Por pouco não chegava a tempo de vos falar como vi Deus.
Será a rubrica das quartas-feiras. Já vos falei desse meu hábito de escrever no diário aquele momento que por um motivo qualquer me tocou particularmente e onde “Vi Deus”.
Será a rubrica das quartas-feiras. Já vos falei desse meu hábito de escrever no diário aquele momento que por um motivo qualquer me tocou particularmente e onde “Vi Deus”.
Hoje Ele esteve comigo por todo o lado. Deus tirou folga do Céu e veio até ao Oeste.
Começou cedo a sua visita turística.Logo pelas sete e pouco da manhã, a carregar mobília guardada na garagem de um amiga. A mobília do meu primeiro escritório. A que comprei logo após o estágio, com os poucos trocos que tinha, há tanto tempo atrás. Hoje voltei ao início. De novo a minha mobília se viu de pé, desimpedida dos papéis, plásticos e fita adesiva que a protegeram todo este tempo. Orgulhosa e resistente. Para minha surpresa, também bastante actual. Móveis montados, foi a vez de desempacotar processos, papelada e trinta mil quilos de inutilidades que acumulei nestes anos de profissão.
Tudo para o lixo. Estou tão contente comigo. Fui capaz de rasgar, de amassar e de deitar fora…
Encontrei vestígios de uma vida anterior, aquela que vivi antes de saber quem era. Registos da mulher que fui antes de me tornar criança e doida.
Uma colecção de multas de estacionamento do meu ex-marido, religiosamente guardadas na esperança que ele um dia me devolvesse o dinheiro. Cartões de Natal de alguns clientes, agradecendo ter sido alguém como eu a ajudá-los.Um desenho do amor da minha da vida, a minha priminha, que me pintou cheia de corações atrás da secretaria no meu primeiro escritório. Mantive este desenho pendurado todo o tempo que lá estive e que depois guardei quando sai e fui para outras paragens.
Vi Deus em todas aquelas fases da minha vida. Na paciência com “aquele cujo nome não dizemos” (o meu ex-marido), na confiança e no carinho dos clientes que se tornaram amigos até aos dias de hoje. Na ligação intemporal com a minha menina.
Uma colecção de multas de estacionamento do meu ex-marido, religiosamente guardadas na esperança que ele um dia me devolvesse o dinheiro. Cartões de Natal de alguns clientes, agradecendo ter sido alguém como eu a ajudá-los.Um desenho do amor da minha da vida, a minha priminha, que me pintou cheia de corações atrás da secretaria no meu primeiro escritório. Mantive este desenho pendurado todo o tempo que lá estive e que depois guardei quando sai e fui para outras paragens.
Vi Deus em todas aquelas fases da minha vida. Na paciência com “aquele cujo nome não dizemos” (o meu ex-marido), na confiança e no carinho dos clientes que se tornaram amigos até aos dias de hoje. Na ligação intemporal com a minha menina.
Já vivi tanto… Hoje apercebi-me disso. E agradeci.
Enquanto punha ordem no meu novo lar profissional, dei de caras com uma coincidência extraordinária: faz precisamente hoje nove anos que fiz a prova que me permite o exercício do meu ofício. Há nove anos atrás estava diante de um júri a tremer e a rezar para poder ser o que sempre sonhei ser. E que consegui. Nove anos depois desse dia tão especial, estava de chave de fendas na mão a lutar contra uma estante no meu novo escritório. Achei incrível. Vi um sinal do céu a dizer-me que tudo estava no devido lugar. Assim que acabei de ter este pensamento, e enquanto continuava a ordenar a papelada, dou com um envelope com 30 Euros dentro. O dinheiro que algum cliente me enviou mas que me já esqueci para que seria. Ri comigo e pensei “Estás certa, tudo está no devido lugar. Por pensares bem toma lá esta recompensa.”…
Voltei a ver a Deus. A mostrar-me os ciclos das coisas. Que por vezes andamos à roda para voltar ao ponto de partida, mas com um entendimento maior. Compreendendo e aceitando o que nos acontece. Aprendendo acerca do propósito de tudo. Voltei a agradecer.Agora comovida.
Cansada, toda suja, empoeirada, mas leve como uma pena, fui surpreendida pela visita de dois amigos.
Sabiam que estava de mudanças e antes de irem jantar, mesmo depois das muitas horas de trabalho, foram ter comigo para me ajudar. Sem que eu pedisse ou dissesse o que quer que fosse… Sorridentes e com a boa vontade que há muito tomou os seus corações de arrendamento, arregaçaram mangas e carregaram caixas do arquivo morto, livros, códigos, varreram o chão e ainda me levaram a jantar.
