julho 27, 2009

Causas, efeitos e defeitos


Não me sinto uma folha e sei que a vida não é o vento que me empurra ao acaso.
Não vou cair naquele lugar onde o seu sopro deixa de ter alcance. E também não vou permanecer lá caída até que a direcção mude e uma brisa ou uma ventania venham de novo, erguendo-me do chão.

Não me sinto uma boneca emaranhada em cordéis, manobrada e comandada por mãos que não as minhas próprias. Os meus risos e os meus choros encontro-os na volta dos meus gestos. Das minhas palavras. Das minhas omissões.

O sol e a chuva dos meus dias revezam-se ao ritmo dos meus tempos. Daquele em que agradeço, comovida, por ser parte. O tempo em que sou mais pequena. Em que me encolho sobre mim e volto à posição fetal. A cabeça dobrada atrás de um par de braços cruzados, aguardando o inevitável nascimento. E vem o medo. Do que está lá fora. O medo de não conseguir. O medo de esquecer o caminho para casa. O medo de nunca, verdadeiramente, nascer.

Estes são os tempos em que me convenço que sou um pirilampo sozinho numa noite escura. Mantendo a minha luz apagada porque quem sabe o que pode ela iluminar ou revelar.

O medo mais uma vez. E lá vou esvoaçando, como acho que posso, tropeçando nas árvores e magoando as asas. Frágil e às cegas, lá vou eu sozinha, negando a claridade. A mim e ao que no escuro caminha igualmente aos tropeços porque eu não cumpro a minha tarefa. Que é simples. É só acender a lâmpada.

Eu sou o que quero ser. Eu vou para onde quero ir. Chego como quero chegar. Com quem quiser vir comigo. Eu sou as paragens. Eu sou a dor nas pernas e o desalento escondido nas subidas íngremes. Eu sou as decepções.
Eu sou o recomeçar. Eu sou os mil despertares depois de cada parto difícil. Eu sou a cria e o criador.
E é por isso que sou o beijo depois da discussão. A desculpa depois da ofensa. A carta perfumada no pára- brisas depois das palavras agrestes. O jantar de família depois do orgulho estúpido.

Eu sou o barquinho que depois da tempestade se vê navio.
Eu sou um pirilampo que se iluminou e afinal só viu AMOR…


IdoMind
about growing up

9 comentários:

Marisa Borges disse...

Hum...IdoMind linda pirilampo

sinto uma tristeza grande nessas tuas palavras, mas há algo de diferente nelas.

Em tempos esta minha irmã ficaria na posição fetal à espera dos ventos, mas esta que agora se abre ao sofrimento sabe que ele inevitavelmente acabará por passar. Já não aponta o dedo ao destino, sabe que ela é a causadora de tudo. Resta agora descobrir a faísca que há em ti apra reacender a lâmpada mágica.

Há alturas em que temos e devemos mesmo de abraçar a dor, senti-la como uma força de transformação.

Creio que o desafio foi ultrapassado, a aprendizagem foi realizada, só falta colocá-la em movimento.

Mais uma vez nos ofereces palavras mágicas, das quais já sentia saudades. Este texto é pura magia, pois elas vêm daquele lugar onde tudo é possível.

Bem-hajas por ser assim tão humana e vulnerável por isso mesmo. Tocaste tão dentro de mim...

amo-te

Marise Catrine disse...

IdoMind,

Já tinha saudades ;)

Pouco há a dizer. Apenas que me identifico muito contigo. Quem te conhece bem já se deu o sábio conselho, a Shinita do Tau.

Continua a iluminar-te.
Beijocas

Viajante disse...

Olá IdoMind
Pirilampo sem luz é como o dia sem sol ou a noite sem lua. Diz a lenda que para acender a lâmpada e fazer sair o génio basta esfregá-la, depois é só fazer os três pedidos.
Vá lá acede a luz não para veres o que tens à volta mas porque eu gosto de ver certas pessoas a brilharem

Hazel Evangelista disse...

Conheço a mana Catita da direita!!!
Estão as duas muito giras!

Gostei muito do teu post, IdoMind.
E o teu blog está lindíssimo!

Vocês, manas loucas, baralham-me. Afinal, são 2 ou 3 manas?
Sei que há uma que faz anos no mesmo dia que eu (5 de Maio), com a qual até falei nesse dia. Foste tu?

IdoMind disse...

Minha irmã

assim é, quando a dor vem é abraçá-la porque nos diz que estamos vivos e que sentimos as coisas.
Já está a melhorar...e logo logo vou estar pronta para a próxima paulada ;)

Obrigada meu coração por bateres dentro do meu peito. Sempre. Durante todo este tempo.
Obrigada pelas duas últimas semana.Estou muito orgulhosa de ti, não me deste nenhuma galheta nem nada..lol

Amo-te

IdoMind disse...

Marise The Brise

Como pirilampo que também és, não esqueças da luz dentro de ti...
Temos de nos encontrar.Gostava tanto!

Mil beijinhos meu doce

IdoMind disse...

meu Viajante

acabei de chegar do nosso almoço ajantarado e como estou que não posso vim responder a tudo o que tenho em atraso.

Já estou mais iluminadita...para aí uns 30w, mas para o final da semana devo atingir os 100w.

Obrigada pela tua frase final...

um abraço meu amigo

IdoMind disse...

Hazel,

bem vinda e fiquei bem feliz por gostares do jardim.

Esclarecimentos:
1. a catita da esquerda sou eu, touro do dia 5/5 (nota-se aliás pelo ar a realeza e a beleza subtil mas sensual...)
2. quanto ao número de manas, o meu pai veio dos Açores e não sei nada àcerca dos seus tempos de juventude na Ilha, mas até onde sei somos só duas irmãs, eu e a Shin.

beijinhos

Hazel Evangelista disse...

ahahahahah
Já me fizeste rir! Gostei do sentido de humor!

Pronto, estou esclarecida.
E cheia de inveja de vocês; também adorava ter tido uma irmã.
Nem sabem a sorte que têm!

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