junho 10, 2009

Hoje vi Deus - Armado em químico

Esta semana Deus andou a fazer das suas.
Vi-o em muitos lados e ouvi-o em muitos lábios. Estava ansioso por me levar ao sítio marcado desde sempre. Está quase a conseguir.
Foi nas coincidências que Ele mais se mostrou. Atrasou-me várias vezes apenas para que eu me encontrasse com várias pessoas. Fez também que outros se atrasassem para que me encontrassem. Ontem levou-me uma amiga para que eu ouvisse acerca da insatisfação.

Esta amiga é um raio de sol. Bonita por fora e por dentro. Em todos os anos que a conheço acho que nunca a vi num dia cinzento.Começámos a falar de nós. Perguntou-me se havia novidades, levantando as sobrancelhas e esboçando aquele sorriso oblíquo que atravessa a face. Sabem, o conhecido por sorriso malandro. Portanto já perceberam a que tipo de novidades se referia. Ri e respondi-lhe que o meu príncipe com certeza tinha sido atropelado e estava para aí caído numa valeta qualquer! Ou então vem de burro!
Por sua vez, ela confessou-me que não andava muito bem. Está presa a um dilema que a enreda de tal forma que deixou de lhe ver a ponta e o fim. Adora o marido. É o seu melhor amigo, é com quem conta e a quem conta tudo, mas…
Aquele “mas” sinónimo de “ e de que vale tudo isso?”.

Sente falta de sentir. Gostava de voltar atrás, há 10 anos, quando esperava cheia de saudades que a sua laranja-metade chegasse a casa. Ao tempo em que ainda perdia muitos minutos embevecida a olhar para ele apaixonada por cada traço e por cada marca.
Agora já não é assim. Gosta quando ele está, mas não espera que ele venha. Fazer amor continua a ser bom, mas perdeu o gosto a sagrado.
Não sabe se é só uma fase ou se este desassossego é o princípio de alguma coisa mais séria. Não ajuda o facto do marido ter sido o único homem com quem esteve. Agora nos seus trinta e poucos assaltam-na umas vontades esquisitas… Com as quais não está a saber lidar.
Íntegra como é, conversou com o marido sobre estas angústias, que ele não só ouviu, como compreendeu. Mostrou-lhe o cartão verde para decidir o que achasse melhor para ela. Entendeu também a vontade de estar com outras pessoas embora ele não a sentisse.

Vi Deus numa mulher insatisfeita. Apesar de já ter visto muitas mulheres insatisfeitas, nunca vi Deus em nenhuma delas. Acho que Ele só se mostra naquelas que são valentes o suficiente para o receber. Não é fácil convidar a verdade.
Vi Deus na nudez dos nossos desejos inconfessáveis. Na impermanência que nos nega a imobilidade.
Pensei por bastante tempo na odisseia emocional da minha amiga. Não soube muito bem o que dizer-lhe porque eu vivo ao som das batidas do meu coração, mas outros escutam o ritmo vindo de outros lados. Provavelmente eu afastar-me-ia por uns tempos para me perceber.Para sondar dentro do meu peito a causa das suas inquietudes. Se me conheço, não conseguiria voltar a fazer amor até que me sentisse sagrada de novo. Eu acredito que o sexo é uma porta para dentro de nós, e não só no sentido literal.
Descansem, não me perdi no raciocínio A loucura foi ontem...
Vi Deus neste desabafo entre duas amigas, uma delas com uma relação estável e segura e a outra mais volátil e livre que o próprio vento. Uma a querer o que a outra tem e nenhuma satisfeita.Talvez seja a condição humana. A busca incessante só pelo prazer da busca.
Mas a felicidade é uma recompensa individual, conquistada a cada decisão consciente que nos coloca mais e mais perto de quem somos. E do nosso objectivo. Do propósito que nos trouxe aqui. Para que possa ser partilhada, a felicidade tem de primeiro ser encontrada numa cruzada que é feita a sós.

