“E se um desconhecido de repente lhe oferecer flores?”
Ficava tudo tão cor-de-rosa cada vez que passava este anúncio. Nunca nenhum estranho me ofereceu flores. O que não me roubou a esperança. Acredito em tudo o que é maravilhosamente inesperado. Que nos vira ao contrário quando já só olhamos mas não Vemos. Conhecer um estranho pode ser, só por si, um maravilhoso presente. Mesmo que não traga flores à vista.
O planeta está a encolher mas as pessoas estão a afastar-se. Ficam tão longe, que se perdem de vista. Dispersam-se. Esquecem-se de gostar umas das outras. De se apreciarem. Optam por nadar à superfície receosas de mostrar a sua própria profundidade. Ninguém está interessado em conhecer ninguém. Traz problemas, exige tempo, tomadas de posição que ainda não somos capazes de tomar. Nem queremos. Falamos tanto mas dizemos muito pouco. Ou mesmo nada. Como convém.
Já fui assim, medrosa. Com medo de todos. De não gostarem de mim. Mantinha as minhas ideias apenas minhas, porque até nem eram grandes ideias. Eu não tinha nada de Grande, aliás…E com medo de ser pisada, mais de metade da minha vida foi passada escondida dos olhos do mundo. E dos meus...
A perda trouxe-me a valentia. Fiz-me visível. Fiz-me audaz o suficiente para entender, entendendo, que viver é uma bênção. E temos a obrigação de a viver bem. De ir para onde ela nos chama. Ou pedir-lhe que nos acompanhe no rumo que perpétuamente definirmos.
Hoje, e porque pressinto que morrerei de velhice, concedo-me o pequeno prazer de falar com toda a gente. Distribuo sorrisos, não guardo a simpatia só para os sei que a merecem, respondo sempre com gentileza sem pensar se vou acabar cortada aos pedaços nas traseiras de um carrinha ou ofendida por palavras menos educadas. Até porque é quem nos é mais próximo que mais mal nos faz…e que sabe com que palavras nos ofender.
Largaram-me há muito as preocupações sobre a impressão que vou causar ou não. E esforço-me por agradar apenas à cozinheira do sítio onde almoço porque ela mexe com a minha comida. Todos os cozinheiros são temperamentais e gostam que lhes agradem. Já que vou ingerir o fruto do trabalho dela prefiro que venha temperado de Amor.
Entendi ainda que só cresço na medida em que faço crescer. Para isso é preciso largar a mesa do canto, o dia semanal da limpeza, o telefonema obrigatório de domingo ou o almoço impreterível em casa dos pais, sogros e afins…
Eu adorava a minha professora da primária. Mas a professora Lurdes não tinha mais nada para me ensinar. Nem conseguia ainda que quisesse. Tive de largar a minha sala de aulas e aventurar-me no temível preparatório. O meu medo só foi superado pela ânsia de conhecimento. E foi assim que avancei. Todos nós só avançamos quando largamos as nossas salas de aulas e nos lançamos na aventura de conhecer outros professores. Aprender outras disciplinas. Chumbar. Tentar de novo. Desistir…Reconhecer as nossas limitações e inventar outros sonhos. Ser bem sucedido e voltar a largar. Satisfeitos connosco. Maiores. E a seguir, prosseguir…Assim, até ao fim.
Em cada estranho está o professor por reconhecer. O amigo por descobrir. O desconhecido é só o disfarce da Oportunidade. Da Nossa oportunidade de também nos re-conhecermos, descobrirmos e, prodigiosamente, avançarmos. Cuidado. É fácil protelar o degrau a seguir, mas não sai barato.
Eu prefiro o risco de uma má surpresa de vez em quando que uma vida pouco surpreendente.
Quero-a encantada de gente diferente, divertida ou nem por isso, inteligente ou bons a enganar, emocionais ou sovinas com as lágrimas, generosos ou a caminho disso... brancos, pretos ou nem uma coisa nem outra.
É na diversidade que desenho a minha individualidade. Que me escolho.E gosto de muitas opções. Amplas e variadas.
Quero-a encantada de gente diferente, divertida ou nem por isso, inteligente ou bons a enganar, emocionais ou sovinas com as lágrimas, generosos ou a caminho disso... brancos, pretos ou nem uma coisa nem outra.
É na diversidade que desenho a minha individualidade. Que me escolho.E gosto de muitas opções. Amplas e variadas.
Mantenho a ânsia de conhecimento e só o tenho encontrado no que não conheço...
IdoMind
about movement
1 comentário:
Corcordo contigo em cada palavra. E faço minhas as tuas palavras, pois mais vale tropeçar e cair do que viver confortávelmente sentada na cadeira da nossa varanda olhando simplesmente quem passa com receio de quebrar algo em nós, deixando de viver todas as aventuras e desventuras que a vida anseia por nos ofertar.
Também já passei por essa metamorfose onde se tem receio do que se diz e do que se faz, mas a nossa missão acima de tudo é sermos quem somos na íntegra, por isso os nossos defeitos também são valiosos, não há que temer seja o que for.
Beijos c mtas saudades
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