Três doses de sardinhas e duas garrafas do tinto da casa… Viva a Vida! Viva a Vida que será sempre abençoada para quem tem amigos de verdade.
E vi Deus. Neles vi Deus na sua expressão mais pura: na dávida desinteressada. Na amizade sincera. Nas mãos que nunca estão cansadas para ajudar.
Vocês não vão ler este texto, mas escrevo-o para que testemunhe o meu eterno agradecimento pelo vosso gesto e por esse amor que têm por mim. Obrigada, meus queridos amigos.
Sabiam que estava de mudanças e antes de irem jantar, mesmo depois das muitas horas de trabalho, foram ter comigo para me ajudar. Sem que eu pedisse ou dissesse o que quer que fosse… Sorridentes e com a boa vontade que há muito tomou os seus corações de arrendamento, arregaçaram mangas e carregaram caixas do arquivo morto, livros, códigos, varreram o chão e ainda me levaram a jantar.
Três doses de sardinhas e duas garrafas do tinto da casa… Viva a Vida! Viva a Vida que será sempre abençoada para quem tem amigos de verdade.
E vi Deus. Neles vi Deus na sua expressão mais pura: na dávida desinteressada. Na amizade sincera. Nas mãos que nunca estão cansadas para ajudar.
Vocês não vão ler este texto, mas escrevo-o para que testemunhe o meu eterno agradecimento pelo vosso gesto e por esse amor que têm por mim. Obrigada, meus queridos amigos.
Com eles brindei ao meu novo início. Uma esperança inexplicável embalou-me de tranquilidade. Depois de muita água engolida, da cabeça partida e bastante ginástica, percebi que a corrente, até a mais violenta, serve apenas nos empurrar até ao nosso destino. Podemos cansar-nos e remar ao contrário. Ou descontrair e aproveitar a boleia…
Hoje, Deus tirou o dia para mim. E eu tinha que vos dizer.
IdoMind
about thanking
7 comentários:
Olá IdoMind
Antes de mais montes de felicidades para o seu novo trabalho.
Já consegui descobrir qual é o seu oficio.
Bem quanto às multas, a minha amiga já devia saber quem prevarica é quem paga. Pelo que estou a ver não só não pagou as multas como também não pagou os honorários(bem talvez tenha pago em géneros).
Agora a cereja no topo do bolo é essa ajuda acompanhada de jantar pelos amigos. Veio mesmo a calhar só faltou no fim da noite um chazinho na portagem
Beijinho grande e boa sorte Doutora
O Viajante
Parabens IdoMind!!!
Essa visita, ajuda e mimo foi mesmo coroar todo o esforco. Frutos de sementeiras antigas! :-)
Boa sorte e muita Luz!
Beijos***deFada
Se fosse há uns tempos atrás, muitos tempos atrás, ficaria chateada contigo, mas hoje não (mas tens de me dizer quem são rkrkrkrkrkrkrk)
Só posso dizer o quão orgulhosa estou de ti, por apesar de todo o caminho tortuoso e penoso para ti, chegaste onde devias ter chegado!
Esse teu Deus é grande como o caneco!!! E sabe bem do que gostas!!! Olha eu guardaria o envelope com o dinheiro para atrair mais!!!
Ontem vi Deus na forma bela como consegui ter tempo para tudo e todos!!! Menos para ti, mas até nisso recebo a confirmação de que estiveste muito bem!!!
Este Jardim está cada vez melhor!!!!
Olá IdoMind estou aqui para lhe desejar muitas felicidades para o futuro profissional.Como se costuma dizer quem tem amigos não morre na cadeia.Beijinhos.
Como diz o velho ditado, recordar é viver, mas só as coisas positivas, porque as outras só servem como aviso para não voltarmos a repetir.
Felicidades para o novo espaço e se tiveres de mudar novamente, podes contar comigo.
Beijinhos
CuCu
Lindo!
Boa sorte!
Gostei dos 30 mil quilos que jogaste fora.
Lí uma vez no blog da Bruxinha Caillean algo sobre o destralhar-se. É como se estivéssemos jogando o peso fora... Isso é ótimo.
Quanto ao ví Deus... Digo que nunca parei para análisar a minha vida como um todo. Já viví tanto também... passei por diversas situações das quais não me orgulho ao passo que sem estas situações eu não seria hoje quem sou.
Eu não vejo Deus... Estou apenas vivendo. Um dia eu paro tudo, e aí como tu... recomeço do zero. Mais ainda não é o momento. Ainda há coisas para vivenciar antes do Reestart.
Direto do Rio.
Beijos.
Enviar um comentário