Não há fórmulas mágicas para ser feliz. Os ingredientes estão todos cá e à disposição de quem quiser ser o mago da sua própria vida. Cumpre-nos escolhê-los. Fazer as misturas que entendermos, certos que uma ou outra má combinação nunca será fatal e que nos enriquecerá de conhecimento. Aprenderemos que certos elementos simplesmente não ligam, enquanto que outros operam maravilhas quando unidos no mesmo tubo de ensaio. Aprenderemos sobre as reacções. E decomposições
Depois é só experimentar. Sem o fazer ficaremos para sempre confinados às fórmulas dos outros e às quais poderemos ser alérgicos. O primeiro sintoma é uma fome que não acaba, por mais que se coma. Segue-se um desconforto, onde quer que se esteja, com quem quer que se esteja.
Se for o caso, recolham-se ao vosso laboratório e comecem a preparar o antídoto, porque também somos os nossos curandeiros. Recompostos e curados lancem mão à vossa receita, experimentem-na e sejam muito, muito felizes.

Hoje vi Deus numa mulher com fome e desconfortável e lembrei-me que sou maga.

IdoMind

about what I want

6 comentários:

Anónimo disse...

Ahhhhhhhh moça Ido Mind.

Você e tua irmã estão em falta comigo hein...

Oh... verifiquei tudo o que podia verificar sobre o que poderia estar te bloqueando no meu Blog. Comunico-lhe que eu abrí o meu blog... agora ele está sem moderação. Tenta agora...

Sinto tua falta moça.

Direto do Rio.
Beijão.

Marisa Borges disse...

Pois é IdoMind,

o teu Deus faz destas coisas. O meu não!!!

Cda vez mais sinto que o meu coração me leva ao Amor Livre, que os contratos de exclusividade não fazem qualquer sentido.

Acho que a tua tarefa de ver deus numa situação dessas foi ousada.

Beijoca que hoje vou ver Deus na Igreja (só a Carol para me fazer destas)

Viajante disse...

Olá IdoMind

AS relações são situações muito complexas. Podem ter por base uma atracção, ditada por mediadores químicos ou apenas uma proximidade, mas são sempre construções. E como tudo o que construímos elas correm o risco de mais tarde ou mais cedo se "desconstruirem".
Numa relação romântica A necessidade de dar um tempo para pensar, na minha opinião, é algo contraditória porque a questão normalmente não é pensar é sentir.
Na pratica uma relação implica proximidade, cumplicidade, sentirmos as vitórias do outro como nossas, vontade de seguirmos o caminho de mãos dadas e estarmos sempre prontos a descarregar um rio de carinhos sobre o outro não porque devemos mas porque nos "apetece",
Claro que por vezes, por circunstancias diversas da vida as relações acabam. Temos que manter a recordação de tudo de bom que elas tiveram, é importante para o nosso equilíbrio e ter a coragem de "sair" antes de perdermos o respeito por nós próprios.

Um beijinho

O Viajante

Anónimo disse...

Saber ouvir é um dom valorizado e compreendido por poucos. As vezes aconselhar não é o melhor remédio... Apenas ouvir já é uma ajuda.

Ah diferentes reações em se tratando de vida amorosa... cada qual reage de uma forma... não dá para implementarmos os nossos pensamentos a outras pessoas, ao fazermos isso estamos impondo nossas vontade e desejos e ferindo emocionamente a pessoa.

Portanto ouvir é tudo o que temos a oferecer nestas horas de ombro amigo.

Direto do Brasil.
Varrendo todos os post's da moça Ido Mind.
Beijos linda.

Marise Catrine disse...

(suspiros)
Este jardim deixa-me sempre assim... a pensar na vidinha.
Tenho uma gotinha de amor no meu blogue à tua espera.

Beijos

(tanto polen inalei que até saiu o achininin na verificação de palavras. LOL)

Marcia Toito disse...

tem tantos que gosto, mas este é com certeza o que mais gosto!!

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