
Beijinho
O Viajante
Eu sinto o toque divino de outras formas.
NA INJUSTIÇA: É onde meu coração se emociona, ao ver desesperos e carência.
NO LINDO: Geralmente na natureza animal, insetos, plantas.
NO FENOMENO: Aqui é onde eu vejo mais poesia e divindade. Numa tempestade (Assim como a capa do meu blog), Os raios são a fúria irrefreável. Uma beleza divina. Tornados (FELIZMENTE ou INFELIZMENTE?), só pela TV.
Direto do Brasil.
Um Abraço.
Heheheheh IdoMind,
será que vai ser desta que vamos DANÇAR?!?
A dança é uma das formas mais mágicas, para mim, de se conectar com o Uno. Ainda me lembro quando li a Brida, que tu me facultaste ;), e ela explicava o que era dançar ao som do Mundo.
Obrigada por esta partilha linda, fizeste-me lembrar que há muito que não danço assim, para sentir o UNO.
Quanto ao teu pedido, desafio.
Eu vejo o Uno:
nos olhos das crianças.
num nascer do Sol.
no som dos pássaros.
Mas também,
no olhar dos idosos.
nas lágrimas de uma pessoa.
num silêncio.
num luto.
hummmmm...esta partilha deixa-nos tão calmos. Prefiro quando nos levas assim de forma romântica ao encontro da nossa paz interior.
Amo-te muito!
Amigos,
Foi com algum constrangimento que coloquei este post, mas ainda bem que o fiz..
Adriana,
percebi que o texto a tocou e só por isso já valeu a pena expor-me..
beijinhos e eu senti que a adriana sentiu a minha emoção
Doce Viajante,
Sempre a motivar-me e dar-me mais crédito do que mereço.Talvez à semelhança do que acontece com o professor de dança, eu me deixe invadir pelo Amor quando escrevo.Tudo neste post saiu directamente do coração para o blog, sem correcções, sem voltar atrás para tirar uma palavra ou outra..Vou experimentar fazê-lo mais vezes mas é tão dificil a esta Touro deixar-se ir...
Sabe do que falo, não é?
É sincero o meu agradecimento pela coragem que sempre me dá quanto à forma como escrevo..é muito importante para mim
Obrigada Viajante e muitos beijinhos
Léo,
"bacana a sua partilha" lol
É verdade, a divindade também se manifesta através do medo, do respeito, da revolta..
A divindade manifesta-se para nós da maneira mais perfeita para que cada um descubra e trilhe o seu caminho.
Gosto muito, acho que lhe disse, da sua paixão. Do fogo, da emoção, da força que transparecerem das suas opiniões.
Louco ou não, por favor, dê sempre "a sua visão diferente".Adoro.
Beijinhos
Shin_Tau,
Vejo que o post te emocionou, até te deu para a poesia...
Tão lindo o que partilhaste.As pequenas coisas onde reconheces o sagrado.
Tocou-me sobretudo "no olhar dos idosos".
Já tive um momento "Hoje vi Deus" cujas protagonistas foram as mãos de um senhor, com muita neve na serra, que esperava sentado tranquilamente num estúdio de fotografia.Comoveu-me muito e escrevi na altura sobre isso.
Quanto às tuas sugestões:
Dançar? Don´t think soo..fico a olhar para ti, pode ser?
Ser mais doce? Aceito.Deixarei que o meu lado tontinho me domine, OCASIONALMENTE,e procurarei com toda a candura levar-te pela mão das palavras ao mundo das sensações mais leves..
Mil beijões apertados para a minha Shin_Tau dançarina
IdoMind
Olá IdoMind
Nós os nativos do signo Touro somos bastante pès na terra, muito realismo. Mas não tem de ser sempre assim. Eu sei que os nossos medos muitas vezes inibem o coração de dizer o que sente. Mas quando ele consegue furar os muros fluem rios de amor e o mundo a nossa volta fica com uma cor diferente.
Decididamente, embora aceite e respeite a outra, gosto muito mais desta IdoMind.
Um beijinho
O Viajante
Obrigada, Querida!
Quer uma partilha?
Talvez você seja taurina.
Estou cercada de touros e todos... todos... me ensinam muito.
Se você não for taurina, não importa.
Há uma criança brava e guerreira em você, que cumpre a Missão!
Só não deixe de vasculhar outros horizontes... outros quadrantes cósmicos...
Amor e Luz!
adriana
Enviar um comentário