julho 17, 2009

Por dizer

Tenta fechar os olhos e sentir-me. Não me vejas. Não olhes para esta pessoa que demorei um vida a construir, porque essa não sou eu. Precisei de me armar. De reunir instrumentos para a luta que imaginei existir. Precisei de criar defesas.
Mantive o castelo limpo de adversários. E de tudo o resto também.


Fui percebendo que era um castelo triste e vazio, assombrado pelos ecos de todos que gritaram lá fora para entrar. Não era seguro abrir os portões da fortaleza. Que cavalos de Tróia poderiam estar preparados para mim? À cautela fui mantendo a porta fechada e o chão da minha casa intacto a pés alheios.

Se eu soubesse que a casa é a soma das pegadas dos que amamos e deixamos de amar. Dos que nunca vamos esquecer. É o último degrau que range e denuncia o nosso regresso tardio. É o lugar que guarda as memórias das palavras precipitadas. Das lágrimas sentidas. Da queda que deixou aquela cicatriz. Da tarde em que me rendi ao mundo e adormeci num colo.
Quero-te aqui comigo, no alpendre, a beber vinho e a falar da vida. Mas ainda não consigo receber-te. Pudera eu explicar esta fronteira invisível que demarca os limites de mim. E vivo assim em conflito comigo, desejando mas resistindo. Querendo mas negando. Amando mas afastando…
Pudera eu falar-te como escrevo, com a alma.
Tu de olhos fechados e eu de alma solta. Perceberias então que a cabeça que não repouso no teu ombro, só pensa em ti. Que o coração que não te dou, já é teu. Que está a ser difícil…
Atrás de todas as gargalhadas descontraídas, que uso para me distrair da força que me chama para ti, atrás delas, estou lá eu a pedir-te que me abraces. Rápido. Por favor. Que me abraces como se tivéssemos nascido embrulhados um no outro. E que me deixes ficar assim, embrulhada a ti, apenas por mais algum tempo. A sentir-te.

Pudera eu dizer-te todas estas coisas. Mantenho-te na ignorância do que passa dentro de mim e faço-te perder nas dúvidas e no medo. Eu sei.
Porque também tu estás a aprender a abrir portas, do teu castelo vejo apenas a torre, onde estás tu, largado, à minha procura. Ou à minha espera…
IdoMind
about you...

7 comentários:

Viajante disse...

Olá IdoMind

Bom tenho de reconhecer que este é daqueles textos que para alem da forma de escrita bem caracteristica da IdoMind, e da qual eu sou fan incondicional, nos dá a conhecer a verdadeira IdoMind.
Só nos resta ler, sentir e ser feliz por conhecer um ser humano tão real, tão vulnerável mas que tem consciência dos seus erros e conhece o Caminho.
Fiquei extasiado

Beijinho

O Viajante

Marise Catrine disse...

Doce Jardineira,

Algum dia, mas algum dia mesmo, vão acabar por se encontrar...

;)

Beijocas da Brise

IdoMind disse...

Já tinha saudades tuas.Que é feito de ti?
Pois é, há dias menos fáceis que outros. Há dias em que disfarçar não é tão simples. Desde ontem que estou a ter esses dias e saiu isto.
Obrigada pelo teu apoio.Não há com um Touro para perceber outro ne c´est pas?

beijos amigo

IdoMind disse...

Marise, Marise

Nós já nos encontramos, o pior é o resto...

Mil beijos meu anjo

Marisa Borges disse...

Marise

O pior é o mental a tomar conta da coisa!!!

Gostava de poder falar contigo IdoMind!!! A mana está aqui deste lado a bater com o pé no chão de mão na anca, há espera para te lembrar o óbvio!!!

Marise Catrine disse...

IdoMind,Há encontros e ENCONTROS.A Shinita terá razão... já vejo. O mental a funcionar acelarado (só pode ser a influência do "Mind"). Toca a ir ao encontro da mana. Andor!! Xô!;)Beijocas. Força!Beijocas

IdoMind disse...

Shin e Marise,

A Mind tem de pintar alguma coisa senão sabe Deus ond evou parar! Há "quereres" aos quais não tenho direito porque não interferem apenas com a minha vida.
Mas obrigada por keeping me on track
Love you both

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