maio 17, 2010

Fingidos

Sim, é importante saber que mundos contróis dentro de ti quando não estás a erguer paredes cá fora.
É importante saber porque te escondes. O que te assusta tanto assim para achares que tens de ser dois. Ou até três. Tantos quantos necessários para que não te descubram. A ti. O verdadeiro.  Aquele que aparece no espelho de manhã enquanto escovas os dentes e que mal reconheces. Se experimentares ficar a olhar por mais um bocado, talvez te lembres do homem por detrás do a máscara. Experimenta enfrentar o teu reflexo e dizer várias vezes em voz alta “ eu, eu, eu, eu, eu..” sem tirar os olhos dos teus olhos.
Di-lo até que surjas. E vais surgir. Vais emergir das entranhas do lago plácido e escuro onde tens hibernado. Pode ser que sintas uma tontura. O sono foi longo. Podes não conseguir à primeira porque não estás habituado a perder o controlo sobre ti. E a ver-te.

É importante estares disposto a mudar. É importante assumir que és uma farsa. Esta talvez seja a parte mais difícil. Mas sabes que és. Não dizes o que pensas. Não fazes o que dizes. Apertas a mão de tanta gente que não gostas. Sorris sempre…
Tens desculpa para tudo isto. Dás-lhe  o nome de responsabilidade, de cortesia, de obrigação e até de educação.
Eu chamo de farsa.
Tu dizes – saber viver.
Eu pergunto  - será mesmo?

Conheço bem o conforto dessa paz fabricada. Debilmente mantida. Inútil. Mais cedo ou mais tarde vais ter de lutar. Vais ter de por pontos finais. Vais ter de te mostrar… 
É a própria vida que o impõe. Para teu bem.
Vai ser impossível continuar a respirar o mesmo ar.  Viver na mesma casa. Ouvir as mesmas coisas. Uma e outra vez e mais outra, o mesmo discurso, as mesmas queixas e as mesmas acusações que já sabes de cor. E que vais deixar de suportar. Mais cedo ou mais tarde. Escolhe se queres enlouquecer primeiro.

Vai ser impossível sustentar a mentira que inventaste para impedir os nãos que também fazem parte nisto de crescer. As despedidas inevitáveis que rasgam bocados de nós. As palavras zangadas que nos tingem de tristeza.

Porque mentes? Porque crias tantas versões de ti por cima do gesso do teu verdadeiro Eu?
Que necessidade é essa de nos dares apenas a Ilusão do que és?
É assim tão pouco o Amor que te tens?
É importante responder. Porque vai ser impossível travar a volta da farsa.

IdoMind
                                                                                                   About reflections

5 comentários:

Marisa Borges disse...

Ui Ui...não me digas que com tantos sonhos desta vez te recordas do que te disseram?!? Ahahahahahah

É um belo raspanete este, revi-me em algumas palavras...só algumas!!!

Vou continuar a mergulhar dentro e talvez me olhe melhor ao espelho hoje, continuo muito triste e não sei porquê!!!

Curioso, hoje não ergui nenhuma parede no exterior bem pelo contrário mandei mais umas abaixo! eheheheh

Beijcoas sis e mais um belo texto

Ahhhh e claro muito boa música She wants revenge LOLOLOL it's c'ose of this things....move along there's nothing to see here hummmm muito me diz esta escolha musical!!!!

Hod disse...

Todas as paredes erguinadas em volta de cada um em algum momento deveram cair. Alguns removem tijolo por tijolo levando uma vida inteira. Outros percebem a possilibilidade de existir uma porta, mas não a localizam. Uma minoria, recebem uma chave e por medo não querem sair de dentro do muros que contruiram. Uma outra minoria irá tentar explodir os muros e os estilhaços sobram para todos ao redor.

Forte abraço e boa semana pra ti.

Hod.

IdoMind disse...

Sis

Ainda bem! Abaixo as paredes. A única coisa que fazem é dividir.Separar-me (nos) de ti, dos outros.
Como uma ligadura apertada que impede a circulação.

Acho que não foram os sonhos. Ando meio desiludida comigo. Isto sou eu a ralhar comigo.
Assumo aqui que sou uma farsa. E começo o caminho da busca de quem eu sou.
Estou determinada a isto. Tenho uma coisa gira para te contar.

Obrigada sis, achei que o texto não estava grande coisa mas paciência foi o que saiu.

Ah pois é! She wants revenge!

beijos mana amo-te muito muito

IdoMind disse...

Hod

Que lindas as tuas palavras.
Olhando à nossa volta é exactamente isso que vemos. Cada um a lutar com as paredes à sua maneira.
Eu, talvez, seja a que remove tijolo por tijolo...
vermos a parede já é um grande passo. E estarmos dispostos a fazer alguma coisa quanto a isso, o príncipio de algo maravilhoso - da voz á alma emparedada...

beijos Hod e obrigado pelo belo comentário

Viajante disse...

Olá IdoMind

Se as palavras fossem armas eu diria que este texto é um míssil dirigido a um coração hipócrita.Ou a um cego ou ainda pior a alguém que não quer ver
Beijos
O Viajante

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