maio 25, 2009

Três

Pergunto algumas vezes quem sou. Acho que todos o fazemos. O peso da vida, aqueles vazios no peito e os acasos que nos viram ao contrário, tornam-nos filósofos uma vez ou outra.
Reparo então que estou cercada de mistério, que não estou certa de querer desvendar. Pode esmagar-me o peso da revelação. Sinto-me a criação estranha de umas mãos geniais, cujo calor em dias menos luminosos vem murmura-me a esperança.
Deixo de sentir o chão quanto submerjo nisto de entender do que sou feita. Apalpo um espaço sem forma entre mim e tudo o resto onde eu não sou verdadeiramente eu, mas outra coisa qualquer. Maior. Parte de um todo que não me lembro.


Ninguém nos faria engenhos tão perfeitos apenas para o combate diário contra nós mesmos, os outros, o que se vê e o que não se vê. O combate do qual nunca desistimos apesar das feridas, da profundeza de alguns golpes, da perda de partes de nós em batalhas que nunca esqueceremos. Um instinto mais forte leva-nos a desbravar a dureza da experiência escolhida, planeada, mas que aqui se fez esquecida.


Somos a ponte entre o efémero e o eterno e somos a própria travessia. Somos o primeiro e o último passo no círculo das vidas. Somos começos sem fim.
Sentimo-lo a cada morte e a cada nascimento. Nascemos para morrer? É só isso? Chegamos com um grito e vamos num suspiro ou também a gritar? Resume-se a nossa vida à soma de refeições,empregos, namorados e filhos que tivemos? Mas e esta sensação de propósito? Este pensamento obstinado de que tenho algo a fazer. Alguém para conhecer.Um livro para escrever. De onde vem isto?


Todas as respostas que a mente fabrique, o coração rejeita. Deve por isso ainda haver outra parte de mim. Uma que nem sempre tenho consciência mas que será a me liga do solo às nuvens e para lá delas. A que dá a coesão. Sentido.
Aquela parte que me deixa todas as noites para voar por sítios onde o corpo não pode chegar. Aquela parte que me põe a dormir para poder regressar ao país onde os cães falam, o meu pai usa saltos altos e onde há sempre estranhos com enormes relógios de bolso que vêm perguntar-me as horas. O país dos sonhos.
A terceira parte. A que viaja. A que sempre viajou. A que tem o diário das nossas partidas e chegadas. Das nossas paragens. Das estadias e dos albergues onde procurámos o conforto de um lar. A terceira parte, o espírito. O que une o que vivi àquilo que sei.
É no meu espírito que reside a resposta. Pudera eu entender a sua língua para que a paz descesse sobre mim e não mais importasse quem eu sou, mas como quero sê-lo.
Cada passo seria suave. Cada decisão uma graça. Cada pessoa um irmão. E no fim tudo tinha valido a pena.

Tenho esta vontade, crescente dentro de mim, de ser mais. Um relance fugidio da divindade que me carrega aqui. Sinto-me quase sagrada. E sei, por instantes, que sou um milagre.Toco a tua essência, meu espírito. As lágrimas querem correr tal é a força do meu encontro contigo.E deixo de ser eu para passar a sermos nós. É tão bom sentir-te comigo, velho amigo. A carga não é tão pesada quando estás por perto. Deixa até de ser carga.

Ensina-me, por favor, a reconhecer-te. Para que eu pense bem. Para que sinta com pureza. Para que aja com despreendimento. Para que tudo em mim seja em nome do Amor Maior.

Preciso de ti para que a minha missão se cumpra com leveza, com alegria.Vamos combinar um sinal para que eu saiba, nas horas das minhas dúvidas, que és tu quem pisca essa luz conduzindo-me pelas tempestades da minha vida.

Este sinal é nosso e será a nossa promessa de unidade eterna.

IdoMind


about the parts of the All

4 comentários:

Viajante disse...

Olá IdoMind

Numa tarde de Verão estavamos num baile quando o Dj anunciou o novo disco dos PinkFloid "Wish You Were Here". De seguida pôs o disco a tocar e achamos a musica tão sublime que não fomos capazes de dançar e ouvimos a musica até ao fim. Depois ele teve de colocar a musica de novo desde o inicio.
Quando li este seu texto não me chegou lê-lo quis saboreá-lo entrar dentro das suas palavras.

Qualquer dia faço um colar

Um beijinho

O Viajante

Anónimo disse...

Três é um número forte em esoterísmo. A triáde da Deusa.

Pareceu-me que tu pedia ajudas agora no fim. Espero que não.

De qualquer maneira, espero que o "amigo" corresponda ao entendimento dos teus sentimentos.

Direto do Brasil.
Beijos moça sumida.

IdoMind disse...

Meu Viajante...

Fico sem saber o que dizer.
Não se fique pelo colar, faça TUDO que a alma lhe pede. E um dia aquele que viaja fará a maior viagem de todas - descobre-se.
E que grande continente que é...

Um beijo muito grande

IdoMind disse...

Léo lol lol

Que amigo, rapaz?!?!
Estava a falar para o meu espirito.É o único que ainda me ouve...lol

Mil beijocas Léo apaixonado

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