maio 10, 2010

Uma questão de talento





Se ao menos não fosse tão teimosa. Se ao menos as minhas raízes não fossem tão profundas. Se eu conseguisse agradecer sempre e ver para lá da curva para onde me dirijo. Se eu não fosse tão forte e quebrasse de vez em quando expondo esta fragilidade revestida de ferro.
Se eu chorasse à tua frente…
Se eu te dissesse como são longas algumas noites…
Que há uma imensidão de coisas que não entendo. E te pedisse para ficares mais um bocado. Que bebesses mais um café e me ajudasses a ouvir-me enquanto falo para ti. Tu que me reflectes para eu me veja feita de branco e de preto. Parte nuvem, parte terra a querer subir  com os pés amarrados pelo medo de largar.
Se eu te mostrasse a miúda que mora em mim…

A curiosa que fala com estranhos. Que quer espreitar o que vai nas outras cabeças. A que nada teme. A miúda ingénua que não sabe o que é julgar. Nem julgamentos. E em todos encontra o Sol.
Ser grande é deixar de dormir com os olhos abertos. Eu sei. Mas gosto tanto de me sentar no chão. Andar descalça. E de vez em quando não fugir da chuva que cai de repente. Continuar na mesma passada a sentir as gotas molhar-me a roupa sem pensar em constipações ou em aparecer encharcada no trabalho. Adoro gelado.

Um dia podíamos tirar a tarde e irmos comer um. Sujar as mãos todas e partilhar um segredo. Correr sem ser no ginásio ou para emagrecer. Fazer um pacto… de sermos miúdos um para o outro. Dizer sempre a verdade. Perdoar rapidamente. Viver como aventureiros do grande futuro que inventamos agora.
Não me sabias aventureira, não é?
Mas também se sobe às árvores de fato e salto alto.Também se brinca maquilhada. Se olhares para lá da mulher que te mostro, poderás ver-me aos pulos a convidar-te para vires sonhar.

Talvez tenha de dizer-te aquilo que espero que adivinhes. Não acreditar tanto que estás a percebes o filme e colocar legendas.
Melhor ainda. Levantar-me da cadeira de onde assisto a vida passar e realizar a minha própria história.
Há um papel para ti… Podes ser homem ou miúdo.. Mulher ou miúda. Advogada, astronauta ou bombeiro. Podes ser aquele amigo que me segue até onde a Terra acaba ou o desconhecido que me sorri no metro das 8h10m. Podes ser o amor da minha vida. Podes ser o amor de muitas vidas. Podes ser eu a ser outra coisa.
Podemos ser felizes.
Afinal a felicidade não está no meu, nem no teu desempenho mas no simples facto de estarmos aqui, neste momento, um com outro a participar noutro episódio… 
IdoMind
about directing

2 comentários:

Marisa Borges disse...

Seja lá a quem for direccionado este convite é um grande sortudo/a.

Ter a tua coragem ao nosso lado é um privilégio, mesmo que a não vejas ela está lá e revela-se muito bem em defesa dos outros.

Mais um belo texto, ao jeito da tua criança!!! :****

This life that holds so many colours!!! Hope we can always see them!

love ya!!!

Viajante disse...

Olá IdoMind

Afinal tu tens a resposta. Basta encontrares essas palavras que dizes não terem sido inventadas. Ja foram. Procura-as elas são como arietes derrubam as muralhas que por vezes nós erguimos à nossa volta e nos impedem de ver a luz do sol

Um abraço

O Viajante

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